https://youtu.be/s_HLQa1xd50
Você escreveu perguntando por que eu insisto em afirmar que o homem foi à Lua. Não me lembro de ter parecido um promotor de viagens espaciais, mas devo sim ter tocado no assunto de passagem. Segundo você, "é a maior soberba do ser humano acreditar que o homem conseguiu sair do planeta que Deus destinou para ele viver... Eu acredito em Deus, e Deus jamais aceitaria tal soberba do ser humano diante de sua glória. Se nosso bom Deus não permitiu a conclusão da Torre de Babel, como consta no livro de Gênesis, como ele iria admitir que o homem chegasse até a Lua?".
Bem, nem eu nem você fomos à Lua para verificar se existem pegadas de astronautas por lá, então somos obrigados a nos basear nas informações que nos são passadas, e essas informações devem vir de fontes fidedignas. Você tem suas fontes de informação, mas eu tenho as minhas e acredito que elas estejam "mais perto da Lua" que as suas.
Em 1972, com dezesseis para dezessete anos, viajei aos Estados Unidos como estudante de intercâmbio para morar durante seis meses na casa de uma família norte-americana. O pai era um engenheiro que trabalhava para uma das muitas empresas fornecedoras de componentes para a NASA, e tinha sido responsável pelo projeto das baterias do programa Apollo. Wallace F. Payne era também um inventor respeitado com diversas patentes e um habitual colaborador da Wikipedia, até falecer com quase 90 anos.
Morei em sua casa tempo suficiente para perceber que ele era um homem sério e realmente entendia do assunto. Seria cômico considerá-lo participante de uma gigantesca rede conspiratória para fazer de conta que estava trabalhando no programa espacial. Sua biblioteca de livros e revistas de astronáutica e construção de foguetes me deixava encantado. Em dezembro de 1972 o Programa Apollo seria encerrado com o voo da Apollo 17, e as naves que sobraram seriam ainda utilizadas para missões em torno da Terra até 1975.
Dois anos antes de eu ir morar na casa desse engenheiro do Programa Apollo ocorreu o acidente com a Apollo 13. Se você viu o filme sabe que em determinado momento o pessoal de Houston precisou telefonar para quem tinha projetado as baterias para saber se elas seriam capazes de aguentar a viagem de volta quando a tripulação foi obrigada a utilizar o módulo lunar como barco salva-vidas. Adivinhe quem foi acordado no meio da noite por um telefonema para calcular se as baterias dariam conta do recado? Isso mesmo, você adivinhou.
Mas eu já sei que nem assim as pessoas que juram de pés juntos que o homem não foi à Lua irão acreditar que um engenheiro sério tenha trabalhado num projeto real, e não em alguma farsa ou conspiração conjunta de milhares de pessoas e empresas que forneceram os componentes do Programa Apollo.
Uns argumentam que se o homem tivesse pisado na Lua os americanos teriam continuado enviando gente para lá. Esses ignoram que a corrida espacial foi isso mesmo, uma corrida ou batalha travada na Guerra Fria entre Estados Unidos e Rússia, cada um querendo mostrar seus músculos. Finda a Guerra Fria, só faria sentido continuarem gastando bilhões para mandar pessoas para a Lua se fizesse sentido a Seleção Brasileira aparecer no estádio da última Copa do Mundo, dizendo: "Pessoal, voltamos para continuar jogando!".
A competição da Guerra Fria acabou e hoje não existem só duas nações enviando homens e equipamentos para o espaço, existem seis agências espaciais capazes de enviar homens e equipamentos para fora da Terra: China, Europa, Índia, Japão, Estados Unidos e Rússia. Além disso já se sabe que é muito mais barato enviar robôs para a Lua (como tem sido feito pela China), Marte e outros planetas, do que transportar pessoas.
A ideia de que em plena Guerra Fria os EUA teriam falsificado uma viagem à Lua só seria possível se o Feola fosse o presidente, mas ainda assim se o Garrincha fosse astronauta ele teria perguntado: "Tá legal, seu Feola... mas o senhor já combinou tudo isso com os russos?".
Para o crente nas teorias conspiratórias também não irá adiantar mostrar as fotos das sondas que hoje orbitam em torno da Lua mapeando sua superfície, muitas delas revelando em fotos as marcas dos jipes lunares num solo onde não chove e nem venta. Essas marcas permanecerão lá até a Lua desaparecer. Também será inútil falar dos instrumentos de monitoramento da distância da Lua à Terra, que hoje emitem raios laser apontados para espelhos especiais instalados pelos astronautas no solo lunar.
