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Onde voce congrega os irmaos nao participam da politica?



https://youtu.be/pXRYEaKKIxo

Você quer saber se os irmãos com os quais estou congregado não participam da política, mas a resposta você só terá se perguntar a cada um, pois é um assunto que não cabe à assembleia ou igreja, mas aos irmãos individualmente. Eu e outros irmãos com os quais tenho comunhão participamos ativamente da política, mas não tire conclusões antes de chegar ao final do que vou dizer.

Para quem está em um sistema religioso denominacional às vezes fica mais difícil raciocinar tendo apenas a Bíblia, a Palavra de Deus, como diretriz. A análise das coisas acaba sendo influenciada também pelos dogmas e corpo doutrinário da religião, que serve de lente através da qual seus fiéis enxergam o mundo exterior. Junte a isso o fato de muitos líderes religiosos ocuparem cargos políticos e fazerem de seus rebanhos cabos eleitorais e você tem um cenário que nada tem a ver com a Palavra de Deus.

Você pergunta se cristãos podem ou não votar, se podem ou não se candidatar, ou se envolver de alguma maneira na política. É preciso entender que a vida do salvo por Cristo não está fundamentada numa lista de "o que pode" versus "não pode", como se o evangelho fosse uma boa nova de regras. Não é, e regras nunca foram boa notícia para ninguém. Regras sempre trazem a ideia de limitações.

A palavra "Evangelho" vem do grego e significa uma boa notícia, e ninguém de sã consciência iria considerar uma boa notícia receber uma lista de tarefas. Isso não é boa notícia, isso é trabalho, dever de casa, castigo, qualquer coisa, menos boa notícia.

Antigamente a palavra grega EVANGELION era usada no cabeçalho de mensagens de vitória. O mensageiro vinha do campo de batalha trazendo o "evangelion", isto é, a boa nova de que a batalha tinha sido vencida e o inimigo derrotado. De um texto de um autor chamado Shawn Kennedy, extraí o seguinte trecho que explica o significado do termo "evangelho" no seu original grego:
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Um exemplo disso pode ser visto na Batalha de Maratona em 490 aC, quando a Grécia foi invadida pela Pérsia. Os persas pensaram que aquela seria uma vitória fácil e sem esforço, mas os gregos provariam a eles que estavam errados. Os gregos não apenas revidariam, mas derrotariam os persas. Depois que a batalha foi vencida, a Grécia enviou arautos ou evangelistas para proclamar as boas novas ou o evangelho de sua vitória para as cidades vizinhas.

Gerhard Kittel, o professor protestante alemão que escreveu um livro bem conhecido e amplamente utilizado intitulado "O Dicionário Teológico do Novo Testamento", escreve a seguinte descrição da Batalha de Maratona. “O mensageiro aparece, levanta uma grande mão direita em saudação e grita com uma voz alta… Por sua aparência já se sabe que ele traz boas notícias. Seu rosto brilha, sua lança é enfeitada com laurel, sua cabeça é coroada, ele balança um ramo de palmeiras e a alegria enche a cidade. ”Kittel, Theological Dictionary of the NT, vol. 2, p. 722)

Kittel descreve uma cena de alguém trazendo mudança na vida, alterando a história, moldando o mundo com notícias de grande alegria. Não é algo que está acontecendo, é algo que aconteceu. Se continuarmos nesse panorama histórico, descobriremos que a própria palavra usada por Marcos teria encontrado uma conexão nas mentes de seus leitores de maneira profunda. Pois o que Marcos diz sobre Jesus é a frase exata atribuída a César Augusto. Uma inscrição que foi descoberta no primeiro século diz: “O início do evangelho de César Augusto” (Priene 105.40).

Quando foi inscrito pela primeira vez, trazia consigo a mensagem de mudança de vida, criação de história, as notícias que mudaram o mundo, de que César Augusto estava no trono. O ponto que está sendo frisado e reforçado é que esta é uma boa notícia, uma notícia alegre que vale a pena comemorar e se alegrar. Pelo menos da perspectiva dos romanos.

Quando a palavra evangelho está sendo usada no Novo Testamento, ela está se referindo claramente à mudança de vida, ao fazer história, ao mundo que será moldado com as notícias sobre Jesus e seu Reino. Comunica que algo aconteceu na história e, como resultado, o mundo nunca será o mesmo. O evangelho de Jesus é uma boa notícia sobre um rei conquistador e uma batalha vencida. - (Shawn Kenney - "What is the Gospel".
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A mesma coisa fazemos hoje ao evangelizar alguém: Apresentamos o evangelho, a boa notícia de que a batalha contra o pecado e Satanás foi vencida por Cristo na cruz, com sua morte e ressurreição.

Imagine um soldado voltando da batalha dizendo: "Pessoal, estou trazendo a vocês o 'evangelho', a boa nova do resultado da batalha: De agora em diante vocês vão precisar fazer isso, e mais aquilo e mais aquilo outro para vencer a batalha!". Ora, esse mensageiro estaria correndo o risco de levar uma boa surra se brincasse com algo tão sério, pois quem esperava por um 'evangelho' esperava por uma boa notícia de coisa resolvida.

Voltando à sua dúvida, se os irmãos com os quais eu congrego não poderiam participar de política, quero deixar logo claro que não existe tal proibição, como também não existe nenhum direcionamento político no sentido de os irmãos votarem neste ou naquele candidato ou partido. Entendemos que devemos orar pelas autoridades, mas não pelo país ou pelo mundo. Se o próprio Senhor não rogou pelo mundo, para um mundo melhor ou algo assim, por que nós iríamos achar que orações neste sentido seriam ouvidas? Em sua oração ao Pai ele disse: "Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus." (Jo 17:9).

