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Podemos ou nao ter agora a certeza da salvacao?



https://youtu.be/8ZWrbFbTgR8

A certeza da salvação eterna do crente é algo que a Palavra de Deus nos dá em várias passagens, tanto diretamente quanto na forma de figuras. "Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus." (1 Jo 5:1), e esse novo nascimento nem mesmo começou de uma decisão nossa, nem "da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus" (Jo 1:13). Se cremos em Cristo é porque fomos "de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre." (1 Pe 1:23). "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus." (Ef 2:8-9).

Depois em várias passagens somos assegurados dessa confiança que podemos ter: "E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão." (Jo 10:28). Se fosse possível perder esta vida eterna, ela deixaria de ser eterna. Nenhum daqueles que estiverem no lago de fogo poderão olhar para traz e dizer, desconsolado: "E pensar que um dia eu tive vida eterna!". Jesus mesmo garantiu: "Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida." (Jo 5:24). Então, partindo do princípio de que todo verdadeiro crente pode ter aqui e agora a certeza de sua salvação eterna, vamos passar à sua pergunta.

Sua dúvida está em como esse homem, que Paulo ordena que "seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus" (1 Co 5:5) poderia se considerar salvo se aí diz que só poderia ter certeza de sua salvação "no dia do Senhor Jesus". Você pergunta se não seria aqui nesta vida que poderíamos ter esta certeza, e como conciliar isso com João 5:24 que diz que a salvação já é uma questão já resolvida em vida, e não depois da morte.

A assembleia tem poder e autoridade do Senhor para julgar e condenar pecado, mas não de entregar alguém a Satanás para ser morto. Os apóstolos tinham poder e autoridade para entregar a Satanás, ou seja, permitir que este tocasse a carne da pessoa para matá-la. Jó foi entregue a Satanás, mas com a condição de que não fosse morto. Ananias e Safira foram entregues e mortos em Atos 5. Paulo entregou outros a Satanás por estarem em "pecado para morte" (1 Jo 5:16-17). "E entre esses foram Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar." (1 Tm 1:20).

Mas mesmo sem terem sido formalmente entregues pelos apóstolos a Satanás para a "destruição da carne", muitos na assembleia de Corinto padeciam de enfermidades ou tinham morrido por tratarem com displicência a ceia do Senhor. Eram pessoas salvas, mas com suas vidas perdidas.

Tratando agora principalmente deste caso de pecado na assembleia de Corinto, considerando que Paulo está escrevendo, não ao homem que pecou, mas aos outros irmãos da assembleia, creio que esteja dando a eles perspectiva correta e exterior de quem observa a pessoa, e não da pessoa em si. Seria possível alguém colocar em dúvida a certeza da salvação daquele homem envolvido com algo tão degradante? Sem dúvida, porque só podemos analisar a fé de alguém por suas obras e conduta. É disso que Tiago fala:

"Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras." (Tg 2:17-18). Em Tiago encontramos essa avaliação horizontal entre duas pessoas, "tu tens a fé... mostra-me a tua fé...", mas a análise perfeita só pode ser feita por Deus, que conhece os corações, e é o que encontramos em Romanos:

"Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus. Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça. Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo: Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, E cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado." (Rm 4:2-8).

Quando uma assembleia recebe alguém à comunhão à mesa do Senhor, ela confia no testemunho da pessoa — suas palavras, obras e conduta — de que ela realmente é convertida a Cristo. A assembleia irá daí em diante considerar que aquela pessoa crê em Cristo e está salva, porque foi assim e com base no seu próprio testemunho que ela foi recebida à comunhão.

Ao agir em disciplina contra uma pessoa que praticou um grave pecado que desonra o nome de Cristo a assembleia continua acreditando estar tratando com um cristão genuíno, mas sem deixar de considerar que somente Deus conhece os corações. Depois de alguns anos congregado ao nome do Senhor você acaba descobrindo que muitos que um dia pareciam convertidos e firmes na fé tomaram um rumo que negava totalmente o Senhor em quem que um dia disseram crer. Nada de estranho aí se nos lembrarmos do alerta do apóstolo João:

"Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós." (1 Jo 2:18-19).

Judas, em sua epístola, também fala desses, ao dizer que "se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo... Estes são manchas em vossas festas de amor, banqueteando-se convosco, e apascentando-se a si mesmos sem temor... Estes são os que causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito." (Jd 1:4, 12, 19).

Repare que eram pessoas que estavam integradas ao testemunho cristão, participando de tudo, às vezes até ensinando ou "pastoreando", como Judas diz, mas que nunca tiveram o Espírito Santo, ou seja, nunca foram salvas.

Em uma assembleia, uma ação disciplinar para algo tão grave quanto o pecado cometido pelo homem de Corinto é também um teste que irá revelar se a pessoa apenas caiu em pecado ou voltou ao que sempre foi, ou seja, não passava de um falso professo. A disciplina pode servir como o ácido que é jogado sobre um metal precioso para revelar o que existe debaixo da crosta de sujeira.

Existem casos em que a pessoa não só revela não ter metal precioso algum debaixo daquela sujeira, como acaba revelando sua verdadeira natureza de inimizade contra Deus. Sei de um que se tornou ateu depois de um ação disciplinatória. Por isso entendo que o que Paulo estava querendo dizer por "seja salvo no dia do Senhor Jesus" seria algo do tipo "vamos deixar que o dia do Senhor Jesus manifeste se existia algum ouro debaixo dessa sujeira toda".

Pedro chama falsos crentes de "porcas lavadas", porque tinham sido santificados pela separação do mundo e por estarem numa esfera de santidade num rebanho de crentes, mas que nunca foram ovelhas. Eram como porcas e cães, animais impuros segundo o judaísmo.

"E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita." (2 Pe 2:1-3).

"Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama." (2 Pe 2:20-22).

O "dia do Senhor Jesus" será quando ele irá descer dos céus com todos os santos que tiverem sido ressuscitados ou arrebatados uns sete anos antes. Do ponto de vista da terra, ninguém saberia dizer com certeza quem esteve entre esses ressuscitados ou arrebatados, por isso eles serão todos manifestos ao mundo no "dia do Senhor Jesus Cristo".

"Porque nenhumas outras coisas vos escrevemos, senão as que já sabeis ou também reconheceis; e espero que também até ao fim as reconhecereis. Como também já em parte reconhecestes em nós, que somos a vossa glória, como também vós sereis a nossa no dia do Senhor Jesus." (2 Co 1:13-14).

É nesse dia que ele será admirado por todos nos céus e na terra pela salvação, pois virá junto com os salvos... "quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que creem (porquanto o nosso testemunho foi crido entre vós)." (2 Ts 1:10).

Concluindo, entendo que quando Paulo fala do homem de 1 Coríntios 5, que estava prestes a receber juízo de morte física por causa de seu testemunho, ele esteja se referindo a esse "dia do Senhor Jesus" quando tudo ficar manifesto e quando não ficará qualquer sombra de dúvida de quem é ou não do Senhor.

por Mario Persona

Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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