Eu não me importo que você não acredite que o homem foi à Lua, como não faz diferença encontrar pessoas que acreditam em Saci Pererê e no ET de Varginha. Acreditar é algo bem democrático e cada um acredita no que quer. Mas o problema começa quando se tenta utilizar a Bíblia para embasar essas crenças, como você tenta fazer com a passagem da Torre de Babel no livro de Gênesis. Isso só demonstra falta de entendimento da Bíblia e traz vergonha ao testemunho cristão. Para que entenda o que realmente foi o episódio da Torre de Babel é preciso conhecer o contexto.
A ordem de Deus dada a Adão ainda no Jardim do Éden foi "frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra" (Gn 1:28). Deus repetiria a mesma ordem a Noé quando saiu da arca: "E abençoou Deus a Noé e a seus filhos, e disse-lhes: Frutificai e multiplicai-vos e enchei a terra." (Gn 9:1). Na contra-mão da ordem dada por Deus, os homens decidiram se concentrar em um só lugar, construindo uma cidade e uma torre como sinal de unidade: "Edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra." (Gn 11:4).
A ideia de que Deus confundiu as línguas porque eles queriam viajar ao espaço subindo de degrau em degrau é simplesmente absurda. A confusão de línguas foi para acabar com a unidade deles em sua rebelião contra Deus. Se eles quisessem atingir fisicamente o céu nunca teriam construído uma torre em "um vale na terra de Sinar" (Gn 11:2). E se Deus barrasse outros empreendimentos semelhantes, só por serem altos, não haveria no mundo nenhum arranha-céus (sim, curiosamente é este o nome que damos a eles). E nem viajaríamos de avião, se valesse o argumento daqueles que usam o Salmo para argumentar que "Os céus são os céus do Senhor; mas a terra a deu aos filhos dos homens." (Sl 115:16).
Enquanto você continua acreditando nessa suposta conspiração da NASA, que teve detalhes como o dos controladores de voo ligando para um engenheiro no meio da noite para pedir que calculasse a carga das baterias, deixo você com este excelente texto de L. M. Grant sobre a Torre de Babel e tudo o que significa. E sugiro que pare de usar a Bíblia para fundamentar suas crenças para não estorvar a evangelização, fazendo parecer que todo crente é esquisito, bizarro e adepto de ideias medievais quando o assunto é ciência. Procure também descobrir quantos astronautas são cristãos, inclusive dos que pisaram na Lua.
BABEL: A CIDADE E A TORRE
por L. M. Grant
Até esse momento (Gênesis 11), havia apenas um idioma. No mundo de hoje, os homens desejam ter essa vantagem, mas Deus é mais sábio que os homens. Os homens desejam isto pela mesma razão que levou Deus a impor várias línguas sobre eles. Eles estão infectados pelo orgulho de desejarem se unir independentemente de Deus, de modo a ter uma grande civilização.
Eles viajaram "do oriente", literalmente "do nascer do sol". Isto é surpreendentemente típico do homem virar as costas para a promessa da vinda de Cristo ("o sol da justiça, e cura trará nas suas asas" - Ml 4:2). Tendo se esquecido da promessa de Deus, eles querem construir uma civilização sólida e unida para si mesmos. Eles deixaram as montanhas e desceram para a circunstância mais fácil da planície, onde não não são exigidos o mesmo exercício e resistência. Em vez de confiar em Deus, eles são movidos pelo que parece ser sua vantagem temporal.
Eles percebem que há força na unidade, mas não buscam unidade como em sujeição a Deus. Na planície, é claro, não encontraram nenhuma pedra para construir, então fizeram tijolos do barro disponível. "E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume por cal." (Gn 11:3). O Senhor chama a atenção para o fato dessas substituições porque Ele constrói com pedras — "pedras vivas" (2 Pe 2:5). Isso é um tipo dos crentes que são obra de Deus, não das mãos dos homens; e Ele usa a argamassa do Espírito Santo de Deus para uni-los. É claro que o tijolo não dura como a pedra, pois é feito pelo homem.
Assentar tijolos é muito mais simples do que a alvenaria de pedra, porque os tijolos são todos fabricados no mesmo molde. As pessoas que são meramente convertidas ao homem são moldadas pelo ensino particular daqueles homens — "façamos tijolos e queimemo-los bem", significa que são diligentemente treinados ao longo daquela única linha e facilmente encaixados porque suas visões são idênticas. Mas Deus constrói com pedra. Um canteiro ou cantel (profissional que constrói com pedras) deve ter muito mais habilidade do que o que assenta uma camada de tijolos, pois ele deve pegar pedras de várias formas e tamanhos e encaixá-las.
