https://youtu.be/rkdsKUOSNS8
A passagem de sua dúvida é esta: "Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus. ASSIM FORAM ALGUNS DE VOCÊS. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus" (1 Co 6:9-11).
Sua dúvida é como pode ser dito que fomos assim se ainda somos capazes de praticar todos esses pecados descritos ali. A esta altura de sua vida cristã você já deve ter percebido que o potencial para praticar o mal continua em você, mesmo depois da conversão. Então o que quer dizer a passagem? Que no seu caso não houve uma conversão real e é melhor desistir da ideia de ter a salvação eterna? De modo algum.
Geralmente quem vem de uma herança cristã fundamentalista católica ou protestante tem dificuldade de entender isso porque não considera que o crente em Cristo possua agora duas naturezas: a velha, chamada carne ou velho homem, que nunca irá melhorar e para a qual Jesus deu um ponto final na cruz, e a nova natureza, nascida de Deus que é perfeita. O ser responsável continua sendo você mesmo, mas estas duas estarão atuando em você mais ou menos, conforme seu grau de comunhão com Deus.
No catolicismo e protestantismo fundamentalistas, e também em algumas religiões evangélicas mais recentes, existe uma tentativa de melhorar a carne ou o velho homem, do mesmo modo como a funerária tenta melhorar o cadáver com maquiagem e terno novo. Mas continua sendo um cadáver.
Então o que significa a passagem de 1 Coríntios 6? Significa que você agora é nova criação aos olhos de Deus, que as coisas velhas já passaram e que tudo se fez novo. E também que você mudou de posição aos olhos de Deus. Quando ele olha para você não vê mais um descendente de Adão, da linhagem que teve seu fim na cruz, mas alguém criado em Cristo Jesus para uma herança eterna. Deixe-me explicar:
Digamos que um menor marginal entre na padaria e roube um doce. O funcionário vê, aciona a polícia, o policial verifica a ficha do meliante no computador da viatura e descobre sua longa folha de condenações. Ele é recolhido a uma instituição. É um ladrão.
Agora digamos que seu filho pequeno, criado com boa educação e com todos os recursos, faça a mesma coisa. O funcionário avisa você, que passa no caixa, paga pelo doce e dá uma bronca no menino. Ele roubou, mas será que a polícia o consideraria um ladrão? Seria ele recolhido a uma instituição para menores infratores? Não, porque existe uma diferença entre ser ladrão e praticar um roubo.
Aos olhos de Deus nós éramos como o menino marginal, com uma longa ficha de crimes perante a justiça. Agora não somos mais assim. Não que sejamos incapazes de praticar qualquer uma daquelas coisas, mas temos agora uma nova identidade que não é a do malfeitor do passado. A dificuldade de entender que temos duas naturezas — a velha, que não pode melhorar porque está arruinada, e a nova, que não pode melhorar por ser perfeita — levou ao equívoco até alguns tradutores da Bíblia. Veja esta mesma passagem de diferentes versões da Bíblia:
"Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca." (1 João 5:18 - Almeida Corrigida Fiel).
"Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive pecando; antes o guarda aquele que nasceu de Deus, e o Maligno não lhe toca." (1 João 5:18 - Almeida Revista e Atualizada).
A segunda versão está errada, por não distinguir que o apóstolo João fala da nova natureza, que é nascida de Deus. Como poderia uma natureza nascida de Deus pecar se é perfeita? A velha natureza nasceu "do sangue,... da vontade da carne,... da vontade do homem" (Jo 1:13), mas não de Deus. O novo homem "é nascido de Deus" (1 Jo 5:18).
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)