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Voce confia nessa versao catolica da Biblia?



https://youtu.be/ddHfnu2TjxM

Você escreveu dizendo que no parágrafo sétimo do artigo "Por que você afasta as pessoas da única Igreja que pode salvar?" eu estaria afirmando que aceito a Bíblia na versão da CNBB. Você continua dizendo que eu estaria "engrossando assim as fileiras dos que desprezam a Bíblia baseada nos Textos Receptus e adotam as traduções/versões da bíblia baseadas nos textos críticos.". Você também encaminhou a imagem de uma versão cujo autor comenta a supressão do verso 37 capítulo 8 de Atos de algumas versões da Bíblia, e pede que eu responda à sua perplexidade causada por minha atitude.

É bom saber de sua "perplexidade" que certamente vem do desejo de ser o mais fiel possível às coisas de Deus, mas quando uso uma versão da Bíblia eu o faço com um objetivo. O artigo que leu ou assistiu em vídeo era minha resposta endereçada a um católico, portanto, como dizia Paulo, "fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei." (1 Co 9:20). Achei apropriado citar para um católico um versículo de uma de suas versões a fim de ele poder ter a certeza de que não estou inventando ou que aquilo só exista numa "Bíblia protestante", como costumam chamar.

Normalmente não leio essa versão CNBB e nem sei se é boa ou ruim (sei que a versão Bíblia de Jerusalém tem seus méritos), pois prefiro a Almeida Revista e Corrigida ou a Revista e Atualizada. No "Evangelho em 3 Minutos" uso a NVI - Nova Versão Internacional, que eu mesmo não leio e sei que tem muitas falhas. Mas eu a utilizo nas mensagens do "Evangelho em 3 Minutos" por ela ter uma linguagem livre dos arcaicos pronomes "tu", "vós", e conjugações de verbos pouco compreendidas por alguém iletrado. Mas quando percebo que a passagem está incorreta faço uma mescla e adapto pela versão Almeida Corrigida ou Almeida Atualizada. Já a "Nova Tradução na Linguagem de Hoje" da Sociedade Bíblica nem arrisco usar, pois não considero uma Bíblia, mas mera paráfrase cheia de erros e limitações de vocabulário. Afinal, o partido adotado para aquela versão foi justamente limitar seu vocabulário.

Conheço um pouco das ideias radicais do pessoal do site que publica coisas do autor da versão da Bíblia cuja cópia de página você me encaminhou. Não sei quem ele é, mas acredito que a descrição que ele faz de si mesmo no site, começando com uma tentativa de modéstia ao escrever na terceira pessoa — "Quem somos" — já diz muito da pessoa. De si mesmo ele escreve, dentre outros predicados:

"Crente literalista da Bíblia (tudo e só o que o ela DIZ, simplesmente; no seu contexto e dispensação); Crente "só-TT" (todo e só o Texto Tradicional é a Palavra de Deus perfeitamente preservada, e a Almeida 1681/1753, hoje a Almeida Corrigida Fiel-2010, da SBT, Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, é sua fiel tradução). Batista (todas e só as milenares posições dos anabatistas)... Fundamentalista (muito mais que os meros "5 pontos"), separatista bíblico, denunciador, em guerra contra todo erro doutrinário... Pregador dos fogo e enxofre do inferno, com paixão pelas almas dos perdidos.

Na minha opinião, se ele fosse um "crente literalista" como diz, não seria batista e membro de uma igreja batista, pois são coisas que não existem no texto literal dos apóstolos. Ou seja, um crente não pode ser denominacional se ele seguir a literalidade da doutrina dos apóstolos, já que nenhum deles foi batista, presbiteriano, metodista, anglicano etc. Por ser batista ele não pode sair da linha dogmática traçada por sua denominação, portanto não pode ser isento e nem imparcial.

"pregador dos fogos e enxofre do inferno" não sei dizer se ele é ou não, pois não entendi bem a expressão. Normalmente a mensagem da pregação que leva ao arrependimento não tem seu foco apenas numa pregação de "fogos e enxofre do inferno", mas, apesar de não omitir o juízo, o evangelho da graça fala principalmente do amor de Deus. São três as coisas que pregamos e que são usadas por Deus para levar uma alma à convicção de pecado: a bondade de Deus, o juízo futuro vindo de Deus e a tristeza segundo Deus, e devemos apresentá-las como alguém que oferece um banquinho para uma pessoa se sentar, mas procura ter a certeza de as três pernas do banco estarem no lugar:

"Ou desprezas tu as riquezas da SUA BENIGNIDADE, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?” (Rm 2:4).

"Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam; porquanto tem determinado um dia em que COM JUSTIÇA HÁ DE JULGAR O MUNDO, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos.” (At 17:30-31).

“Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma. Porque A TRISTEZA SEGUNDO DEUS opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.” (2 Co 7:9-10).

Quanto às versões do Novo Testamento que citou — Textus Receptus X Textus Criticus — eu não teria capacidade para falar de uma ou de outra. Não sei grego, então procuro acatar a opinião de autores que considero idôneos por duas razões: Primeiro, por terem sido versados no Grego e Hebraico, inclusive tendo traduzido a Bíblia dos originais, como é o caso de John Nelson Darby e William Kelly. Sim, ambos traduziram a Bíblia dos originais, e Darby o fez para o francês, alemão e inglês, pois era poliglota e tinha memória fotográfica, algo muito oportuno no século 19 para quem não podia entrar com um smartphone de hoje no Vaticano ou num museu para fotografar manuscritos.

