https://youtu.be/uIag10GlVy8
Sua dificuldade está em se deve utilizar ou não certas frases que já se tornaram jargões evangélicos, como "a paz do Senhor". Confesso a você que também tenho uma certa dificuldade neste sentido, não que seja errado saudar alguém com "a paz do Senhor". O problema é que o mau uso disso pode ter destruído o seu significado.
Muitas palavras e frases que encontramos na Bíblia foram de tal modo deturpadas que às vezes nem sequer guardam mais seu sentido original quando usadas no mundo de hoje. É o caso da palavra "igreja", que virou sinônimo de um prédio de pedras ou tijolos, e da palavra "pastor", que no original significa um dom, mas virou um título honorífico dado a líderes eclesiásticos, alguns deles sem qualquer indício de terem recebido do Senhor o dom que leva o mesmo nome.
Um costume cristão, como é o ósculo ou beijo entre pessoas do mesmo sexo, também pode ser visto hoje tanto como imoral, por pessoas de pouca cultura, como moderno, por artistas e gente da alta sociedade. Como lidar com tudo isso para manter puros os significados do que dizemos e fazemos como cristãos? Sendo símplices como as pombas e astutos como as serpentes.
Vivemos em um mundo onde "ser crente" é logo identificado como ser seguidor de algum desses pregadores da prosperidade que pedem dinheiro na TV. Por isso, quando usamos certas frases que acabaram virando jargões cristãos, como "a paz do Senhor", "irmãos", "aleluia", e outras, corremos esse risco, porque são expressões que foram deturpadas pelos próprios cristãos.
Muitos que se dizem cristãos hoje as utilizam mais no sentido de fincar bandeira no território inimigo do que em seu sentido puro. É o caso de falar "irmão fulano", "irmão sicrano" na frente de incrédulos só para mostrar a eles que somos diferentes. Ou saudar um com "a paz do Senhor" e outro sem "a paz do Senhor" como forma de ferir o que tem uma conduta duvidosa.
Agir assim, isto é, com essa intenção distorcida, é fazer aquilo que era condenado em Êxodo 23:19: "não cozerás o cabrito no leite de sua mãe". Isto é, usar o que Deus criou para dar vida, como forma de ferir e matar.
O homem religioso gosta de transformar as coisas de Deus em rótulos que os identifiquem como melhores do que as pessoas ao seu redor. Os judeus fizeram isso com a ordenança do Antigo Testamento de não costurar a barra dos vestidos. A franja assim formada pelo tecido desfiado era para que eles se lembrassem de cumprir os mandamentos de Deus.
Núm 15:39 E as franjas vos serão para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do SENHOR, e os cumprais; e não seguireis o vosso coração, nem após os vossos olhos, pelos quais andais vos prostituindo.
O que os judeus fizeram foi transformar algo que era para eles devia ser um lembrete de dependência de Deus em uma etiqueta de fidelidade para que outros vissem. Assim, muitos cristãos hoje fazem questão de usar esses jargões como forma de auto afirmação e também como um meio de exibicionismo, para serem vistos pelos homens.
Mat 23:5 E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes,
Porém podemos cair no outro extremo e evitarmos tanto nos identificar com esses costumes e frases que acabamos adotando artificialmente uma aparência mundana, como se estivéssemos querendo dizer ao mundo: "Ei, vejam todos, somos iguaizinhos a vocês!". É o caso dos evangélicos que inventam blocos carnavalescos, para se fazerem iguais aos foliões incrédulos, ou que promovem marchas para Jesus, para tentarem mostrar força diante de marchas do tipo "orgulho gay".
É bom que as pessoas nos identifiquem com Cristo, que vejam que cremos no Salvador e na Palavra de Deus, e que vivemos separados do mundo, embora vivendo nele. Mas é péssimo que elas nos identifiquem como seguidores de uma religião ou das ilusões de prosperidade que são pregadas continuamente nos canais de rádio e TV.
Em Atos as autoridades que interrogavam os discípulos ficaram impressionadas com a desenvoltura deles, mas atribuíram isso por eles terem estado com Jesus, e não por pertencerem a alguma religião. Assim deve ser: devemos exalar o cheiro de Cristo por onde quer que andemos.
Ats 4:13 Então eles, vendo a intrepidez de Pedro e João, e tendo percebido que eram homens iletrados e indoutos, se admiravam; e reconheciam que haviam estado com Jesus.
Se exalarmos o cheiro de uma religião isso só irá atrapalhar nosso testemunho e provavelmente será um empecilho para a salvação das pessoas com as quais entrarmos em contato.
Uma vez eu disse a uma jovem irmã em Cristo que não pertencia a nenhuma religião, mas que estava congregado com outros irmãos somente ao nome do Senhor, sem denominação, sem clero, sem templo etc. Ela, tentando concordar, mas não concordando, disse que sempre que ia falar do evangelho para alguém, falava só de Jesus, e não mencionava que era presbiteriana.
Então eu perguntei por que ela não mencionava sua denominação e ela respondeu que isso poderia atrapalhar, pois a pessoa que estava sendo evangelizada poderia ter alguma coisa contra essas igrejas ou seus pastores e não querer aceitar a mensagem do evangelho.
Perguntei para ela por que ela ainda pertencia a algo que era obrigada a esconder das pessoas para evitar que atrapalhasse na salvação de uma alma. Ela não soube responder.
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