https://youtu.be/XgInYdpmiTA
Você perguntou como proceder se em sua cidade ou região não existe uma assembleia de irmãos congregados ao nome do Senhor. Muitos irmãos escrevem com essa mesma dúvida, desejosos de congregar ao nome do Senhor somente, mas desanimam quando descobrem que não existe uma assembleia próxima de sua casa. Então acabam se juntando a alguma denominação demostrando que nunca entenderam o princípio de separação e dos fundamentos do que é o corpo de Cristo.
Muitos fazem isso por terem sido condicionados a receber ordens de alguém que se colocava entre eles e Deus, como costuma acontecer no meio religioso. Nos sistemas onde estavam sempre existia uma organização que pensava e fazia por eles, ficando para eles apenas a ação de se juntarem a essa organização e fazer o que seus líderes mandassem fazer. Mas a maneira de alguém agir é muito clara na Palavra, quando existe dependência do Senhor e de mais ninguém:
"Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina... Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca entoará o teu louvor. Pois não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos. Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus." (Jo 7:17; Sl 51:15-17).
Acredito que a maioria das assembleias de irmãos congregados somente ao nome do Senhor tenha começado com apenas um irmão com um coração e disposição de fazer a vontade do Senhor. Muitos desses permaneceram sozinhos durante anos até o Senhor enviar irmãos para visitá-los, recebê-los à comunhão à mesa do Senhor, e depois o próprio Senhor acrescentou outros ali naquela cidade. O exemplo de Gideão cabe aqui. Deus tinha dado a Gideão uma missão e não faltavam provas de que aquela missão vinha de Deus e que viriam dele também os recursos.
"Então, o Anjo do Senhor lhe apareceu e lhe disse: O SENHOR É CONTIGO, HOMEM VALENTE. Respondeu-lhe Gideão: Ai, senhor meu! Se o Senhor é conosco, por que nos sobreveio tudo isto? E que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? Porém, agora, o Senhor nos desamparou e nos entregou nas mãos dos midianitas. Então, se virou o Senhor para ele e disse: VAI NESSA TUA FORÇA e livra Israel da mão dos midianitas; porventura, não te enviei eu? E ele lhe disse: Ai, Senhor meu! Com que livrarei Israel? Eis que A MINHA FAMÍLIA É A MAIS POBRE em Manassés, e eu, O MENOR na casa de meu pai. Tornou-lhe o Senhor: Já que eu estou contigo, ferirás os midianitas como se fossem um só homem." (Jz 6:12-16).
"O Senhor é contigo, homem valente", disse o Senhor, mesmo que, aos seus próprios olhos, Gideão se sentisse um covarde. Mas não é a opinião que nós temos de nós que importa, mas a que Deus tem do que ELE pode fazer por nosso intermédio. Interessante que se Gideão dissesse de si mesmo "Eu sou o cara, faço e aconteço, sou poderoso, ninguém pode comigo, confio em meu próprio coração, vou arrebentar!" Deus teria escolhido outro, porque os instrumentos de Deus não podem ser poderosos em si mesmos ou não sobra espaço para o poder de Deus. "Um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus." (Sl 51:17).
Se continuar lendo a história de Gideão verá que o poder de vencer o exército inimigo veio de Deus que usou vasos ou cântaros quebrados para fazer brilhar a luz de seu testemunho. Vasos ou cântaros nos falam de pessoas, e quando quebrados, quando não servem para este mundo e não têm força em si mesmas, é que Deus as utiliza segundo a vontade dele, não do vaso.
"Chegou, pois, Gideão e os cem homens que com ele iam às imediações do arraial, ao princípio da vigília média, havendo-se pouco tempo antes trocado as guardas; e tocaram as trombetas e quebraram os cântaros que traziam nas mãos. Assim, tocaram as três companhias as trombetas e despedaçaram os cântaros; e seguravam na mão esquerda as tochas e na mão direita, as trombetas que tocavam; e exclamaram: Espada pelo Senhor e por Gideão! E permaneceu cada um no seu lugar ao redor do arraial, que todo deitou a correr, e a gritar, e a fugir." (Jz 7:19-21).
O Senhor assim indica que Gideão devia ir na força que tinha, ou seja, nenhuma, para Deus poder agir por meio dele. "Vai nessa tua força", diz o Senhor. Mas Gideão fica todo melindrado porque sua ascendência não era lá essas coisas à vista dos homens: 'Ai, Senhor meu! Com que livrarei Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu, o menor na casa de meu pai.'". Se Gideão tivesse o Novo Testamento teria dito como Paulo: "Quando estou fraco então sou forte." (2 Co 12:10). E se você ler o primeiro capítulo de 1 Coríntios verá que Deus sempre escolhe o refugo da humanidade para atingir seus propósitos:
"Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus. Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor." (1 Co 1:26-31).
Infelizmente a continuação da passagem em Juízes mostra Gideão ainda duvidando de Deus e precisando de um sinal visível para poder confiar nele, mesmo depois de Deus dar um sinal claro e inequívoco de seu poder:
"Porém o Anjo de Deus lhe disse: Toma a carne e os bolos asmos, põe-nos sobre esta penha e derrama-lhes por cima o caldo. E assim o fez. Estendeu o Anjo do SENHOR a ponta do cajado que trazia na mão e tocou a carne e os bolos asmos; então, subiu fogo da penha e consumiu a carne e os bolos; e o Anjo do Senhor desapareceu de sua presença." (Jz 6:20-21).