A segunda razão de eu acatar o que diziam esses autores é por eles conhecerem a sã doutrina e não estarem condicionados ou amarrados a algum sistema religioso que pudesse ditar o que deviam ou não dizer do assunto. Se estivessem, como o autor da Bíblia que você citou que está ligado ao sistema batista, eles seriam obrigados a prestar contas de suas opiniões, caso elas não estivessem de acordo com os dogmas de alguma religião. Portanto eles eram autores sem vínculos com organizações religiosas e com total liberdade de serem imparciais em suas conclusões.

Darby comenta que o versículo 37, que existe na Versão Autorizada ou Textus Receptus não é genuíno, e William Kelly fala que o versículo 37 é omitido em muitas versões:

"As grandes autoridades ABCHLP, além de mais de oitenta manuscritos cursivos, a maioria cópias latinas, Pesh-Syr., Sah., Memph., exceto o manuscrito 35 de Laud, não trazem o versículo 37, que pelas evidências internas parece também ser espúrio. Pois a expressão 'o Filho de Deus' teria sido um avanço maravilhoso, como verdadeiramente encontramos em Saulo (At 9:20), mas aqui está decididamente fora de lugar se considerarmos a ignorância do etíope, como vemos no desenvolvimento da história. O versículo foi uma interpolação antiga, e não é de se espantar que aqueles capazes de fazer tal coisa tenham falhado no entendimento da verdade, indo além do que estava escrito". ["An Exposition of the Acts of the Apostles" - William Kelly]

No livro "Our Father's Will - Being a short History of the text of the New Testament" ("A vontade de nosso Pai - Uma breve história do texto do Novo Testamento") publicado por G. Morrison (vários autores), encontrei este comentário:

"'E disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus.' (At 8:37). Este versículo é omitido pela maioria dos editores modernos. Das cinco cópias gregas mais antigas (manuscritos) ele é omitido em quatro (A B C א), e a outra (D) está defeituosa neste neste lugar. H L P e muitos manuscritos cursivos também a omitem. A maioria das versões antigas também omitem o versículo. Por outro lado, E introduz o versículo, como muitos outros manuscritos cursivos, algumas das cópias Latinas, um dos manuscritos em Siríaco, e as versões Armênia e Árabe. Ele é citado por Ireneu no segundo século, por Cipriano no terceiro, e por Jerônimo e Agostinho no quarto.

Como já dissemos, o versículo é omitido pela maioria dos editores modernos (Wordsworth o mantém). Alford comenta sua inserção assim: 'A inserção parece ter sido feita para atender às fórmulas das liturgias batismais, sendo considerado estranho que o eunuco tivesse sido batizado sem fazer tal confissão'. Por outro lado, tem sido argumentado que por causa do batismo infantil alguns que não respeitavam a inspiração das Escrituras procuraram se livrar deste versículo. A preponderância das evidências apontam decisivamente contra a passagem". ["Our Father's Will - Being a short History of the text of the New Testament" - G. Morrison].

Voltando à sua dúvida sobre confiar ou não em uma versão católica da Bíblia, talvez você ignore o fato de durante quase 1500 anos as únicas oportunidades de alguém ouvir alguma passagem da Palavra de Deus vinham do contato com padres, monges, freiras e outros clérigos daquele sistema, tendo sido eles que levaram pela primeira vez o nome de Jesus e a mensagem da cruz a rincões nunca antes alcançados. São Francisco Xavier, por exemplo, foi o pioneiro a levar o nome de Cristo ao Japão muito antes que qualquer missionário protestante pisasse naquelas terras. Os protestantes chegariam apenas no século 19 depois de um longo período de proibição e perseguição a cristãos, durante o qual os "descendentes" da pregação de Francisco Xavier viveram na clandestinidade.

Algumas atitudes protestantes são tão exclusivistas quanto as da Igreja Católica, que afirma só existir salvação em seus domínios. Lembro-me da história da inauguração de uma congregação batista numa cidadezinha do interior de Goiás, quando os responsáveis pela congregação entregaram em todas as casas um folheto dizendo que finalmente o Evangelho havia chegado àquela cidade. Foram surpreendidos com um folheto do pároco local que dizia: "O Evangelho chegou nesta cidade há muito tempo".

por Mario Persona

Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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Esclarecimentos: O conteúdo deste blog traz respostas a perguntas de correspondentes, portanto as afirmações feitas aqui podem não se aplicar a outras pessoas e situações. Algumas respostas foram construídas a partir da reunião das dúvidas de mais de um correspondente. O objetivo é apenas mostrar o que a Bíblia diz a respeito das questões levantadas, e não sugerir qualquer ingerência de cristãos na política e na sociedade, no sentido de exigir que as pessoas sigam os preceitos bíblicos. O autor é favorável à livre expressão e, ainda que seu entendimento da Bíblia possa conflitar com a opinião de alguns, defende o respeito às pessoas de diferentes crenças e estilos de vida. Aqui são discutidas ideias e julgadas doutrinas, não pessoas. A opção "Comentários" foi desligada, não por causa das opiniões contrárias, mas de opiniões que pareciam favoráveis mas que tinham o objetivo ofender pessoas ou fazer propaganda de alguma igreja ou religião, induzindo os leitores ao erro.

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