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O crente e' individualmente a noiva de Cristo?



http://youtu.be/S6MD5QdENTA

Na Palavra de Deus encontramos referências a um relacionamento entre um Noivo e uma noiva tanto no Antigo Testamento, principalmente no livro de Cantares, como no Novo Testamento, com maior ênfase na epístola aos Efésios e no livro de Apocalipse. Nos dois casos o Noivo é Cristo.

Em Cantares vemos o relacionamento entre Israel, formado pelo remanescente judeu fiel que se converterá após o arrebatamento da Igreja, e seu Messias há tanto esperado. Obviamente muitos cristãos, principalmente de correntes fundamentalistas como católicos, ortodoxos, luteranos, anglicanos, episcopais, congregacionais, presbiterianos, menonitas e algumas correntes metodistas e batistas, perdem isso de vista, já que consideram que Deus não voltará a tratar com Israel em graça para restaurá-lo como Seu povo terreno.

Portanto o livro de Cantares tem um caráter profético e é uma ode ao encontro entre o Noivo e sua noiva, no caso a nação redimida de Israel, que habitará na terra, e seu Messias e Rei. Não faltam no livro de Cantares descrições detalhadas de um genuíno relacionamento entre um homem e uma mulher, pois esse é o grau de intimidade que Cristo terá com o seu povo no futuro.

Já a Igreja, que era um mistério tanto para Salomão, que escreveu Cantares, como para todos os profetas do Antigo Testamento, só seria revelada muito tempo depois a Paulo. Mas esta é também vista como uma Noiva, a Noiva do Cordeiro, sendo preparada para as bodas que ainda estão para acontecer. Mas seria correto aplicar o grau de intimidade que Deus revela entre Cristo e sua noiva ao cristão como indivíduo? Não existe nada nas Escrituras que nos autorizem a fazê-lo.

A passagem em Efésios é muito clara ao indicar que a figura do relacionamento entre marido e mulher é aplicada a Cristo e à igreja no seu sentido coletivo, como o conjunto de todos os salvos, e não a Cristo e ao crente individualmente.

Efs 5:23-32 Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja; Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja.

Posso dizer que Jesus é meu Pastor? Sim, e até mesmo o conhecido Salmo 23 nos ajuda a enxergar a figura de seu cuidado com cada um, individualmente, além, obviamente o seu cuidado com o rebanho no sentido coletivo. Também posso afirmar que Jesus é meu Senhor, meu Redentor, meu Salvador e até mesmo meu Deus. Mas não caberia eu chamá-lo de Pai, porque isto seria confundir as Pessoas da Trindade. Também não devo chamá-lo de meu Rei, porque ele é Rei para Israel, não para a Igreja. O mesmo vale para Messias. Mas em nenhuma circunstância posso chamar Jesus de meu Noivo ou meu Marido, ou tentar me imaginar em um relacionamento assim com ele.

Obviamente posso ter a mesma admiração que a noiva, no caso Israel, tem pelo Noivo em Cantares, contemplando da mesma forma a sua formosura. E também posso aprender que o relacionamento que devo ter no matrimônio deve se espelhar no relacionamento entre Cristo e sua igreja. Mas tal aplicação, de imaginar o crente individualmente relacionando com Cristo como um Noivo, e no futuro, como um Marido, não encontra respaldo nas Escrituras e pode trazer problemas sérios de desvio da sã doutrina.

Existe uma corrente mística na cristandade que não consegue discernir isso e acaba querendo provocar no crente uma paixão até de cunho erótico em seu relacionamento com Cristo, o que é um erro grave. Teresa de Ávila, que viveu entre 1515 e 1582, foi uma que registrou seus êxtases místicos com uma linguagem que pendia para o erotismo, chamando Jesus de "esposo": "Sente-se um enorme deleite no corpo e grande satisfação na alma", escreveu ela, em "O Caminho da Perfeição", e “...é possível a alma enamorada pelo seu Esposo passar por todos esses prazeres e desmaios e mortes e aflições e deleites e gozos com Ele...”, em suas Meditações, inspiradas no livro de Cantares.

Ao aplicar a si, individualmente, o que viu em Cantares e nas passagens sobre Cristo e sua noiva, ela incorreu em um erro grave e mais tarde foi seguida por muitos autores. Outros autores modernos têm adotado a mesma linha de pensamento, e isso atingiu seu clímax na demoníaca seita fundada por David Berg e conhecida por "Meninos de Deus" (hoje "The Family"), que chegou a produzir arte erótica para ilustrar essas ideias.

por Mario Persona

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Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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