https://youtu.be/M2nJqbZn6bE
O texto Você Parte o Pão? Por Que, Quando, Onde e Como? escrito por E. H. Chater apresenta o fundamento necessário à parte doutrinária. No seu aspecto prático, a Ceia do Senhor é celebrada na Mesa do Senhor (1 Co 10.21) que é, por sua vez, cuidada por homens comuns e fracos como nós, mas que o fazem com a autoridade dada pelo próprio Senhor.
Portanto, exercendo essa autoridade, somos responsáveis e exortados a julgar se aqueles que vão estar à mesa estão limpos. Isso não significa examinar o coração, que deve ser feito pelo próprio participante (1 Co 11.28), mas examinar o testemunho exterior daqueles que se dizem irmãos (1 Co 5.11).
Sendo assim, um visitante não é admitido à Ceia (embora possa assisti‑la) pois cremos que a assembléia (igreja ou reunião dos irmãos) deve cuidar para que haja separação do mal na mesa do Senhor. Nunca sabemos se um visitante é realmente convertido ou, se o for, se está vivendo em pecado. Aquele que deseja participar da Ceia, fará o seu pedido, o qual será levado ao conhecimento da assembléia.
Após um período de oração e observação quanto à idoneidade da pessoa, no sentido de não estar conectado com pecado moral, doutrinário ou eclesiástico, ela é convidada a tomar o seu lugar e participar dos símbolos (o pão e o vinho) em memória do Senhor.
Nos reunimos aos domingos, o primeiro dia da semana, ou dia do Senhor, para a celebração. Sentamo‑nos no salão de reuniões, tendo uma mesa ao centro onde se encontram o pão (um só pão ‑ 1 Co 10.17) e o cálice de vinho. Há liberdade do Espírito Santo (2 Co 3.17), e logo algum irmão sugere um hino, em seguida outro faz uma oração, outro traz algum versículo ou uma oração de gratidão, etc.
É evidente que não há uma ordem específica ou pré‑determinada para as coisas acontecerem, pois Espírito Santo é Quem dirige tudo. Há, porém, um horário para começar e terminar (este aproximado por razões óbvias) que é previamente estabelecido (ou "ligado") pelos irmãos, sendo aceito pelo próprio Senhor e ligado no céu (Mt 18.18).
Então algum irmão, que sentir isto em seu coração, se levanta e, dirigindo‑se à mesa, dá graças pelo pão e, partindo‑o, dá‑o aos irmãos que vão passando de mão em mão, tirando um pedaço e passando adiante até que todos os que participam da Ceia tenham comido. Então o irmão dá graças pelo vinho e passa o cálice, o qual, da mesma maneira, passa por todos que dele bebem.
Aqui em Limeira costumamos fazer uma coleta no mesmo dia, tendo os irmãos separado em casa o dinheiro, quando um saco de pano passa de mão em mão (somente para os que estão à mesa, ou seja, os que participam da Ceia). O dinheiro assim coletado é utilizado para as necessidades dos santos e para a obra do Senhor.
A Ceia é terminada com mais alguns hinos e orações, e, eventualmente, por algum irmão trazendo uma palavra conectada com o tema da morte de Cristo. Mas isto não é necessário, uma vez que a Ceia não é exatamente uma reunião para ministério da Palavra, e sim para louvor e adoração. Tudo é feito na mais perfeita ordem.
Você perguntou se existe um dirigente. Na verdade existe um dirigente, mas este é o Espírito Santo. E existe um motivo para estarmos juntos, o qual é o Senhor. É tudo muito simples quando nos sujeitamos ao Senhor e à Sua Palavra. Os homens nos dirão que é impossível, mas o Senhor tem demonstrado o contrário.
Respondendo à sua pergunta sobre o vinho, é vinho mesmo. Não havia vinho "não alcoólico" na época, pois a única maneira de se guardar o suco de uva é pela pasteurização ou então pela fermentação. Como Pasteur ainda não havia nascido, o processo era da fermentação. Seria muita ingenuidade acreditarmos que onde fala vinho devemos ler suco de uvas, pois se fosse assim, teríamos que ler Efésios 5.18 "não vos embriagueis com o suco de uva", o que não faz sentido.
Quando o Senhor fala vinho, é vinho mesmo. Evidentemente de uma qualidade diferente ou mesmo com um diferente teor alcoólico do vinho que conhecemos, e isto se deve à qualidade da uva e ao processo empregado na época para a fermentação. Mas mesmo que fosse tudo diferente, ainda assim a fermentação do açúcar contido na uva (seja ela qual for) produz alcool.
O vinho era fermentado em odres, recipientes formados por pele de animais com seus orifícios fechados. A pele era enchida com o suco de uva e deixado a fermentar. Com a fermentação, e a consequente produção de gás, a pele se dilatava aumentando de tamanho, dando a entender que o suco já havia fermentado. A pele só podia ser utilizada uma vez para fermentar o vinho pois perdia sua elasticidade. Esta é a razão do Senhor dizer que vinho novo devia ser colocado em odres novos, caso contrário o odre se romperia.
Quanto ao pão, não vejo necessidade de ser sem fermento. O fermento é um tipo do pecado. Porém o versículo em 1 Co 5.8 não está se referindo ao tipo de pão utilizado na Ceia, mas ao estado das pessoas, sem o fermento da maldade, etc., mas celebrando com os "asmos" da sinceridade e da verdade. Quanto ao pão utilizado na Ceia, ele é uma figura do corpo de Cristo e creio que um pão fermentado faz o seu papel perfeitamente.
Precisamos nos lembrar de que o pão, à semelhança de Cristo, recebeu o fermento (símbolo do pecado) mas passou pelo fogo (símbolo do juízo). Não é a qualidade dos símbolos utilizados na Ceia que importa, mas o seu significado. Se o que está sobre a mesa é reconhecido pelos presentes como pão e vinho, está resolvido o problema: todos poderão olhar para os símbolos e lembrar do Senhor morto, o vinho separado do pão assim como na morte o sangue está separado do corpo.