Deus converte almas de origens, culturas e convicções totalmente diferentes, e assim trabalha em suas almas para produzir uma unidade espiritual vital entre elas que é muito mais forte do que qualquer unidade planejada pelo homem, pois eles são ligados pelo Espírito vivo de Deus. Isso é unidade na diversidade, pois cada um conserva seu caráter e utilidade distintivos: seus pontos de vista não são idênticos, mas o poder vivo do Espírito de Deus supera tais diferenças, unindo-os em um vínculo de unidade espiritual genuína.
A Babel deste capítulo é típica da Babilônia do Novo Testamento (Apocalipse 17:1-18; Apocalipse 18:1-24), um grande sistema religioso criado pelos homens, apesar de afirmar que é "a igreja". Os homens neste capítulo têm grandes aspirações, primeiro, "edifiquemos nós uma cidade" (v.4). É o egoísmo humano que deseja "uma cidade", um grande empreendimento do qual possam se orgulhar. Abraão tinha um caráter diferente: "esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus" (Hb 11:10). A fé pode esperar que Deus realize o que é de valor duradouro. Sua cidade será de absoluta pureza (Apocalipse 21:18) em contraste com a intriga, violência e corrupção que são características das cidades dos homens.
Eles propõem também "uma torre cujo cume toque nos céus". Este é um grande centro que se destacará acima de tudo, um símbolo de seu orgulho. Mas o centro da igreja de Deus é o Senhor Jesus Cristo, que foi "feito mais sublime do que os céus" (Hb 7:26). Os céus falam de domínio e autoridade (Dan 4:26), e o homem gostaria de tomar essa autoridade em suas próprias mãos incapazes. Mas o Senhor Jesus é exaltado "acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia" (Ef 1:20-21).
O verdadeiro objetivo desses construtores ambiciosos é expresso claramente em suas palavras: "façamo-nos um nome". Eles querem um grande nome para si mesmos. Mas o único a quem Deus dá um grande nome é o Senhor Jesus Cristo. "Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho" (Fp 2:9-10). Quão maravilhoso é, portanto, o privilégio da assembléia do Deus vivo a ser reunida em seu nome (Mt 18:20).
Eles consideraram seu edifício como o meio de impedi-los de serem espalhados pela terra, mas eles acabaram com seus próprios fins, pois por causa disso Deus os espalhou. Ele desceu "para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam" (v.5). É claro que Ele podia ver isso sem descer, mas Sua vinda para baixo mostra a realidade do interesse que Ele toma nos assuntos dos homens, insinuando que Ele chega perto o suficiente para saber tudo o que está envolvido naquilo que eles fazem. Ele vê que eles estão se aproveitando do fato de estarem unidos para executar seus esquemas ambiciosos, em independência Dele. Tendo começado a realizar tais coisas, nada os deteria de quaisquer projetos que pudessem conceber em suas mentes.
Assim como nada restringiria os construtores da torre de Babel, hoje nada poderia deter os líderes ambiciosos do mundo. As nações querem compartilhar sua tecnologia para que possam realizar mais que as gerações passadas em seus avanços na ciência e em todos os outros elementos da cultura humana. Eles trabalham duro para superar todas as dificuldades das barreiras linguísticas e do preconceito nacional, mas Deus continua a trabalhar com essas coisas para frustrá-las. Fala-se constantemente de um governo mundial, mas a grande tribulação provará que isso é mera loucura. As nações não cooperarão entre si para tornar isso possível. Somente quando o Senhor Jesus assumir Seu trono, isso acontecerá, quando todos se submeterão a Ele.
O meio pelo qual Deus suspendeu esse grande empreendimento foi simples para ele. Mas seria um grande choque para eles acharem suas línguas confusas (v.7), uns se vendo de repente incapazes de entender outros, e provavelmente pensando que os outros teriam perdido de repente sua razão. O mundo especula e argumenta sobre a origem das línguas, mas Deus resolveu a questão de maneira muito simples. Todas são o resultado de sua grande sabedoria. Os de uma mesma língua seriam, naturalmente, reunidos e separados daqueles que falavam línguas diferentes. Sua cidade foi deixada inacabada e todos foram espalhadas em todas as direções (v.8).
O nome Babel foi dado à cidade depois, e seu nome significa "confusão" por causa da confusão de línguas. O Império Babilônico surgiu bem depois disso, e muitas nações (incluindo Judá) tiveram que se curvar à sua autoridade — tipicamente se curvando para vergonha de sua própria confusão por causa da desobediência a Deus. No Novo Testamento encontramos Babilônia (com sede em Roma) causando confusão nas fileiras da cristandade, e acabará sendo julgada na época da grande tribulação, como mostrado em Apocalipse 17:1-18; 18:1-24.
("Babel: A cidade e a torre", por L. M. Grant)
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)