https://youtu.be/OFK8VbOSP_A
É comum usarmos a frase "A carne é fraca" para justificar nossas quedas, geralmente no âmbito sexual. Mas vamos dar uma olhadinha no contexto: "E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito. Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo. E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. E, voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então nem uma hora pudeste velar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca" (Mt 23:37-41).
Existe uma diferença enorme entre o episódio onde o Senhor Jesus fez o comentário para seus discípulos e a realidade vivida hoje por um verdadeiro salvo por Cristo. Primeiro, o contexto não era de estarem os discípulos sujeitos a alguma tentação da carne, sedutora demais para eles resistirem. Nada mais longe desta ideia. O Senhor havia apenas pedido que eles vigiassem e orassem, visto que a hora de Jesus ser preso e entregue à morte se aproximava. Eles bem que queriam vigiar e orar, mas a fraqueza do corpo físico os levou a dormir. A carne ali estava fraca de cansaço, não de ser incapaz de resistir a alguma tentação externa.
Se existe uma lição a ser aprendida da passagem é que o homem em seu estado natural é incapaz de cumprir a vontade de Deus porque a carne é fraca, o pano é velho para remendo novo e o odre é ressecado demais para conter vinho novo. Além disso o homem é da terra e o Senhor do céu, o que torna um e outro incompatíveis por natureza.
Portanto, nenhum verdadeiro cristão hoje, nascido de novo e habitado pelo Espírito Santo, pode usar o argumento "a carne é fraca" como desculpa por ter caído em uma tentação. Ele pode até admitir que seu "velho homem", a "carne", não pode agradar a Deus, mas este é um outro assunto. Veja a condição dos discípulos do Senhor antes da cruz: a carne ainda não havia sido completamente exposta e julgada (isso ocorreu na cruz, quando Deus colocou um fim no homem em seu estado natural).
Além disso, o Espírito Santo, que é o poder para o crente andar segundo a vontade de Deus, ainda não tinha descido para habitar no homem. Os discípulos do Senhor, sem dúvida, eram nascidos de novo, isto é, tinham em si a vida divina, sem a qual nem sequer poderiam estar interessados nas coisas do céu (exceto Judas, que tinha sua própria agenda). Mas a nova vida nada pode fazer em um corpo de carne fraca por natureza.
É só pelo Espírito Santo que o homem está capacitado (no sentido de energizado por poder) para agir segundo a vontade de Deus. No Antigo Testamento (e em ocasiões especiais nos evangelhos) o Espírito Santo "energizou" os servos de Deus, mas depois de Pentecostes (Atos 2) o Espírito Santo de Deus passou a habitar em cada crente individualmente. Mas se os discípulos não tinham esse poder, por que o Senhor ordenou que orassem para não caírem em tentação? O que ele exigia deles era dependência e não confiança naquilo que eram e tinham, isto é, no velho homem. Pedro era um que sempre confiava em sua própria capacidade e vimos no que deu. Depender de Deus era de que precisavam e isto não mudou, apesar de hoje sermos muito mais privilegiados, como crentes em Cristo, por estarmos também capacitados pelo poder do Espírito. Veja que não é na força que o crente vence as tentações, mas na fraqueza:
2Co 12:9-10 E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.
Hoje as pessoas costumam dizer: "A carne é fraca, por isso não consigo resistir", mas Paulo teria dito "Que bom que a carne é fraca, assim não preciso me apoiar nela para resistir, mas em Cristo".
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)