https://youtu.be/7pa-oWkR20c
O versículo em Marcos 16:16 diz "Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado", e em Efésios 2:8 diz "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus." Acredito que sua pergunta devia ter outro sentido, ou seja, por que batizarmos se estes versículos mostram que o batismo não é necessário PARA A SALVAÇÃO. Se for isto que você quis dizer com sua pergunta, então a resposta é que realmente o batismo não é necessário, mas ainda assim é uma ordenança do Senhor que não devemos negligenciar.
Alguns tentam argumentar que o batismo seria sim necessário à salvação citando 1 Pedro 3:20b-22, que diz: "... na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água; que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, o batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo; o qual está à destra de Deus, tendo subido ao céu, havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potências.".
Mas um leitor atento ao contexto verá que este versículo está falando, não do batismo do cristão, mas do batismo de morte pelo qual Jesus precisou passar, para depois ressuscitar, assentar-se à destra de Deus e dominar sobre "os anjos, e as autoridades e as potências".
É nesse "batismo" de Jesus que temos o único fundamento para a salvação, do qual, "como uma verdadeira figura", deriva o batismo do crente. Quando digo "batismo de Jesus" não estou falando daquele ministrado por João Batista, mas daquele pelo qual ele precisou passar na cruz, e ao qual se referiu em linguagem figurada aos discípulos: "Importa, porém, que seja batizado com um certo batismo; e como me angustio até que venha a cumprir-se!" (Lc 12:50).
É do mesmo "batismo", com águas significando a morte, que falam as passagens dos Salmos: "Um abismo chama outro abismo, ao ruído das tuas catadupas [vagalhões]; todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado sobre mim... Puseste-me no abismo mais profundo, em trevas e nas profundezas. Sobre mim pesa o teu furor; tu me afligiste com todas as tuas ondas." (Sl 42:7; 88:6-7).
Estas passagens, que conectam as águas à morte, são corroboradas pela experiência de Jonas, que profeticamente nos remete à morte do Senhor: "Porque tu me lançaste no profundo, no coração dos mares, e a corrente das águas me cercou; todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado por cima de mim. E eu disse: Lançado estou de diante dos teus olhos; todavia tornarei a ver o teu santo templo. As águas me cercaram até à alma, o abismo me rodeou, e as algas se enrolaram na minha cabeça." (Jn 2:3-5).
Paulo faz referência à travessia do Mar Vermelho como um batismo figurado: "Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar. E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar." (1 Co 10:1-2). Assim o batismo do crente também traz essa figura de passagem pelo lugar de morte que é o fundo do mar, o que para nós só é possível porque nosso Cordeiro passou antes por esse mesmo lugar quando foi sacrificado.
É pelo "batismo" da morte de Jesus que somos salvos, não pela representação disso realizada na ordenança do batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo pelo qual hoje passamos. Para entender isso pense na ordenança do batismo nas águas como um retrato da morte de Cristo, e você entenderá que o valor não está na fotografia, mas no evento que ela representa.
Achar que o batismo nas águas tem alguma coisa a ver com salvação é o mesmo que dizer que a água tem algum poder de purificação de pecados. Além disso, se batismo salvasse, necessitaríamos de dois "salvadores" de igual valor — Jesus e a pessoa que o batiza —, e se um deles faltasse estaríamos perdidos. Imagine alguém não poder ser salvo porque a pessoa que iria batizá-lo faltou, apesar de o Senhor estar sempre disponível e pronto para salvar.
Então se sua dúvida é da não necessidade do batismo PARA A SALVAÇÃO, então é correto dizer que o batismo não é necessário para a salvação, mesmo porque o malfeitor na cruz foi salvo sem ser batizado nas águas. Mas se a sua dúvida é de que não precisamos batizar, então você está perdendo algo aí.