Mesmo assim Gideão continua com dúvidas e irá propor a Deus dois testes com a lã de ovelha:
"Disse Gideão a Deus: Se hás de livrar a Israel por meu intermédio, como disseste, eis que eu porei uma porção de lã na eira; se o orvalho estiver somente nela, e seca a terra ao redor, então, conhecerei que hás de livrar Israel por meu intermédio, como disseste. E assim sucedeu, porque, ao outro dia, se levantou de madrugada e, apertando a lã, do orvalho dela espremeu uma taça cheia de água. Disse mais Gideão: Não se acenda contra mim a tua ira, se ainda falar só esta vez; rogo-te que mais esta vez faça eu a prova com a lã; que só a lã esteja seca, e na terra ao redor haja orvalho. E Deus assim o fez naquela noite, pois só a lã estava seca, e sobre a terra ao redor havia orvalho." (Jz 6:36-40).
Hoje cristãos usam desta passagem como argumento de que devemos provar a Deus, mas a fé não precisa de provas. "Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem." (Hb 11:1). O mesmo argumento é usado a partir da passagem em que Jacó promete dar o dízimo de tudo, e um bom observador verá que Deus não colocou essa condição para abençoar a Jacó, mas prometeu que o acompanharia e abençoaria independente de Jacó dar algo em troca. O primeiro é o lado da graça e misericórdia de Deus, onde não existe um "SE" ou condição para Jacó receber todo amparo, proteção e bênção. Jacó, porém, foi quem decidiu colocar condições:
"Perto dele estava o Senhor e lhe disse: Eu sou o Senhor, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque. A terra em que agora estás deitado, eu ta darei, a ti e à tua descendência. A tua descendência será como o pó da terra; estender-te-ás para o Ocidente e para o Oriente, para o Norte e para o Sul. Em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra. Eis que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido." (Gn 28:13-15).
Se da parte de Deus havia a disposição de dar tudo sem condições, do lado do homem incrédulo e desconfiado vemos Jacó colocando condições para Deus abençoar. Jacó acrescenta um "SE", como se precisasse participar com alguma coisa de si mesmo para ser abençoado. Era como se Aquele a quem pertence a prata e o ouro precisasse de ajuda para cumprir seus propósitos. À oferta de pura graça de Deus Jacó responde:
"SE DEUS FOR COMIGO, e me guardar nesta jornada que empreendo, e me der pão para comer e roupa que me vista, de maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai, então, o Senhor será o meu Deus; e a pedra, que erigi por coluna, será a Casa de Deus; e, de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízimo." (Gn 28:20-22).
Neste ponto você me dirá: "Mas em Malaquias 3:10 não diz para fazermos prova de Deus?". Não, a menos que você esteja fazendo como os judeus ali que são acusados de roubarem a Deus. Aquilo não era uma ordem de Deus, era uma repreensão dada aos judeus corruptos e ladrões. Então você perguntará: "Mas não diz o Salmo 'Provai, e vede que o SENHOR é bom'?". Sim, diz e isso é mesmo sentido de sua avó dar para você experimentar um manjar que fez dizendo: "Prove isso, meu neto". Você jamais duvidaria de sua avó e nem iria pensar que ela tivesse envenenado o manjar. A continuação do Salmo indica em que sentido foi dado esse provai: "Bem-aventurado o homem que nele confia." (Sl 34:8).
Entendo que existem coisas que devemos provar sim, e uma delas é o nosso coração, fazendo um juízo próprio constante de nossos atos e pensamentos. "Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados." (2 Co 13:5). Também devemos provar os espíritos, isso é, aqueles que vêm até nós trazendo doutrinas estranhas à Palavra de Deus: "Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo." (1 Jo 4:1). Mas se cremos realmente em Cristo e na graça de Deus, não iremos colocar dúvidas e exigir que ele nos prove alguma coisa. O que mais ele poderia provar de sua bondade e amor para conosco além do que já fez na cruz ao entregar seu Filho para morrer por nós?
"Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?" (Rm 8:31).
Mas voltando ao assunto de sua dúvida, que tal confiar no Senhor e manter-se separado até ele trazer outros até você, ou você ter a oportunidade de visitar uma assembleia de irmãos congregados ao nome do Senhor em outra localidade e pedir seu lugar à comunhão à mesa do Senhor? Você acredita que Deus é fiel para fazer isso? Eu creio que sim.
Conheço um irmão que vivia numa localidade onde só havia ele interessado em congregar. Por motivo de saúde ele estava impedido de se locomover para visitar alguma assembleia de irmãos congregados, e até a mais próxima estava a mais de mil quilômetros dali. Com o tempo o Senhor, que é o dono da seara, enviou vários irmãos em diferentes momentos para visitá-lo e finalmente recebê-lo à comunhão. A partir daquele dia ele só participava da ceia do Senhor quando era visitado, dada a impossibilidade de visitar outras assembleias onde estivessem dois ou três reunidos. Hoje naquela cidade existe uma pequena assembleia formada por ele, alguns que se converteram e outros que se apartaram dos sistemas para estarem congregados ao nome do Senhor.
"E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível." (Mt 19:26).
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)