Então, para os irmãos, política é um assunto de consciência individual. Existem assuntos que são doutrinas bíblicas, nas quais a assembleia se exercita, e existem assuntos que são pessoais e dependem da consciência de cada um.

Eu particularmente entendo que democracia é o último estágio dos reinos na terra e o mais abominável aos olhos de Deus porque o poder é dado ao povo. São os pés da estátua descrita no livro de Daniel.

"E, quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de oleiro, e em parte de ferro, isso será um reino dividido; contudo haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois viste o ferro misturado com barro de lodo. E como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em parte de barro, assim por uma parte o reino será forte, e por outra será frágil. Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão com semente humana, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro. Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre," (Dn 2:41-44).

O barro da humanidade (Adão veio do barro) misturado ao ferro do poder (no reino milenial Cristo regerá "com vara de fero" as nações - Ap 2:27) formará essa frágil união do último reino da terra antes que Cristo volte para destruir esse reino.A palavra democracia tem origem no grego demokratía que é composta por demos (que significa povo) e kratos (que significa poder). Neste sistema político, o poder é exercido pelo povo através do sufrágio universal.

A democracia seduziu até mesmo a cristandade, e isso fica claro no último estágio do testemunho cristão na terra. Você sabe qual o significado do nome da última igreja das sete cartas de Apocalipse, aquela que causa ânsia de vômito no Senhor e está prestes a ser vomitada?  "Laodiceia" e significa. "A justiça feita pelo povo".

Portanto aí está o que Deus pensa da tão defendida democracia, seja para a Igreja, seja para o mundo, principalmente em época de eleições. Quanto a votar ou não, a escolher um candidato ou votar em branco, isso fica com a consciência de cada um. Quando expresso minha opinião (e a de outros irmãos) sobre o assunto, isso não tem poder de dogma ou lei, mas é apenas a expressão de um ponto de vista que considero em conformidade com a Bíblia.

Não vou dizer a você em quem votar ou não votar. Você tem o direito de fazer o que quiser em termos de política pois não estará pecando, mas é sempre bom buscar a direção do Senhor e o amparo de sua Palavra. "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma." (1 Co 6:12). Votar é lícito, mas na minha opinião não convém ao cristão por ser um cidadão do céu.

Votar ou não não jamais deveria ser pomo de discórdia e divisão entre irmãos, e se amanhã você quiser concorrer ninguém irá dizer que não pode. Mas não conte com meu voto e tenha a certeza que nenhuma assembleia de irmãos congregados somente ao nome do Senhor dará você espaço para fazer propaganda e tentar conquistar eleitores nas reuniões.

A referência mais certeira para não nos envolvermos com a política deste mundo deve ser, não apenas a Bíblia, mas principalmente a doutrina dos apóstolos. Digo isto porque se considerarmos o Antigo Testamento e até as ingerências de João Batista na vida devassa do governante Herodes (Marcos 6), iremos achar que o cristão deve também agir assim. Não deve. Aquilo tinha a ver com Israel, um povo com vocação terrena e promessas para esta vida aqui.

A Igreja é um povo celestial, e a partir de Atos, quando ela foi criada, você não encontra os cristãos se envolvendo com política ou indo contra o governo de Nero, por sinal, bastante cruel e corrupto. O papel do cristão é tão somente o de entender que é Deus quem coloca os governantes, se sujeitar e orar por eles.

"Então, Pilatos o advertiu: Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar? Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada." (Jo 19:10-11).

"Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito." (1 Tm 2:1-2).

"Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência. Por esse motivo, também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo, constantemente, a este serviço." (Rm 13:1-6).

Um versículo que mostra bem nosso lugar como cristãos em relação à política está em Filipenses 3:20, e é nele que me baseio quando digo que estou envolvido na política: "A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente um Salvador, o Senhor Jesus Cristo." (NVI). Outras versões dizem "cidade" ou "pátria", mas o mais próximo do original é cidadania, embora o sentido seja ainda mais amplo e voltado à política.

Assim não estaria errado dizer, como já disse um autor cristão, que "a nossa política está nos céus". No grego diz algo assim, e na versão de John Nelson Darby em inglês está "commonwealth". No grego a palavra que aparece, como cidade ou pátria ou cidadania nas diferentes versões é "politeuma" (πολιτευμα). Ela tem vários significados, como a administração de afazeres civis, a constituição de uma comunidade, sua forma de governo e as leis pelas quais é administrada.

Portanto se você perguntar se eu e outros irmãos não nos envolvemos ou participamos ativamente na política, direi que sim, somos atuantes e ativistas sempre presentes na política. Mas não na política deste mundo, mas na política que "está nos céus, de onde esperamos ansiosamente um Salvador, o Senhor Jesus Cristo." (Fp 3:20).

por Mario Persona

Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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Esclarecimentos: O conteúdo deste blog traz respostas a perguntas de correspondentes, portanto as afirmações feitas aqui podem não se aplicar a outras pessoas e situações. Algumas respostas foram construídas a partir da reunião das dúvidas de mais de um correspondente. O objetivo é apenas mostrar o que a Bíblia diz a respeito das questões levantadas, e não sugerir qualquer ingerência de cristãos na política e na sociedade, no sentido de exigir que as pessoas sigam os preceitos bíblicos. O autor é favorável à livre expressão e, ainda que seu entendimento da Bíblia possa conflitar com a opinião de alguns, defende o respeito às pessoas de diferentes crenças e estilos de vida. Aqui são discutidas ideias e julgadas doutrinas, não pessoas. A opção "Comentários" foi desligada, não por causa das opiniões contrárias, mas de opiniões que pareciam favoráveis mas que tinham o objetivo ofender pessoas ou fazer propaganda de alguma igreja ou religião, induzindo os leitores ao erro.

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