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Se a mulher nao ensina, como Priscila ensinou Apolo?



https://youtu.be/FKrIzonVot0

Sua dúvida é de como entender o versículo de 1 Timóteo 2:12, que diz que a mulher não deve ensinar, quando nos deparamos com a passagem de Atos 18:26 onde Priscila aparece juntamente com seu marido ensinando Apolo. Será que quando uma irmã tem mais experiência e conhecimento bíblico que o marido ela poderia ajudá-lo a entender melhor alguma passagem, caso ele esteja equivocado ao explicá-la a outros? Mas não seria proibido ela ensinar o marido?

As passagens que tratam deste assunto são estas: "E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio." (1 Tm 2:12), e "Priscila e Aquila, o levaram [Apolo] consigo e lhe declararam mais precisamente o caminho de Deus" (At 18:26).

Muitas irmãs se converteram antes de seus maridos e eventualmente podem conhecer melhor a Palavra, o que às vezes causa certo desconforto para o varão. A primeira coisa que ele deve fazer é correr atrás do prejuízo e procurar ler e aprender mais, e não oprimir sua esposa só para não ter seu orgulho próprio ferido por ela conhecer mais.

Pode ser também de a mulher ter uma maior comunhão com o Senhor e melhor discernimento de como agir em determinadas situações, mas isso não significa que ela esteja atropelando a autoridade do marido. Temos exemplos disso na Palavra de Deus, como na passagem em que Sara tinha razão e Abraão não. Por isso Deus ordenou ali a Abraão que escutasse Sara:

"E cresceu o menino, e foi desmamado; então Abraão fez um grande banquete no dia em que Isaque foi desmamado. E viu Sara que o filho de Agar, a egípcia, o qual tinha dado a Abraão, zombava. E disse a Abraão: Ponha fora esta serva e o seu filho; porque o filho desta serva não herdará com Isaque, meu filho. E pareceu esta palavra muito má aos olhos de Abraão, por causa de seu filho. Porém Deus disse a Abraão: Não te pareça mal aos teus olhos acerca do moço e acerca da tua serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em Isaque será chamada a tua descendência." (Gn 21:8-12).

Priscila talvez conhecesse melhor as Escrituras que seu marido, e no caso daquela interação com Apolo a mansidão, graça e suavidade da presença feminina também teria servido para amainar o temperamento forte, energético e voluntarioso de Apolo. Em empresas onde homens e mulheres trabalham juntos o nível de agressividade dos homens tende a ser menor.

Nas passagens em que esse casal é citado, quando o assunto era a ordem no matrimônio, sendo o homem cabeça da mulher, o Espírito Santo teve o cuidado de colocar primeiro o nome de Áquila e depois o de Priscila:

"E, achando um certo judeu por nome Aquila, natural do Ponto, que havia pouco tinha vindo da Itália, e Priscila, sua mulher (pois Cláudio tinha mandado que todos os judeus saíssem de Roma), ajuntou-se com eles." (At 18:2).

"As igrejas da Ásia vos saúdam. Saúdam-vos afetuosamente no Senhor Áquila e Priscila, com a igreja que está em sua casa." (1 Co 16:19).

Mas quando o contexto tem a ver com o entendimento da Palavra e a cooperação que Priscila podia dar nessas situações, o nome dela vem antes do nome de seu marido, muito provavelmente por ela ter maior conhecimento das Escrituras e um melhor discernimento.

"E Paulo, ficando ainda ali muitos dias, despediu-se dos irmãos, e dali navegou para a Síria, e com ele Priscila e Áquila, tendo rapado a cabeça em Cencreia, porque tinha voto." (At 18:18).

"Ele começou a falar ousadamente na sinagoga; e, quando o ouviram Priscila e Áquila, o levaram consigo e lhe declararam mais precisamente o caminho de Deus." (At 18:26).

Se este raciocínio estiver correto podemos considerar que Romanos 16:3-4 não esteja limitado a uma cooperação do tipo lavar a roupa, mas efetivamente cooperar na Palavra como ela havia cooperado no caso de Apolo e nesta passagem está disposta a sofrer por sua fé em Cristo.

"Saudai a Priscila e a Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus, os quais pela minha vida expuseram as suas cabeças; o que não só eu lhes agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios." (Rm 16:3-4).

Mas continua sendo mais significativa a passagem em que "Priscila e Áquila, o levaram [Apolo] consigo e lhe declararam mais precisamente o caminho de Deus.". Ali fica muito claro que ela teve participação ativa em declarar com maior precisão o caminho de Deus a Apolo, ainda que tenha feito isso dentro da ordem estabelecida por Deus, que foi em sujeição ao marido e no recôndito de seu lar, e não de forma independente e pública como é comum encontrarmos na cristandade atual.

