https://youtu.be/faHqyV_rK7E
Você escreveu perguntando como Deus pode nos amar se somos tão nojentos e pecadores, se pecamos contra ele todos os dias e de todas as maneiras. Você se diz enojada dessa situação de corrupção e pecado existente em você e em seu redor, e fica imaginando: Se isso é nojento para você, que é pecadora, imagine para Deus que é santo.
Ao menos sua percepção não é a da maioria das pessoas, que costumam questionar a razão de Deus julgar o pecador por se acharem bons e justos em alguma medida. Mas entenda que, em certo sentido, achar que Deus não devia nos amar por sermos pecadores, não é muito diferente de pensar como os que acham que Deus não devia nos julgar, por acharem que os seres humanos não são tão maus assim. Numa e outra situação é o ser humano assumindo a posição de Deus ao querer dizer o que deveria ou não fazer, seja isso amar ou condenar.
Você pergunta a razão de Deus não ter nos queimado com fez com Sodoma e Gomorra, ou nos afogado como fez no Dilúvio, ou não ter dado um fim em Adão e Eva tão logo caíram em pecado. Sua ótica considera que o animal inocente que Deus matou para, com sua pele, cobrir a nudez do primeiro casal, não deveria ter sido morto, e só posso entender que para você o mundo teria sido muito melhor habitado por animais, e não seres humanos.
Se somos tão nojentos, e Deus ter nos suportado mesmo assim, só uma coisa poderia explicar tal atitude: AMOR. A Bíblia dá a resposta para todas essas suas indagações com poucas palavras: Porque "Deus é amor" (1 Jo 4:8). Acha simples demais responder assim? Então pergunte a uma criança por que o açúcar é doce e ela irá responder: "Porque é". Quando Deus se apresentou a Moisés como aquele que é o que é, não seria difícil Moisés achar que a resposta ficou vaga. Mas não ficou.
"Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós." (Êx 3:13-14). A passagem não diz que Moisés tenha caído para trás quando Deus disse estas palavras tão cheias de significado, "EU SOU", mas no Monte das Oliveiras a história foi outra, apesar de estar ali o mesmo Senhor Jeová que falou com Moisés.
"Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se, e disse-lhes: A quem buscais? Responderam-lhe: A Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus: EU SOU... Quando, pois, lhes disse: 'EU SOU', recuaram, e caíram por terra." (Jo 18:4-6).
Para explicar melhor as razões de Deus que tanto lhe afligem e que não permitiram que ele tivesse destruído a cada um de nós quando pecamos, vou emprestar um texto de John Kulp que tem o título: "O Amor de Deus: Limitado, Universal ou Incompreendido?". Ele diz o seguinte:
Na raiz de algumas das questões doutrinárias mais difíceis da fé cristã está a falta de entendimento do amor de Deus e sua relação com a graça de Deus. Existem aqueles, por exemplo, que declaram que o amor de Deus não iria permitir que algum pecador viesse a perecer ou ir para o inferno; este ensino é chamado de "Universalismo". Há cinco anos o líder de uma mega-igreja, chamado Rob Bell, escreveu um livro neste sentido no qual afirma que as pessoas recebem uma eternidade de oportunidades após a morte para responderem ao amor de Deus, e por isso ninguém iria se perder no final.
Do outro lado do espectro teológico, por assim dizer, estão aqueles geralmente conhecidos por "hiper calvinistas", que afirmam que quando o Senhor Jesus disse a Nicodemos em João 3:16 que "Deus amou o mundo de tal maneira", o que ele teria realmente dito foi que Deus amou o mundo dos "eleitos", e não todos os seres humanos.
Sabedoria é, em parte, a capacidade de distinguir entre conceitos similares que diferem de maneira significativa. Os conceitos de amor e graça, apesar de estarem intimamente ligados, não são usados indistintamente nas Escrituras. Em 1 João 4 lemos que "Deus é amor", e entendemos por essa expressão que amor é a natureza inerente de Deus. Alguém já disse que a declaração de que "Deus é amor" nos revela a energia de Sua natureza, enquanto "Deus é luz" (1 João 1:5) nos fala da pureza de Sua natureza, a qual exige Sua justiça.
Acredito que seria correto declarar que o amor de Deus é a mola de toda a Sua atividade no universo, começando com a criação e culminando na reconciliação de todas as coisas com base na infinita obra de Seu Filho na cruz para tirar o pecado, a qual foi feita de uma vez para sempre "na consumação dos séculos" (Hebreus 9:26).
A graça de Deus, por outro lado, é o meio pelo qual Deus, na perfeição de Seu amor, executa Seus propósitos nas vidas dos pecadores perdidos e incapazes. A graça é eficaz, pois Deus sempre cumpre o que Ele determina fazer por graça nas vidas de Seus eleitos (Filipenses 1:6; Efésios 2:10). Por mais difícil que possa ser compreender isso, esta graça nos foi dada "antes da fundação do mundo", a nós que somos salvos (2 Timóteo 1:9).
As Escrituras não mencionam o amor de Deus como tendo esta particularidade, pois o amor é o motivo e o modo como Ele opera para com todos, enquanto a graça tem em vista a bênção eterna da alma individualmente, e a graça infalivelmente atinge sua meta em conformidade com o propósito de Deus (Efésios 1:3-12).
João Calvino escreveu sobre a "graça irresistível", mas já que este termo possui uma conotação questionável, como se indicasse uma entrada forçada em alguém, podemos com mais precisão e cuidado falar da "graça eficaz" de Deus. Na verdade, dizer que "a graça vence" seria muito mais correto do que repetir o mantra Universalista que diz que "o amor vence", pois a graça é eficaz, enquanto o amor é a que motiva.
E que tremendo motivo foi o amor de Deus! Tanto que podemos declarar e pregar enfaticamente que Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Jesus como propiciação por "todo o mundo" (1 João 2:2), e que todos os homens são convidados, tanto a irem a Ele, como a se arrependerem, já que a propiciação permite que Deus seja misericordioso ao mesmo tempo em que permanece perfeitamente justo.
Quando pecadores rejeitam e desobedecem o chamado do evangelho até seu derradeiro fôlego, eles sofrem a separação permanente do amor de Deus e do Deus de amor (Romanos 8:39; Mateus 22:13; Lucas 14:24). Todavia, o amor de Deus não fica comprometido ou diminuído por ele ter de julgar o ímpio, pois julgamento é Sua "estranha obra" (Isaías 28:21). Portanto, tanto o "Universalismo" quanto o "Hiper Calvinismo" são pontos extremos da discussão do amor de Deus, e por isso nem valem a pena serem levados a sério.
Mas graça é o favor imerecido de Deus para com pecadores individualmente, os quais não são nem um pouco melhores do que "os que perecem" — é por graça que Deus os escolhe, vivifica, salva e glorifica. O mais elevado prazer de Deus agora e sempre é o de glorificar a Si mesmo na Pessoa de Seu Filho por intermédio de nós que somos salvos, que somos os beneficiários das "riquezas de Sua graça". E para que não nos tornemos demasiadamente ocupados com nossos próprios interesses e benefícios na questão de Deus agir em graça, lembremo-nos de que a redenção, aceitação e adoção do crente será, ao longo de toda a eternidade, "para o louvor da glória de Sua graça" (Efésios 1:3-12).
Traduzido de "The Love of God: Limited, Universal, or Misunderstood?", de John Kulp -
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)