https://youtu.be/r44h_Rh6OFA
Vivemos dias difíceis. O inimigo é sempre astuto para nos atrair com aquilo que tem aparência de verdade, mas não passa de maquiagem; que parece verdadeiro, porém é falso em seu fundamento. Falo dos muitos grupos que têm surgido combatendo as denominações, o dízimo, o clericalismo e as instituições humanas.
O lugar do cristão não é lutar contra o erro, mas apartar-se dele. Muitos desses grupos acabarão eventualmente se transformando em denominações, enquanto outros já são sistemas eclesiásticos como qualquer denominação, apenas sem nome. Na maioria dos casos são liderados por alguém ou seus membros continuam com um pé no sistema denominacional.
Veja a história dos Batistas. Começaram como um grupo que se opunha ao batismo católico de crianças e eram chamados pelos católicos de "anabatistas". Daí para eles próprios adotarem um nome e uma estrutura clerical foi um passo. Hoje a denominação tem um clero, um homem à frente da congregação, uma sede central, templos, dízimos e outras coisas emprestadas do catolicismo que, por sua vez, as emprestou do judaísmo.
Mas será que se apartar das denominações para congregar ao nome do Senhor não seria também criar uma denominação, ainda que sem nome? O foco daqueles que estão congregados ao nome do Senhor não é o estar congregado ao nome do Senhor, mas o Senhor ao nome de quem somos congregados pelo Espírito Santo. O foco também não deve ser "anti-isso" e "anti-aquilo", mas "pró-Senhor".
Também não devemos nos identificar com grupos chamados "desigrejados", "sem igreja" ou "sem nome", porque nenhum cristão verdadeiro, ainda que more sozinho numa ilha deserta, é "sem igreja", pois pertence ao corpo de Cristo que é a igreja. Ele pode não estar congregando com outros irmãos, mas ainda assim é membro do corpo de Cristo. Tampouco deveríamos usar a expressão "nós nos congregamos sem nenhum nome", porque isso é desprezar o nome que está acima de todo nome, o nome de Jesus. O cristão não deve se congregar sem nome, mas estar congregado ao Nome, o único ao qual devemos estar congregado, e deveria ser o único a identificar um cristão: o Nome de Cristo.
Mas volto a dizer que é a Pessoa de Cristo o começo, meio e fim da reunião. Ele é o centro e torno do qual devemos estar congregados pelo Espírito, e não por nossas preferências pessoais. Se o modo de congregar for nossa ocupação acabaremos escolhendo um "modo" mais de acordo com nossas preferências. Se o modo de proceder ou alguma doutrina for o elemento central e a razão de estarmos congregados, não seremos muito diferentes dos que construíram suas congregações em torno de um modo de batizar, como foi o caso dos batistas, de governo eclesiástico, como a própria denominação presbiteriana já revela, da ênfase na manifestação das línguas do dia de Pentecostes, daí o nome "pentecostais", na guarda de um dia da semana ou ênfase no advento de Cristo para reinar, como os sabatistas que também se denominam adventistas, na identificação com a doutrina de um servo de Deus, como os wesleyanos, e assim por diante.
Hoje muitos grupos "sem denominação" já adotam nomes (mas continuam alegando não ter registro oficial ou placa na porta) e não são poucos que se reúnem liderados por um homem e desprezando a doutrina da Igreja revelada a Paulo. Alguns chegam a dizer que o que Paulo escreveu eram suas opiniões pessoais ou estavam condicionadas à cultura da época, não servindo mais para nossos dias. Mesmo assim empunham a bandeira anti-denominação, anti-clero, anti-dízimo etc com tamanho fervor que, se desaparecessem todas as denominações, cleros e dízimos eles ficariam esvaziados de assunto. Seu motivo de congregar e o tema de suas pregações teria se perdido.
Portanto, quando a Palavra nos ensina a nos separarmos da iniquidade e da má doutrina do arraial religioso, isso inclui também não nos achegarmos a grupos ou promovermos aqueles que "parecem" estar congregado ao nome do Senhor, mas não estão, pois suas doutrinas e práticas não resistem a um exame mais acurado segundo as Escrituras e a sã doutrina.
De vez em quando alguém me escreve dizendo que está congregado ao nome do Senhor ou sem denominação e não demora muito para eu descobrir que a pessoa não crê na Trindade, ou despreza o "mandamento do Senhor" (1 Co 14:37) quanto ao lugar e comportamento da mulher nas assembleias, ou não tem a certeza da salvação (acha que precisam perseverar), ou participa de um grupo que trouxe toda a parafernália acústica da denominação de onde saíram e continuam com seus shows de entretenimento a que chamam de "louvor", ou seguem um líder carismático, ou...
Portanto, quando encontrar algum grupo de cristãos alegando estarem congregados somente ao nome do Senhor, uma boa ideia é seguir o conselho bíblico que diz: "A ninguém imponhas precipitadamente as mãos" (1 Tm 5:22) (impor as mãos significa ter comunhão ou aprovar algo) e "Laço é para o homem dizer precipitadamente: É santo; e, feitos os votos, então, inquirir." (Pv 20:25).
Não quero dizer com isto que pessoas assim não sejam convertidas, ou que aqueles que se colocam na liderança desses grupos sejam todos lobos querendo explorar as ovelhas. Não, pois existem muitos cristãos sinceros em todos os lugares, inclusive nas denominações religiosas e fora delas. Alguém que deixe as denominações religiosas e passe a enxergar os que lá ficaram com um olhar de superioridade, tratando-os como se fossem crentes inferiores ou mesmo incrédulos, ainda não entendeu o que é o evangelho da graça de Deus, e acha que o modo de congregar seja capaz de atribuir alguma virtude ao que não pertence a um sistema religioso.
Penso que os lobos você pode encontrar em qualquer lugar, e já aconteceram casos entre irmãos congregados somente ao nome do Senhor de verdadeiros lobos terem sido detectados. Em sua despedida dos anciãos de Éfeso em Atos 20:29-30, Paulo previa a entrada dos lobos, mas também de uma outra classe, daqueles "dentre vós mesmos" que se levantariam falando coisas distorcidas para atraírem discípulos. Ele escreve: "Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; e que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas [ou pervertidas, distorcidas], para atraírem os discípulos após si."
A questão não é de decidir qual é ou não convertido, mas de identificar que existiriam duas classes de pessoas que colocariam em risco o rebanho, uns mais vorazes e ameaçadores, cuja intenção seria a vantagem própria, e outros mais sutis e sorrateiros, mas não menos perigosos. Com o objetivo de atrair seguidores, estes iriam falar coisas pervertidas ou distorcidas para enganar os incautos. Tentar obter vantagem do rebanho é ruim; minar a doutrina e introduzir o erro é ainda pior, principalmente quando isso é feito com dissimulação. E infelizmente muitos que abandonam as denominações para fugir dos "lobos cruéis" acabam caindo nas mãos de "homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos" (At 20:29-30 NVI).
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Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)