https://youtu.be/v_HiAEDHsBA
Sua dúvida está em Marcos 15:44, onde diz que "Pilatos ficou surpreso ao ouvir que ele já tinha morrido. Chamando o centurião, perguntou-lhe se Jesus já tinha morrido." Provavelmente Pilatos achava que Jesus ainda estivesse vivo, pois a morte na cruz era um longo suplício. Foi por isso que para apressá-la e terminar com tudo antes que o sábado começasse a vigorar (no início da noite da sexta-feira, segundo o costume judaico) os soldados quebraram as pernas dos condenados.
O evangelho de João dá detalhes da sequência de eventos:
Joã 19:30-34 E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados. Foram, pois, os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que como ele fora crucificado; Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas. Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.
Um ser humano comum ainda estaria vivo quando José de Arimateia foi pedir a Pilatos permissão para tirar Jesus da cruz. Acontece que Jesus não era um ser humano comum. Ele era Deus e Homem, nascido de uma virgem por concepção do Espírito Santo. Ele não trazia em si o pecado de Adão como todos nós trazemos de nascença. Jesus foi o único Homem sem pecado que já existiu. Veja abaixo a universalidade do pecado:
Rom 5:12 Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.
Desse "todos" você pode excluir Jesus em virtude de sua encarnação não ter seguido os padrões normais. Além disso, em Hebreus é afirmado que ele não tinha pecado. Nele não havia nem a possibilidade de pecar, nem de morrer, o que é consequência do pecado:
Heb_4:15 Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.
Este sem pecado não significa "sem ter cometido pecado", mas sem o pecado, a raiz do mal que todos trazemos em nós. E não poderia ser diferente, pois todos os sacrifícios no Antigo Testamento, que eram um tipo de Cristo, precisavam ser de animais perfeitos e sem mancha. Por isso, o "Cordeiro de Deus" não podia ter em si mesmo o pecado, pois se tivesse não poderia servir de sacrifício pelos pecados alheios; ele próprio iria precisar de um Salvador que morresse por si, caso fosse um pecador como todo ser humano.
Por ter nascido sem pecado, Jesus também não podia pecar. Não apenas por ele ter uma natureza isenta da herança deixada por Adão, mas também porque estamos falando de alguém que é Deus e Homem. Como poderia Deus pecar? Impossível!
Voltando ao versículo em Rm 5:12 você verá que a morte é uma consequência do pecado. Não fica difícil perceber que alguém que tenha nascido sem pecado esteja também isento da morte. Jesus não podia morrer de causas naturais e nem ser morto por um agente externo. Ele podia crescer e atingir a idade adulta, como aconteceu, mas não poderia envelhecer e morrer. Isto equivale dizer que se Jesus não tivesse dado sua vida na cruz ele estaria ainda andando por este mundo na forma de um Homem adulto. Os versículos abaixo são muito significativos:
Joã_12:24 Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.
Joã 10:17-20 Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai. Tornou, pois, a haver divisão entre os judeus por causa destas palavras. E muitos deles diziam: Tem demônio, e está fora de si; por que o ouvis?
Se Jesus não tivesse entregado sua vida e morrido, ele ficaria só. Ninguém mais iria para o céu, ninguém mais poderia ressuscitar. Mas creio que também significa que ele continuaria sendo um Homem, imune à doença e à morte, que são consequências do pecado (o qual ele não tinha). Não é de admirar que os judeus tenham ficado irados com tal declaração e o consideraram louco ou possesso de demônio.
Ninguém iria tirar a vida de Jesus, mas ele a entregaria fazendo uso de um poder sobre-humano. Além de Jesus, ninguém jamais teve o poder de entregar a própria vida. Um ser humano comum pode ser morto por algo ou alguém, mas não é capaz de entregar o espírito como Jesus fez na cruz. Até mesmo o suicida precisa de algum instrumento ou meio para tirar a própria vida, mas ele não pode entregar a própria vida, devolvê-la a Deus que a deu. Este poder Jesus tinha e foi o que fez na cruz.
Joã 19:30 E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
Outra evidência da imortalidade de Jesus pela ausência do pecado pode ser vista nesta passagem:
Joã 1:4 Nele estava a vida
Estamos falando de uma Pessoa que não recebeu vida, mas em quem a vida era parte intrínseca quando andou aqui.
Resumindo, Jesus é o Filho de Deus que veio ao mundo sem pecado e, portanto, sem a possibilidade de pecar. Por ser sem pecado e ser Deus, Jesus também não estava sujeito à morte, apesar de estar em um corpo que podia ser ferido, sentir dor, fome, sede, frio etc. Só não podia ser morto por algum agente exterior, e por isso teria permanecido um Homem em idade adulta indefinidamente, caso não tivesse ido à cruz.
Mas este é um pensamento igualmente impossível e surreal, pois se não fosse pela cruz ele nem sequer teria vindo ao mundo, portanto estamos falando aqui de uma possibilidade que nunca se realizaria.
Embora ele nunca tenha feito qualquer milagre para si mesmo, fica evidente que aquele que era capaz de restaurar a vista ao cego, curar leprosos e aleijados, e ressuscitar mortos poderia muito bem curar suas próprias feridas. Mas não fez isso quando foi chicoteado, esmurrado e teve o couro cabeludo rasgado pela coroa de espinhos, e as mãos e pés pregados na cruz.
Depois de cumprir tudo o que dele estava previsto pelos profetas, sofrendo durante 3 horas nas mãos dos homens e 3 horas nas mãos de Deus, Jesus entregou sua vida. Simplesmente morreu, um verbo que nenhum outro homem seria capaz de conjugar no presente e na primeira pessoa. Nem eu, nem você, podemos simplesmente decidir parar de viver e isto ser suficiente para nossas funções vitais serem imediatamente interrompidas.
Por ter morrido assim de um modo tão sobrenatural os soldados não quebraram as pernas de Jesus como fizeram com os outros soldados, para que perdessem a capacidade de funcionamento do diafragma e morressem por asfixia. A lança que o soldado usou para perfurar o lado de Jesus não o matou; ele já estava morto naquele momento. Foi aquele sangue, que verteu misturado com água, e não o sangue de suas mãos e pés, que nos purificou de todos os pecados. Nos sacrifícios do Antigo Testamento era o sangue de um cordeiro morto, e não apenas ferido, que era levado para dentro do santuário para fazer expiação pelos pecados.
Por isso Pilatos ficou admirado de sua morte ter ocorrido antes do previsto. Portanto, todos esses textos e documentários que você vê por aí tentando explicar a morte de Jesus do ponto de vista clínico não passam de uma grande bobagem. Ele não morreu por exaustão, nem por edema pulmonar, nem por infecção generalizada causada pelos ferimentos ou pela lança dos soldados. Jesus entregou sua vida.
Mas isto não isenta os que o entregaram à morte de sua responsabilidade. Do ponto de vista judicial, não é o instrumento causador da morte, mas a intenção de matar, que é levada em conta. É por isso que um homicida jamais poderia alegar que o que matou a vítima foi a bala, não ele. Os judeus não poderiam alegar que estavam isentos da responsabilidade de matar Jesus, já que não o mataram de fato por ele ter entregado sua vida.
Mais uma vez, se Jesus não tivesse entregado sua vida ele não teria morrido, o que equivale dizer que ele continuaria vivo até hoje. Porém, como já disse, este pensamento é absurdo, não por sua impossibilidade de morrer de causas naturais ou exteriores, mas por ele ter vindo ao mundo com a missão específica de morrer.
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