https://youtu.be/wLPCW2d-Kis
Você escreveu expressando sua preocupação com estas palavras: "Com tristeza, descobri que seu trabalho na Internet é a causa de muitos terem se afastado da busca pela Catequese e pela Primeira Comunhão. Por causa das doutrinas mirabolantes que você prega em seu blog e canal muitos andam acreditando, ingenuamente, que é possível conhecer a Nosso Senhor Jesus Cristo e por ele serem salvos sem a mediação da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, que é a 'Coluna e Sustentáculo da Verdade'. Gostaria de poder conversar com você a respeito das razões que o levaram a deixar a única Igreja que pode ofertar a Doutrina da Salvação. (Assina L. V. - 'In Corde Iesu et Mariae Semper!')"
Obrigado por escrever e sinto ter deixado você preocupado com meu trabalho na Internet, no qual costumo mostrar a verdade bíblica de que "há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem" (1 Tm 2:5). Se "há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem" talvez seria a hora de você começar a se questionar de onde a instituição que representa tirou a ideia de que alguém não possa ser salvo "sem a mediação da Santa Igreja Católica Apostólica Romana", conforme escreveu.
Quando leio Atos 8:26-35 vejo que "o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta. E levantou-se, e foi; e eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros, e tinha ido a Jerusalém para adoração, regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías.".
Até aqui vejo que Filipe não foi enviado por qualquer instituição religiosa, mas simplesmente pelo "anjo do Senhor", e isso para ir se encontrar com um prosélito estrangeiro — um homem convertido ao judaísmo — que voltava frustrado de Jerusalém aonde tinha ido adorar. Ele certamente não encontrou o que desejava na religião institucional com seu Templo, seus sacerdotes e cerimônias, e nem sequer conseguia entender o que lia do Antigo Testamento. Então Filipe recebe outra ordem igualmente divina, e não de alguma instituição humana, para se aproximar da carruagem.
"E disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro. E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse. E o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro; e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, Assim não abriu a sua boca. Na sua humilhação foi tirado o seu julgamento; E quem contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra. E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro? Então Filipe, abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Jesus."
O que Filipe faz não é apresentar a ele alguma "igreja" ou instituição religiosa, e nem tampouco alguma explicação baseada em mirabolantes interpretações de um Colegiado com base em um corpo de supostos "pais da Igreja". Filipe partiu dessa passagem do profeta Isaías para apresentar "JESUS" ao eunuco. Só Jesus, se é que podemos dizer "só" quando falamos daquele que criou os céus e a terra. A menos que a Igreja que você diz seguir se chame "Jesus", entendo que em nenhum momento Filipe tentou apresentar ao eunuco "a mediação da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, Coluna e Sustentáculo da Verdade".
Aqui eu utilizo a versão católica da CNBB, pois ela adequadamente exclui o versículo 37 como sendo espúrio por não constar dos melhores manuscritos: "Eles prosseguiram o caminho e chegaram a um lugar onde havia água. Então o eunuco disse a Filipe: 'Aqui temos água. Que impede que eu seja batizado?' O eunuco mandou parar o carro. Os dois desceram para a água e Filipe batizou o eunuco. Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe. O eunuco não o viu mais e prosseguiu sua viagem, cheio de alegria." (At 36-39).
Repare que, depois de apresentar JESUS ao eunuco, e não alguma religião ou instituição, este entende que deve ser batizado e expressa esse desejo. Tudo é muito simples e sem grande pompa. Dois homens à beira de um riacho, um batizando o outro. Então Filipe é transportado de maneira sobrenatural para outras paragens e o eunuco prosseguiu viagem cheio de alegria por saber que seus pecados tinham sido perdoados por Jesus. E onde entra "a mediação da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, Coluna e Sustentáculo da Verdade" nessa belíssima história de salvação? Em lugar nenhum.
Na sua versão católica-romana deste texto Filipe precisaria ter sido comissionado e devidamente preparado por um curso de teologia para fazer tal abordagem. Ele não poderia ter sido levado pelo Senhor e guiado pelo Espírito, e nem poderia ter apresentado Jesus ao eunuco. Sua missão teria sido fazer do eunuco mais um membro da "Santa Igreja Católica Apostólica Romana, Coluna e Sustentáculo da Verdade", como você a descreve.
Sua admoestação tentando me impedir de pregar o simples evangelho da salvação unicamente por Cristo cheira a enxofre. Somente alguém movido por Satanás iria querer barrar uma pessoa de anunciar o Evangelho da graça de Deus e a salvação pela fé em Jesus e em sua obra consumada na cruz. Será que você percebe como é grave, perniciosa e presunçosa sua abordagem tentando me fazer calar? Se prestar atenção eu anuncio aquilo que Paulo resumiu como sendo todo o evangelho, "que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras." (1 Co 15:3-4)?
Quando o próprio Pedro tentou dizer ao Senhor que não se referisse à sua morte e ressurreição, sabe o que o Jesus disse àquele que estava por detrás de Pedro incitando-o a dizer aquilo? Caso não se lembre vou refrescar sua memória:
"Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia. E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens." (Mt 16:21-23).
Espero que o Espírito Santo de Deus toque seu coração algum dia para reconhecer que não existe salvação em homens ou instituições, mas em um só Homem, que é o Filho de Deus que morreu e ressuscitou. Qualquer coisa diferente disso é o "outro evangelho" que Paulo chama de "anátema" ou amaldiçoado no primeiro capítulo de Gálatas.
"Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema." (Gl 1:6-9).
Quando você lê "nenhum outro" nesta passagem, como será que interpreta as palavras de Pedro? "E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos." (At 4:12). O contexto da passagem mostra os clérigos de seu tempo confabulando entre si de uma maneira de impedirem Pedro de continuar pregando o nome de Jesus como o único meio de salvação.
"Que havemos de fazer a estes homens? porque a todos os que habitam em Jerusalém é manifesto que por eles foi feito um sinal notório, e não o podemos negar; mas, para que não se divulgue mais entre o povo, ameacemo-los para que não falem mais nesse nome a homem algum. E, chamando-os, disseram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem, no nome de Jesus. Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus." (At 4:16-19).
Quando Paulo escreveu que não se envergonhava do evangelho de Cristo, ele não estava dizendo que não sentia vergonha de pregar o evangelho, mas que tinha em mãos uma mensagem tão genuína e poderosa que não havia nada nela que lhe causasse dúvidas. Mas ele certamente se envergonharia se, ao invés de dizer " Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa" (At 16:31) fosse "pau mandado" de algum colegiado de clérigos que lhe obrigassem a dizer "Crê na mediação da Santa Igreja Católica Apostólica Romana e serás salvo!".
As mensagens que recebo de católicos fanáticos querendo me fazer crer que não estou autorizado a pregar a Palavra de Deus por não fazê-lo debaixo do jugo católico me fazem lembrar do piloto de corridas Alex Dias Ribeiro. Ele foi correr em Mônaco e decidiu espalhar ao longo do percurso faixas com sua frase preferida, "Cristo Salva", a qual também levava em seu carro. Recebeu um recado do bispo da cidade perguntando com autorização de quem ele estava usando o nome de Cristo.
por Mario Persona
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)