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A morte para o cristao que peca e' bencao ou castigo?



https://youtu.be/p2b7AIThfJ0

Você escreveu entendendo que em Corinto havia muitos irmãos e irmãs que tinham sido levados prematuramente (mortos) por não discernirem o corpo do Senhor. Então você pergunta se aqueles que o Senhor assim recolhe estariam sofrendo uma disciplina ou castigo, como pode esse castigo ser transformada tão rapidamente em bênção, se Paulo diz que o morrer é ganho?

A passagem que citou é esta: "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem. Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo." (1 Co 11:28-32).

Se ler o contexto todo verá que a ceia havia se transformado em uma refeição comum, e pior até, pois os irmãos se atropelavam para avançar sobre o pão e o vinho, comendo e bebendo demais. A displicência com que estavam tratando a ceia já trazia resultados visíveis, que era um número fora do normal de irmãos e irmãs enfermos ou mortos (os "muitos que dormem").

Um paralelo que pode ser feito é o do símbolo de uma pátria, como a bandeira. Existe toda uma exigência de respeito e solenidade no modo como a bandeira deve ser tratada, e quando vemos no noticiário uma bandeira de um país sendo cuspida, pisoteada e queimada por opositores, entendemos bem a gravidade da situação. É como se estivessem cuspindo, pisoteando e queimando o próprio país; é como uma declaração de guerra.

Enfermidade e morte são algumas das maneiras como o Pai disciplina seus filhos. Quando um filho seu não anda de forma a servir de testemunho neste mundo, Deus pode simplesmente chamá-lo para o Lar, interrompendo sua vida aqui. É isto que a Bíblia chama de "pecado para a morte" (1 Jo 5:16). O crente é salvo mesmo assim, mas teve uma vida desperdiçada e perdida, saindo daqui de mãos abanando, sem direito a galardão ou recompensa. Se estava pronto para ir para o céu graças ao sacrifício de Cristo, não estava preparado para viver na terra como um testemunho para ele.

Portanto, comer e beber a ceia como se fosse uma simples refeição, uma coisa comum ou sem fazer um juízo próprio, é comer e beber "indignamente". Quem age assim é culpado, não apenas de desonrar a Pessoa ali representada, mas também de menosprezar seu corpo e seu sangue representados pela "bandeira" do pão e vinho, por tratá-los com tamanha indiferença.

A ceia não é o momento para pensarmos em nossos pecados ou confessá-los a Deus, mas devemos estar cientes de nossa extrema culpa que demandava o juízo divino. Estamos ali conscientes de que essa demanda de juízo foi satisfeita pelo valor infinito do sofrimento de Cristo, que na cruz recebeu o juízo em nosso lugar. Para o cristão não deveria existir um momento mais importante e solene do que este em que ele recorda, a pedido do Senhor, a Pessoa e causa primeira de sua salvação eterna.

A ceia não tem nada de mágico associada a ela. O Senhor simplesmente pediu para fazermos aquilo em memória dele, com pão e vinho simbolizando seu corpo morto e seu sangue derramado. Não saímos da ceia mais espirituais ou energizados, apenas cumprimos o pedido do Senhor. Recordamos dele e anunciamos sua morte até que venha.

É como sermos convidados por alguém que sofreu um acidente para irmos à sua casa ver as fotos do que aconteceu. Chegando lá ele nos abre o álbum de fotografias na página onde há uma foto do seu corpo na maca sendo atendido pelos socorristas, e outra foto com uma poça de sangue no asfalto. Duas fotos extremamente significativas para nosso anfitrião, que ele faz questão de nos mostrar.

O Senhor nos convidou a ver duas fotos — corpo e sangue — no "álbum" de sua vida e obra, mas no momento da ceia apenas essas fotos. Seria indelicado você, na casa de seu anfitrião, tentar sair daquela página para ver as fotos que vinham antes ou depois do acidente. Você foi convidado para ter sua atenção toda colocada naquilo que para ele foi um divisor de águas, um marco em sua vida e de sua família. As fotos de antes são de sua vida normal; as fotos depois mostram seu anfitrião já recuperado do acidente. O que ele quer que você veja é o que aconteceu entre uma coisa e outra.

Assim na ceia não nos ocupamos com o Jesus dos evangelhos em sua vida santa aqui. Também não nos ocupamos com o Cristo ressuscitado, como sabemos que ele está. O foco de toda nossa atenção está naquelas duas fotos: corpo e sangue, representados por pão e vinho.

Também não nos ocupamos com nossas fraquezas ou pecados, pois a ordem é "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice" (1 Co 11:28). Ou seja, examinamo-nos para estarmos bem cientes de que estamos ali somente por graça e misericórdia, e assim comemos. Não é existe alternativa; não diz coma ou deixe de comer se achar melhor. "E, assim, coma do pão, e beba do cálice". É imperativo.

Voltando à sua dúvida, os que chegam a esse ponto de precisarem ser tirados da terra por sua indiferença ou mesmo por rebeldia vão para o Senhor de mãos vazias. As obras do crente serão julgadas (não ele, que já está salvo) e não é motivo de alegria chegar lá de mãos abanando. Não é apenas o céu que deve ser a meta do crente, mas fazer a vontade de seu Senhor. "Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal." (2 Co 5:10).

Aqueles que estão interessados só em ir embora deste mundo para estar com o Senhor, talvez não estejam querendo isso por causa do anseio de estarem na companhia do Senhor, mas para se livrarem de suas responsabilidades e de seu testemunho nesta vida. Estes também terão a alma salva mas a vida perdida. Desperdiçaram o único tempo que tiveram para glorificar a Deus em uma terra estranha e hostil.

"Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo." (1 Co 3:8-15).

Não confunda o fato de Deus levar alguns pela morte por serem inaptos a viverem como cristãos, com a bendita esperança que Paulo descreveu quando chegava sua hora de partir. Repare nas palavras de Paulo, que elas são de total submissão a Cristo e visando o bem dos irmãos e a glória de Deus, não a própria.

"Segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor. Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne. E, tendo esta confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos vós para proveito vosso e gozo da fé." (Fp 1:20-25).

Também não se pode declarar que todo crente que morre prematuramente esteja sendo alcançado por uma disciplina por mau comportamento ou por não ter discernido o corpo e o sangue de Jesus nos símbolos usados na ceia. A morte prematura de um crente fiel pode ocorrer quando Deus quer fazer dele um exemplo e encorajamento para outros. É o caso dos mártires que morrem por sua fé.

Agora repare no contraste com as passagens que falam da morte prematura de crentes por pecado ou mau testemunho: "Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas presente no espírito, já determinei, como se estivesse presente, que o que tal ato praticou, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, juntos vós e o meu espírito, pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo, seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus." (1 Co 5:3-5).

Quando somos salvos Deus tem obras preparadas para andarmos nelas. São obras dele e o privilégio é nosso de ele permitir que as façamos. "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas." (Ef 2:10).

Então, considerando que ao chegarmos no céu iremos depositar nossas coroas, ou os prêmios por essas obras, aos pés do Senhor, reconhecendo que tudo veio dele e para ele, eu pergunto: Que coroa terão para apresentar aqueles que precisaram ser tirados prematuramente da terra por negligência e displicência?

"Os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, e adoravam o que vive para todo o sempre; e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas." (Ap 4:10-11).

por Mario Persona


Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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