https://youtu.be/JPy6mjcyE5E
Você perguntou como entender quando uma menina de dez anos, que crê em Cristo como seu Salvador, é violentada por um pedófilo. Realmente não dá para entender tamanha crueldade, mas não podemos nos esquecer de que vivemos em um mundo arruinado pelo pecado, do qual o próprio Filho de Deus foi expulso quando veio aqui querendo reinar. É como se Deus dissesse a este mundo: "Ok, vocês estão entregues à própria sorte".
Isso poderia até fazer sentido para os incrédulos deste mundo, mas porque coisas ruins acontecem também com cristãos? Bem, todos nós fomos incrédulos algum dia, não fomos? Portanto estamos imersos no mesmo ambiente que foi arruinado pelo pecado e o fato de sermos cristãos não nos isenta dos problemas e terrores deste mundo. A diferença é que o crente não sofre sozinho, tem o Senhor a ampará-lo, e se porventura perder sua vida aqui pode ter a certeza de ser recebido por Cristo no Lar eterno.
Se Deus permitiu que isso acontecesse a uma criança de dez anos é porque ele de algum modo irá cuidar dela. O crente em Cristo descansa no fato de Deus ser justo, ainda que sofra, não concorde ou não entenda essas coisas. Uma vez li o diálogo de um homem que havia perdido seu filho pequeno com um cristão. Ele reclamou: "Onde estava o seu Deus quando meu filhinho era morto?", ao que o outro respondeu: "No mesmo lugar onde estava quando o Filho de Deus era morto".
Obviamente quando uma criança ou adulto cristãos passam por sofrimentos inimagináveis e injustos nas mãos de algum marginal ou psicopata, alguém que se diz cristão, mas com uma mente tão pervertida e perversa quando a do estuprador dessa menina, tentará colocar a culpa do que aconteceu nos pais ou na própria criança, sem perceber que nem tudo neste mundo acontece por culpa da vítima.
É certo que colhemos aquilo que semeamos aqui, mas existem situações quando não semeamos nada, mas Deus quer nos usar para um propósito. Foi como no caso do cego de nascença, cuja tragédia era uma incógnita para os discípulos de Jesus. "Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?" perguntaram os discípulos perplexos. "Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus." (Jo 9:2-3). Por mais trágico que fosse ele ter nascido cego, Deus permitiu assim porque tinha um propósito e é o que diz o restante do capítulo.
Nem sempre descobrimos esse propósito para o nosso sofrimento ou das pessoas que amamos, ou da menina de dez anos, mas se sabemos que Deus está no controle de todas as coisas, nada fazemos senão confiar. Quando passei por uma cirurgia precisei confiar no cirurgião, porque a partir de certo momento eu estaria anestesiado e nem faria ideia do que estaria acontecendo. Felizmente Deus guiou suas mãos e continuo aqui por enquanto. Mas sei que um dia também serei chamado para o Lar celestial, ou pela morte ou pela vinda de Cristo para buscar os que lhe pertencem.
Mas muitos cristão não entendem isso. Um dia passei em frente a uma dessas "igrejas" neo pentecostais e sob o nome da organização havia uma frase: "Não sofra mais!". A intenção clara era de atrair incautos a se fazerem membros daquela religião para encontrarem nela o alívio para o sofrimento, obviamente com o pagamento de algum dízimo, oferta, sacrifício, voto ou seja lá o nome que tenham inventado para engordar os bolsos do pastor.
Uma das grandes mentiras dos pregadores neo pentecostais é negar o sofrimento do crente em Cristo. Muitos deles ensinam que se um crente está sofrendo é por não ter fé ou por estar andando em desobediência a Deus, esquecendo que Cristo sofreu e nunca houve ninguém mais santo do que ele. E É em sua Palavra que encontramos algo que contraria todo o ensino de que o crente esteja imune ao sofrimento: "Foi-me bom ter sido afligido" (Sl 119:71). E referindo-se diretamente ao seu próprio sofrimento e morte, o Senhor declarou: "Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto." (Jo 12:24).
Minha mãe costumava dizer que se esta vida fosse boa ninguém iria querer sair daqui para morar no céu. Ela já se mudou para lá e dois dias antes de partir, depois de lutar seis meses com um câncer que se espalhou por seu corpo e ossos, ela me falou, apontando para o céu que via da janela: "Filho, o Senhor vem me buscar por ali". Então chamou minha irmã para dizer o vestido com o qual queria ser sepultada e deu instruções finais sobre os lugares onde guardava documentos e outras coisas. Ela estava pronta para se encontrar com seu Senhor.
Costumamos pensar que apenas o que é bom é bom, nos esquecendo que o bom é inimigo das "coisas mais excelentes" (Fp 1:10). O apóstolo Paulo sabia discernir isso quando escreveu que suas prisões eram excelentes, mesmo que teria sido melhor do ponto de vista humano que ele não estivesse na cadeia.
"Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as coisas que me aconteceram têm, antes, contribuído para o progresso do evangelho; de maneira que as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais; e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus." (Fp 1:12-14). O apóstolo reconhecia também que não era prisioneiro dos romanos, mas do Senhor, que é como se identifica na carta aos Efésios: "Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor" (Ef 4:1).
Mas voltando ao assunto da menina de dez anos que foi estuprada, você não deve ignorar que no início do cristianismo meninos e meninas adolescentes eram escravizados para trabalhar em prostíbulos romanos ou vendidos para famílias como escravos sexuais. Aquelas crianças, filhas de pais cristãos, eram sistematicamente estupradas e torturadas por seus senhores e clientes de bordéis. Na Roma de então a pedofilia era aceita, desde que não praticada com crianças romanas, e nas famílias pagãs o marido ou a mulher podiam ter escravos amantes.
Não sabemos se aquela menina serva de Naamã teria sido violentada pelos seus captores antes de ter sido vendida como escrava. Você encontra a história em 2 Reis 5. A menina, cujo nome nem sabemos, viveu séculos antes do Novo Testamento e provavelmente teria sido sequestrada como parte do espólio de guerra, mas o que ficou sobre ela foi o testemunho que deu para patrão ser salvo. Eu tenho absoluta certeza de que aquela menina não levou sequelas para o lugar onde está agora na presença do Senhor e deve se sentir honrada por ser usada por Deus, mesmo que na condição passageira de uma escrava.
Vivemos em terreno inimigo e nunca devemos nos surpreender quando coisas ruins acontecem com cristãos. Será que já nos esquecemos de que os primeiros irmãos eram empalados, queimados, decapitados (como Paulo foi) ou lançados vivos para serem destroçados por leões? E tudo isso como parte do "Rock-in-Rio" daquela época, com toda a pompa e circunstância das autoridades e o polegar para baixo da platéia em delírio.
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)