Quem só pensa em obedecer à Palavra de Deus de olho na salvação é como aquele noivo pobretão que só pretende se casar para dar o golpe do baú e se enriquecer com o dote da esposa. Buscar o batismo para ser salvo é uma atitude vil e interesseira. Não acredito que quem pense assim tenha realmente entendido o que é ser salvo e ter um relacionamento com Deus, vivendo para fazer sua vontade.
O Senhor disse "ide, batizai", então assim deve ser, observando que essa ordenança é uma ordem para quem batiza, não para quem é batizado. Este último apenas se submete à ordenança que é praticada por outro. Devemos acatar o pedido de Jesus, não para recebermos algo em troca, mesmo porque não existe nada de mágico no batismo que agregue alguma virtude a nós, além do fato de nos colocar exteriormente em uma nova posição, passando de pagãos a cristãos nominais.
Lembre-se de que na Bíblia você encontra até incrédulos que foram batizados. Eles podiam ser considerados cristãos porque o batismo os colocou sob uma nova responsabilidade que fez deles participantes da "casa de Deus". Esta é a esfera da profissão cristã neste mundo, a qual inclui vasos para honra e para desonra, trigo e joio. Leia em Atos 19 a história de Simão, o mago, um incrédulo interesseiro que foi batizado e passou a fazer parte da casa de Deus pelo batismo, sem nunca ter dado qualquer prova de que fora realmente salvo. Nem orar a Deus ele teve coragem de fazer.
A resposta de um coração verdadeiramente convertido a Cristo não é "O que preciso fazer para assegurar minha salvação" ou "O que devo fazer para conquistar bênçãos", mas "Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu" (Sl 40:8), seja qual for essa vontade. Encontramos que a única condição para salvação é crer em Cristo como Salvador, e isto ele deixou claro em muitas passagens, como esta: "Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida." (Jo 5:24).
Mas ele deixou também sua vontade expressa em duas ordenanças, uma pela qual passamos uma vez apenas, que é o batismo, e outra para fazermos a cada primeiro dia da semana, que é a Ceia do Senhor, quando lembramos o Senhor e anunciamos sua morte. Do batismo temos várias referências, mas bastam algumas para deixar clara a tolice daqueles que ensinam que não devemos ser batizados, pois ao alegarem isso estão se considerando mais sábios que os próprios apóstolos que levaram adiante essa comissão em diferentes momentos.
"Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28:19).
"De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas" (At 2:41).
"E Crispo, principal da sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa; e muitos dos coríntios, ouvindo-o, creram e foram batizados." (At 18:8).
Quanto à ceia, também temos não só a ordenança expressa pelo Senhor ainda antes de sua morte, e depois corroborada pela revelação que deu a Paulo depois da morte e ressurreição, mas também o exemplo dos apóstolos que a celebravam. Mais uma vez temos alguns que querem ser "mais reais que o rei" quando alegam que não precisamos celebrar a ceia lembrando o Senhor e anunciando sua morte até que venha. Ele já veio? Não, então devemos continuar fazendo isso.
Alguns mostram um misto de ignorância espiritual, falta de discernimento das Escrituras e superstição, quando tentam dizer que pão não é pão, mas uma carne resultado de uma suposta transubstanciação. Também dizem que vinho não é vinho, mas sangue produzido pelo mesmo processo mágico.
Outros seguem o mesmo caminho de impiedade quando substituem a ordenança da ceia por uma refeição compartilhada, como se comermos todos juntos de uma macarronada com frango pudesse de alguma forma apontar para o corpo e o sangue de Jesus nos fazendo lembrar dele e anunciar sua morte até que venha. Paulo ensina a revelação que recebeu:
"Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha." (1 Co 11:23-26).
No início da igreja vemos que os primeiros cristãos "perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações." (At 2:42). A confusão da ceia com uma refeição pode estar no descuido em perceber que o versículo 46 não está repetindo o 42, mas falando de outra prática dos primeiros cristãos, aí sim a de fazerem juntos suas refeições: "...e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração".
"E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a prática até à meia-noite... E subindo, e partindo o pão, e comendo, ainda lhes falou largamente até à alvorada; e assim partiu." (At 20:7-11).
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)