https://youtu.be/pOOJvz6Unrg
Você enviou a passagem de Apocalipse 6:9-10 perguntando se as pessoas ali seriam os cristãos salvos no céu. "E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?"
A resposta é não, essa cena é ainda futura e mostra as almas de pessoas que serão martirizadas e por isso clamam por vingança. Eles estão "debaixo do altar", o que é uma figura de sacrifício, fora mortos de forma violenta por amor à Palavra de Deus e por seu testemunho, e seu pedido é de vingança. Não são cristãos, ou seja, não pertencem à igreja (os da Igreja já estarão no céu ressuscitados ou transformados nessa ocasião), mas fazem parte do mesmo contexto dos israelitas do Antigo Testamento, que guerreavam para se vingar dos inimigos. Portanto entenda que quando a Igreja for arrebatada da terra as coisas voltarão ao modo como Deus lidava com os povos no Antigo Testamento.
O cristão jamais iria pedir vingança por ser perseguido e martirizado, como aprendemos bem do Senhor nos evangelhos e de um caso real, que foi Estêvão em seu apedrejamento: "E apedrejaram a Estêvão que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu." (At 7:59-60). Ele seguia o exemplo de graça, misericórdia e perdão do Senhor, que na cruz intercedeu por seus algozes. Embora as duas situações pareçam semelhantes, algumas distinções são dignas de nota
Estêvão clamou "Senhor Jesus, recebe o meu espírito", pois estava sendo morto por mãos de outros, enquanto Jesus disse "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito" (Lc 23:46), pois ele não foi morto, mas entregou por si mesmo sua própria vida. Estêvão disse "Senhor, não lhes imputes este pecado", enquanto o Senhor na cruz disse "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem" (Lc 23:34).
Alguém poderia não concordar com o fato de o cristão perdoar seus algozes, enquanto aqueles mártires do princípio das dores estarão clamando por vingança. Alegar que devemos agir de uma determinada maneira só porque está na Bíblia é não entender que existem pessoas, situações e propósitos que diferem neste mesmo volume da Palavra de Deus. Se você não entender as dispensações vai misturar tudo.
A mesma Bíblia nos fala do discernimento, de dividir bem a Palavra da Verdade, portanto é melhor se acostumar com a ideia de que Deus tem dois povos, um terreno, formado por Israel, e um celestial, formado por judeus e gentios convertidos a Cristo na atual dispensação. Quando a Igreja for arrebatada da terra Deus voltará a tratar com seu povo terreno, Israel, que por fim irá habitar a terra com os gentios que se converterem ao Messias na abertura do reino milenial de Cristo.
Quer um exemplo das diferenças entre Israel e Igreja? O louvor. Muitos cristãos cantam os Salmos como se fossem hinos adequados ao cristão. É certo que alguns até se enquadrem em algumas palavras, mas eles são essencialmente hinos judaicos. Anotou o que eu disse? Os Salmos não são hinos cristãos. Se você discorda, tente compor um hino cristão com estes versos tirados dos Salmos:
“Certamente Deus esmagará a cabeça dos [meus] inimigos, o crânio cabeludo dos que persistem em seus pecados... para que [eu] encharque os pés no sangue dos inimigos, sangue do qual a língua dos cães terá a sua porção... Puseste os meus inimigos em fuga e exterminei os que me odiavam... Fiquem órfãos os seus filhos e a sua esposa, viúva. Vivam os seus filhos vagando como mendigos... Feliz aquele que pegar os seus filhos e os despedaçar contra a rocha!” (Sl 68:21-23; 18:40; 109:9-10; 137:9).
Você cantaria isso em seu louvor a Deus? Acredito que não. Porém saído da boca de um israelita do Antigo Testamento estaria perfeito, pois afinal estas palavras são letras de seus Salmos e Cânticos de libertação e louvor. Todavia, na doutrina dos apóstolos aprendemos a interceder pelos que nos fazem mal: “Abençoem aqueles que os perseguem; abençoem, e não os amaldiçoem... Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber... Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem.” (Rm 12:14, 20-21).
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)