https://youtu.be/GKyQAxAF0h0
Desde antes da invenção da fotografia era comum utilizar imagens de paisagens, crianças, flores e animais em calendários e capas de livros, folhetos e revistas cristãs. As imagens ajudavam a despertar a atenção do leitor e serviam como fundo para frases e versículos bíblicos em quadros e bordados. A fotografia ampliou esse uso e hoje, com o advento das redes sociais, surgiu o costume de se utilizar também fotos de celebridades como pano de fundo de mensagens cristãs.
O primeiro problema com isso é que nunca sabemos se aquele cantor, artista ou atleta seria alguém idôneo para bancar com sua foto uma mensagem cristã. Muitos são ateus ou levam uma vida de escândalos que jamais os qualificariam como porta-vozes de Deus. Embora Deus tenha usado até uma jumenta para entregar uma mensagem ao ímpio profeta pagão Balaão, aquilo foi uma iniciativa de Deus e não de algum servo de Deus que quis "terceirizar" a tarefa que cabe ao povo de Deus. E você sabe que uma jumenta tem uma vida bem mais inocente e limpa do que muitas celebridades.
Lembro-me do anúncio que uma empresa publicou numa revista com uma mensagem do dia das mães sobre a foto de uma cantora pop. A coisa ficou surreal, porque naquela mesma época a cantora estava no noticiário por ter perdido a guarda dos filhos e ser internada em uma clínica de reabilitação para drogados. Ela certamente não era a pessoa mais indicada para representar as mães.
O segundo problema é que ao fazer isso você pode estar incorrendo em um crime de uso indevido da imagem de alguém. Celebridades conquistaram essa posição por algum tipo de mérito nas artes, ciências ou esportes, e costumam vender sua imagem para comerciais. Para se utilizar a imagem de alguém é preciso que você tenha um contrato de cessão de direitos de imagem, já que a imagem da pessoa faz parte do "pacote" de direitos autorais da pessoa. Esses contratos costumam envolver custos, limites e restrições ao uso da imagem.
Mas vamos ao que realmente é o cerne da questão. Quando você viaja, deixa suas joias serem transportadas na mala por pessoas que não conhece, ou as leva com você, bem junto ao seu corpo? Quando vejo postagens com fotos de artistas e celebridades incrédulas, adornadas com versículos ou frases como se estivessem dizendo algo a favor da fé cristã, lembro-me do carro de boi dos filisteus que os israelitas emprestaram para transportar a Arca da Aliança e terminou em tragédia. Não entendeu? Então leia 1 Samuel capítulo 5 e 6, e 2 Samuel capítulo 6.
Os israelitas haviam perdido a Arca em batalha contra os filisteus, os quais mais tarde acabariam se arrependendo de te-la conquistado. Então para se livrarem dos problemas que lhes vieram pela presença da Arca de Deus em meio a um povo ímpio e inimigo do povo de Deus eles decidiram devolvê-a. "Os filisteus chamaram os sacerdotes e os adivinhadores, dizendo: Que faremos nós com a arca do Senhor? Fazei-nos saber como a tornaremos a enviar ao seu lugar... Agora, pois, tomai e fazei-vos um carro novo, e tomai duas vacas com crias, sobre as quais não tenha subido o jugo, e atai as vacas ao carro, e tirai delas os seus bezerros e levai-os para casa." (1 Sm 6:2-7). Na sequência eles soltam as vacas que vão caminhando em direção aos israelitas. A Arca ficaria 20 anos em Quiriate-Jearim na casa de um israelita antes antes que tivessem a iniciativa de levá-la para um local adequado. E foi aí que incorreram em um grande erro.
"E puseram a arca de Deus em um carro novo, e a levaram da casa de Abinadabe, que está em Gibeá; e Uzá e Aió, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo... E, chegando à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus, e pegou nela; porque os bois a deixavam pender. Então a ira do Senhor se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta imprudência; e morreu ali junto à arca de Deus." (2 Sm 6:3-7).
O primeiro erro foi terem colocado a arca em um carro de boi imitando o que tinham feito os filisteus. Ela nunca deveria ser carregada assim, mas do modo como Deus determinara em Êxodo 37:5, isto é, nos ombros apenas dos levitas (Números 4:15), e por meio de varas introduzias nas argolas presas à Arca. Além disso ela devia ser coberta para ninguém olhar para ela e ninguém poderia tocá-la (Números 4:5-6). Uma boa explicação é a que traduzo a seguir, de autoria de F. W. Grant, e ajuda a entender a razão de não fazer qualquer sentido associar fotos de celebridades incrédulas a mensagens do Evangelho:
"De que nos fala a arca de Deus transportada em um carro de boi? A arca era o trono de Deus em Israel; ele habitava, ou tinha seu trono, entre os querubins e ali estava a glória de Deus e, por conseguinte, a voz do Senhor se manifestava. As declarações vindas desse trono eram endereçadas aos homens, a um povo redimido, separado das apostasias das nações em redor, para que esse povo pudesse conhecê-lo e ser vir a ele somente, o único digno de ser servido, e esse serviço não era em escravidão, mas na mais enobrecedora liberdade. Por serem povo de Deus eles tinham sido tirados das trevas para a luz, da desonrosa impureza para a santidade em verdade, tendo a vergonha do Egito sido afastada deles. Portanto, o único meio de transporte adequado à arca era ser carregada sobre os ombros dos Levitas, os voluntários carregadores do jugo de sua gloriosa carruagem de salvação. Homens redimidos, submissos somente a Deus, continuam sendo aqueles que ocupam um lugar do qual aquele em Israel era apenas um tipo, uma sombra. A esses, em sua preciosa graça, Deus tem se comprometido, para que seus corações voluntários possam levá-lo pelo mundo. A eles Deus continua dizendo: 'Tomai sobre vós o meu jugo... Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.' (Mt 11:30)."
Extraído de Numerical Bible - The Book of the Kings - F. W. Grant
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)