https://youtu.be/1cglg-CbLS4
Quem nasce em uma cultura ocidental cristã não percebe o quanto de condicionamento cultural e religioso traz debaixo da pele, coisas que foram acrescentadas por anos de contato com religiões cristãs, com clero, doutrinas e outras coisas. Aí fica até difícil saber que caminho tomar quando se deseja caminhar e viver como cristão em meio a tudo isso, separando-se de tudo isso, porém ainda vivendo em meio a essa cristandade toda que tem muito de homem, muito de carne, arraigada a ela.
Então a gente poderia pensar em alguns passos. Primeiro é importante lembrar que pode ser preciso passar por um processo de desaprender tudo o que aprendemos dentro das religiões, pois muitas coisas vieram por dogmas e doutrinas erradas, costumes e tradições, e isso nós precisamos deixar de lado. O processo de separação dos sistemas religiosos criados pelo homem exige alguns passos.
PRIMEIRO: Reconhecer que a má doutrina é contaminante e corrosiva. Ela não é inócua, não é inofensiva. Vou ler este passo a passo seguindo uma passagem de 2 Timóteo capítulo 2.
2 Tm 2:17-18 “E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto; os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns.”
SEGUNDO: Entender que separar-se do mal doutrinário e eclesiástico não significa deixar de considerar os que ficam como irmãos. Só o Senhor conhece os seus e um dos fundamentos de estar congregado ao nome do Senhor é reconhecer que TODOS os que creem em Cristo, independente de onde estejam, fazem parte do ÚNICO corpo de Cristo, a Igreja.
2 Tm 2:19a “Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus”
TERCEIRO: Separar-se da má doutrina e dos sistemas que a professam, inclusive entendendo que o simples fato de existirem denominações (grupos de cristãos denominados por algum outro nome que não seja o de Cristo) já é uma desonra para Deus e para o único NOME que ele deu para identificar os cristãos.
2 Tm 2:19b “...e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade”
QUARTO: Entender que a "casa de Deus" que em 1 Timóteo 3:15 deveria ter sido "coluna e firmeza da verdade", em 2 Timóteo é vista como uma "grande casa" onde existe de tudo, "vasos" (pessoas) para honra e outros para desonra.
2 Tm 2:20 “Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra.”
QUINTO: Purificar-se "destas coisas", ou seja, das doutrinas e dos "vasos" que as professam para poder ser "vaso para honra", "santificado" (separado), idôneo e preparado para "toda boa obra".
2 Tm 2:21 “De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra.”
SEXTO: Abandonar todos os impulsos contenciosos inerentes à energia da juventude e da carne, o que inclui gerar conflitos ou combater pessoas.
2 Tm 2:22a “Foge, também, dos desejos da mocidade;”
SÉTIMO: Seguir aquilo que é positivo segundo a Palavra de Deus, como "a justiça, a fé, a caridade" e não ficar atirando pedras e ofensas naqueles que, por não entenderem, permanecem na "iniquidade" e entre "vasos para desonra".
2 Tm 2:22b “...e segue a justiça, a fé, a caridade e a paz”
OITAVO: "Com os que" significa congregar, o que muitos se esquecem de fazer. A separação da má doutrina, dos sistemas religiosos e até dos "vasos para desonra" não é o fim, mas apenas o começo de um processo que leva o crente a congregar com aqueles que "com um coração puro", isto é, já purificados ou separados dessas coisas, "invocam o Senhor". Ter só o Senhor como o centro do ato de congregar, e não um homem à frente, um dogma, um estatuto, uma denominação etc., é a meta aqui. Mas isso deve ser feito com pessoas igualmente separadas, e não mantendo um pé no sistema e outro fora dele.
2 Tm 2:22c “...com os que, com um coração puro, invocam o Senhor.”
NONO: Fugir de debates improdutivos sobre "questões loucas" (que não levam a nada) e "sem instrução" (sem fundamento na Verdade da Palavra) para evitar contendas.
2 Tm 2:23 “E rejeita as questões loucas e sem instrução, sabendo que produzem contendas.”
DÉCIMO: Manter uma conduta não contenciosa (e não ficar provocando aqueles que permanecem nos sistemas) em mansidão.
2 Tm 2:24a “E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos,”
DÉCIMO PRIMEIRO: Buscar aprender a Palavra e a sã doutrina para não cair no erro na hora de ensinar os que se mostrarem dispostos a aprender, fazendo isso com "mansidão" e pronto a perder a discussão ("sofredor") quando for o caso, lembrando que nesta carta Paulo está falando de cristãos que estão sendo enganados e presos pela mentira, da qual o diabo é autor.
