https://youtu.be/SpnXInk7bns
Para responder sua pergunta, vou traduzir o que encontro no Concise Bible Dictionary:
A palavra "cânon" vem do grego e significa uma "régua" ou "norma" pela qual as coisas são testadas. Ela é usada por Paulo em Gálatas 6.16 e Filipenses 3.16 (traduzida "regra" em nossa versão). No que se refere às Escrituras, o termo expressa quais os livros que deveriam ser incluídos. É por esta razão que costuma‑se usar a expressão "o cânon das Escrituras", falando‑se ainda de "livros canônicos" e "livros não canônicos". Felizmente a maioria dos cristãos não estão preocupados com tais questões. Na simplicidade cristã crêem que, na Bíblia, nada mais há do que aquilo que Deus quis que fosse escrito, e que ela contém tudo o que Ele intentou fazer parte do Seu livro. Todavia, como todas as coisas costumam ser questionadas, seria bom que examinássemos um pouco este assunto.
Para começar, a Igreja de Roma teve a audácia de declarar que somente a "igreja" poderia decidir quais livros eram canônicos. Desde a época do concílio de Cartago, no ano 400, já eram divulgadas listas dos livros e, no concílio de Trento, estabeleceram como dogma quais os livros que constituíam as Escrituras. Decidiram incluir os livros que são hoje conhecidos como apócrifos, como pode se ver na Vulgata Latina, que é a versão usada por aquela igreja. No entanto, as próprias Escrituras nos informam que os oráculos de Deus foram confiadas aos judeus (Romanos 3.2) e, como todos sabem perfeitamente, eles conservaram com o maior cuidado as Escrituras do Antigo Testamento durante séculos, antes mesmo que existisse qualquer igreja cristã. Os livros eram escritos na linguagem dos judeus ‑‑ o hebraico ‑‑ uma língua em que os livros apócrifos nunca foram encontrados. Eles foram escritos em grego e foram acrescentados pela primeira vez na Versão dos Setenta. O princípio mencionado acima ‑‑ de que as Escrituras necessitam do aval da igreja ‑‑ é falso. Com toda a certeza Deus poderia fazer uma revelação que não precisaria, de maneira nenhuma, da aprovação de um grupo de homens, por mais santos que fossem. Mas a Igreja de Roma não era nem santa, nem universal, de modo que, mesmo que tal princípio estivesse correto, aquela facção corrupta da Igreja seria a última a ser considerada como tendo autoridade para decidir.
Tem havido perigos também no Novo Testamento. Existem os manuscritos gregos apócrifos, partes dos quais eram lidos nas igrejas nos tempos primitivos. Mais tarde muitos dos chamados "pais da igreja" tiveram dúvidas acerca de algumas das epístolas. Até no tempo dos reformadores acontecia o mesmo. Lutero falou de modo desrespeitoso da epístola aos Hebreus, Tiago, Judas e do Apocalipse, como se as colocasse separadas no final de sua tradução. Calvino duvidou da autenticidade de Tiago, 2 Pedro e Judas. Nos tempos modernos, várias partes dos livros do Antigo e Novo Testamentos estão sendo questionadas. Mas a Bíblia não necessita ser autenticada pelo homem. Ela carrega as suas próprias credenciais, levando‑as até o coração e consciência do cristão no poder do Espírito Santo. O homem natural não tem competência para julgar algo assim. A Bíblia tem, sobre ela, o selo de Deus, e quanto mais for estudada pelo cristão, mais perfeita será achada ‑‑ não há nela redundâncias e nem omissões. (trad. de Concise Bible Dictionary)