https://youtu.be/94JihnmQvTY
Seu artigo com o título "Michael Jackson, não há segunda chance" parece trazer no bojo uma mensagem de salvação por obras ou boa conduta, e não uma mensagem de graça e perdão para o pecador perdido em seus pecados. Sutilmente você dá a entender que não há segunda chance para Michael Jackson por ele não ter aproveitado a primeira.
Você escreveu: "Não basta ser o ‘Rei do Pop’. Reis, para chegarem bem ao fim da vida, precisam prestar atenção ao destaque bíblico na biografia de todos eles: devem fazer aquilo que é reto aos olhos do Senhor".
Será que você quis dizer que se Michael Jackson fizesse aquilo que é reto aos olhos do Senhor como os reis bíblicos ele teria sua salvação garantida? O problema é que o maior rei de Israel, Davi, não é de modo algum um exemplo de boa conduta. Dentre outras coisas, Davi condenou um de seus melhores amigos à morte só para ficar com a mulher dele.
Todavia sabemos que Davi se arrependeu de seus pecados, apesar de boa parte de sua vida ter sido perdida. Ele foi salvo por ter reconhecido sua incapacidade e rogado pelo perdão e graça de Deus, e não por alguma boa obra que tivesse feito. Aliás, que boa obra ou conduta exemplar poderia apagar um homicídio para encobrir um adultério? Ao que me consta, não existe no prontuário de Michael Jackson algum homicídio do gênero. Não sabemos ainda se Michael Jackson creu no Salvador Jesus, mas o céu certamente será um lugar cheio de surpresas, não acha?
Continuando, seu texto diz:
"E por que devem fazer o que é reto? Porque não há segunda chance. Nossa vida é o nosso tempo. Michael teve 50 anos à sua disposição. Até o momento, Deus concedeu-me 45. Após o último e definitivo suspiro, findam-se as chances. Neste momento nossa sentença eterna já está determinada nas mãos do Pai".
Será que com isso você está querendo dizer que em seus 45 anos você tem aproveitado bem a chance que Deus lhe deu, mas que Michael Jackson não fez isso? Seu texto parece indicar que se aproveitarmos o tempo que temos para "fazer aquilo que é reto aos olhos do Senhor" estaremos salvos, mas o problema é que ninguém consegue fazer o que é reto aos olhos do Senhor. Daí precisarmos de um Salvador que tenha morrido para levar nossos pecados sobre si e da graça de Deus.
Minha pergunta é: Será que Michael Jackson precisava de uma segunda chance? Como você pode ter certeza de que ele não aproveitou a primeira chance? Como você sabe o que aconteceu nos segundos antes de seu desmaio, ou mesmo nos segundos de silêncio de seu coma, antes que o espírito deixasse definitivamente o corpo? Seria um segundo tempo insuficiente para clamar a Deus por salvação? Vamos ver o que Deus pensa da morte do ímpio:
"Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? diz o Senhor DEUS; Não desejo antes que se converta dos seus caminhos, e viva?" Ez 18:23
Este é o sentimento verdadeiro de Deus por qualquer pecador. Você acha que Deus descansa antes que o espírito se separe definitivamente do corpo? De modo nenhum, pois Ele não tem prazer na morte do ímpio. Do modo como você escreve seu artigo eu não diria ser este o sentimento que você transmite, muito pelo contrário.
Como costuma acontecer com a morte de celebridades, parece existir um certo prazer nisso em pessoas religiosas, como se dissessem... "Viu? Bem feito! Quem mandou não fazer aquilo que é reto aos olhos do Senhor". Não me surpreenderia se Michael Jackson fosse o tema principal de muitos púlpitos neste momento, com os pregadores tentando fazer dele um exemplo de como uma vida de exageros e pecados pode levar à morte e ao inferno.
O problema é que nos evangelhos encontro tantos "Michael Jacksons" com suas vidas totalmente desestruturadas que tudo leva a crer que é mais fácil um Michael Jackson ser salvo do que o religioso que pode ser encontrado neste momento em algum púlpito qualquer falando dele como um perdido. O próprio Senhor disse aos fariseus (os que ocupavam os púlpitos daqueles dias) que publicanos e prostitutas os precederiam no Reino de Deus. É curioso isso, não é?
Se ler com atenção os evangelhos verá que em momento algum o Senhor Jesus usou de chicote ou ameaçou com fogo e enxofre os publicanos, prostitutas ou qualquer Michael Jackson da vida. Essas ameaças Ele reservava a uma classe de pessoas: os religiosos fariseus, que batiam no peito, se consideravam justos e se gabavam de serem fiéis no dízimo e no jejum, e não serem como "esse publicano".
Não posso deixar de lembrar de um homem que viveu torto a vida inteira e nem sequer podia dizer que contribuiu de alguma forma com a sociedade, seja por seus dotes artísticos ou por ter dado emprego a milhares de pessoas como fez o cantor. Aliás, esse homem não proporcionava o sustento de outros, mas roubava o sustento dos trabalhadores. Porém a ele bastou balbuciar "Senhor, lembra-te de mim" em meio ao sofrimento de seu martírio para ter do próprio Senhor a palavra de certeza de sua salvação eterna.
Se eu fizer vista grossa à sua mensagem de salvação por meio de uma boa conduta que seu texto parece anunciar, e usar de boa vontade para achar que sua intenção foi alertar o pecador para que se arrependa antes que seja tarde, mesmo assim eu diria que o exemplo foi infeliz. O próprio Senhor teria usado, não um cantor pop de vida irregular, mas algum dignitário religioso de boa reputação e grande destaque na sociedade, como ele usou o fariseu em "O fariseu e o publicano" ou na "Parábola do filho pródigo".
Faça uma releitura da parábola do filho pródigo e verá que Jesus não a contou para pessoas devassas como o filho pródigo, portanto não é aquele filho devasso o exemplo que quer mostrar com sua parábola. Ele dirigiu sua parábola aos religiosos fariseus, exatamente aqueles que não tinham nada de um Michael Jackson, mas eram como o filho mais velho, que ficou na casa do pai fazendo tudo de acordo com o figurino mas que, em momento nenhum, demonstrou estar arrependido justamente disso: de ser um religioso.
Nunca se esqueça disto: "Cristo Jesus veio ao mundo para salvar PECADORES". Apenas para os que não se consideram como tais é impossível a salvação. Aliás, para estes não há chance alguma.