Mas como fica essa situação de Priscila à luz da proibição de 1 Timóteo 2? Ali o Espírito Santo deixa claro que à mulher é vedado ensinar: "E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio." (1 Tm 2:12). Quando consulto o dicionário grego vejo que o verbo "ensinar" aí é "didasko", mas lá em Atos 18:26, "Priscila e Áquila, o levaram consigo e lhe declararam mais precisamente o caminho de Deus", o verbo "declarar" (ARC) ou "expor" (ARA) é "ektithemi" em grego.

Não sei grego, mas já percebi que para entender o sentido exato de uma palavra é bom procurar onde ela aparece no grego em outras passagens. No caso de "ektithemi" este verbo no Novo Testamento aparece, além da passagem de Priscila e Áquila e Atos 18:26, também em Atos 11:4 e 28:23. Veja em que sentido ele é usado nestas duas outras passagens:

"Mas Pedro começou a fazer-lhes uma exposição [ektithemi] por ordem, dizendo: Estando eu orando na cidade de Jope..." (At 11:4).

"E, havendo-lhe eles assinalado um dia, muitos foram ter com ele à pousada, aos quais declarava [ektithemi] com bom testemunho o reino de Deus, e procurava persuadi-los à fé em Jesus, tanto pela lei de Moisés como pelos profetas, desde a manhã até à tarde." (At 28:23).

Fica claro que em Atos 11:4 Pedro apenas expunha os detalhes do que tinha acontecido em sua visita a Jope. Quanto a Atos 28:23, me parece que o discurso de Paulo teve primeiro a intenção de expor ou declarar [ektithemi] sobre o Reino de Deus, enquanto persuadia [peitho] seus ouvintes a crerem em Jesus.

Quanto ao termo grego "didasko", da proibição de 1 Timóteo 2:12, ele aparece quase cem vezes no Novo Testamento e sempre com a conotação de ensino, como quando Jesus ensinava nos evangelhos, como um professor que ensina seus alunos uma lição que precisam aprender a lição. Enquanto isso, "ektithemi", usado para a exposição que Priscila fez na companhia e sob a autoridade de seu marido Áquila, tem o sentido de falar a respeito de algo, não necessariamente de um ensino formal. Existe ainda uma ocorrência de "ektihemi" na versão grega do Antigo Testamento em Atos 7:21, que em português foi traduzido como verbo criar no sentido da instrução dada por uma mãe a seu filho. "E, sendo [Moisés] enjeitado, tomou-o a filha de Faraó, e o criou como seu filho.".

Para mim, que tenho por profissão ministrar palestas de assuntos empresariais, fica bem fácil perceber a diferença. Quando eu lecionava Marketing numa faculdade e num curso de MBA eu ensinava um assunto bem específico aos meus alunos; mas quando faço uma palestra do mesmo tema faço uma exposição genérica, instrutiva e informativa sobre um assunto, sem entrar em detalhes ou ter a preocupação de fazer uma prova no final para dar notas à minha audiência.

Outras dúvidas costumam surgir relacionadas a este assunto quando encontramos as filhas de Filipe profetizando em Atos 21:8, pois certamente elas tinham esse dom e profetizar significa falar da parte de Deus. Mesmo assim acredito que sua profecia, que não necessariamente tinha a ver com previsão de eventos futuros, teria mais um sentido declaratório ou de aviso, como quando em Mateus 28 o anjo, e depois o próprio Senhor, ordenaram a Maria Madalena e à outra Maria que avisassem os discípulos que ele tinha ressuscitado.

Mas se continuar lendo o texto em Atos verá que as filhas de Filipe faziam isso na casa de seu pai e sob sua autoridade, e mesmo assim quando Deus precisou enviar uma mensagem a Paulo, não usou as filhas de Filipe, mas um profeta varão chamado Agabo.

As filhas de Filipe, mesmo sendo profetizas e usadas pelo Espírito Santo na esfera que lhes era apropriada, tinham limitações quanto ao lugar e ocasião em que o Espírito Santo poderia usá-las. Elas certamente nunca fariam isso numa pregação ou reunião pública, como a da igreja, considerando a ordem explícita de 1 Coríntios 14:34 de que as mulheres devem permanecer calada nessa ocasião, e reforçando ser isso "mandamento do Senhor" que Paulo ensinava "em todas as igrejas dos santos" (1 Co 14:33-40).

http://www.respondi.com.br/2012/07/as-mulheres-tambem-tem-dons.html

por Mario Persona

Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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