2 Tm 2:24b-26 “...apto para ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os que resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade e tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em cuja vontade estão presos.”
Estes são os principais passos da separação do mal e da mentira para ocupar-se com o bem e a verdade. Infelizmente muitos param na separação do mal e aí passam a vida atirando pedras nos sistemas e em seus irmãos que ficaram neles. É preciso lembrar que o cristão deve se ocupar com Cristo e que o Senhor continua alimentando os Seus, mesmo aqueles que não tiveram luz para se apartarem dos sistemas humanos. Ele tem dons espalhados por todos os lugares, e um verdadeiro crente que entende a verdade do "um corpo" e do que é estar congregado ao nome do Senhor não poderá desconsiderar seus irmãos, pois "o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não tenho necessidade de vós." (Leia todo o trecho de 1 Coríntios 12:12-27).
Finalmente deve existir uma ação prática de buscar a comunhão com aqueles que já estejam congregados ao nome do Senhor, pedindo formalmente à assembleia mais próxima para estar à mesa do Senhor. A assembleia, ao receber tal pedido, irá examinar o irmão ou irmã quanto à realidade de seu pedido, isto, como partindo de alguém que efetivamente se separou do pecado doutrinário e eclesiástico, e que também não esteja vivendo em pecado moral. Uma vez que exista paz entre os irmãos a respeito disso esse irmão ou irmã será recebido à comunhão. Em uma cristandade tão imersa em má doutrina e apostasia esse cuidado passou a ser cada vez mais importante para não contaminar a mesa do Senhor, porque a mesa é dele, apenas cuidada por homens.
Quando esse irmão ou irmã mora longe de alguma assembleia congregada ao nome do Senhor deverá procurar visitar a mais próxima ou será visitado por irmãos congregados nela ou em outras localidades. Depois de recebido à comunhão passará a partir o pão sempre que for visitado por irmãos ou visitar uma assembleia, até que o Senhor acrescente mais um ou dois com a mesma disposição e a mesma comunhão naquela localidade, quando então passam a ser os "dois ou três" dos quais o Senhor falou, que constituem um testemunho congregado ao nome do Senhor.
A partir daí esta nova assembleia poderá receber pedidos de outros irmãos igualmente apartados dos sistemas, ou recém convertidos, para estarem em comunhão e deverá considerar esses pedidos da mesma forma como cada um ali foi analisado quando buscou estar à mesa do Senhor.
Quando a assembleia é formada apenas por um irmão e uma irmã, ou um irmão e duas ou mais irmãs, lhe faltará "quórum" para funcionar regularmente como uma assembleia em todos os aspectos de suas reuniões, como os cristãos do princípio que "perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão e nas orações" (At 2:42), além do julgamento para poder “ligar” ou “desligar”. Eles poderão congregar como assembleia para partir o pão na ceia do Senhor e para oração, já que não são reuniões de ministério da Palavra, portanto não sujeitas à ordem de falarem dois ou três e os outros julgarem.
Na ceia pode existir apenas um varão, o mesmo acontecendo na reunião de oração, pois ele nada mais fará do que sugerir hinos e dar ações de graças, ou orar pelas necessidades que podem ter sido previamente compartilhadas pelas irmãs em conversa particular. Para entender isso é preciso lembrar que as irmãs devem permanecer “caladas nas igrejas”, o que as impede, não só de falar em reuniões de ministério da Palavra, como também de deliberar como agir quando os irmãos se reúnem para tomar decisões relativas à assembleia (como receber alguém à comunhão ou excomungar quem está em pecado, por exemplo).
Então aquela assembleia, limitada em número, deve reconhecer suas limitações e buscar ajuda de irmãos de outras assembleias quando precisarem tomar decisões. Não se trata de buscar ajuda em alguma “sede” ou junta de homens, e nem mesmo em alguma assembleia que seja maior em número, mas em irmãos varões aptos a julgar para ajudarem em um tempo de tanta fraqueza e necessidade como este em que vivemos. Devem se lembrar de que o Senhor é capaz de cuidar deles, inclusive em sua pequenez, evitando a todo custo um espírito de independência, o que é contrário à natureza do corpo de Cristo, onde os membros agem em harmonia uns com os outros.
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)