https://youtu.be/vcqCj5zOCBY
Você viu a mim e a outros cristãos dizendo que cristãos não deveriam se envolver em política, tanto na busca por um cargo eletivo, como também na escolha de políticos para cargos públicos. É normal que isso cause estranheza até em outros cristãos, tamanho é o condicionamento que recebemos da sociedade que nos cerca. Mas não devemos nos esquecer de que, depois de salvos por Cristo, não somos apenas transformados e feitos aptos para o céu, como também passamos a ter uma outra visão do mundo em redor, para o qual passamos a ser estrangeiros.
A carta de Paulo aos Gálatas fala de morte. Depois de estarmos mortos para Deus, que é a condição natural de todo ser humano que vem ao mundo e traz em si o pecado de Adão, ao nascermos de novo e sermos feitos nova criação em Cristo Jesus, passamos para a condição de mortos para o mundo. E isso faz de nós uma raça alienígena aqui, pois entendemos que agora somos cidadãos, não da terra, mas do céu.
"O mundo está crucificado para mim e eu para o mundo... E [Cristo] vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo [a opinião pública], segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus" (Gl 6:14; Ef 2:1-6).
"Não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus... Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória... Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas." (Rm 2:2; Cl 3:1-4; Fp 3:20-21).
Uma coisa pouco compreendida pela maioria dos cristãos é a cidadania celestial. Muitos dos que trazem as tradições de igrejas católicas, evangélicas ou protestantes foram condicionados por uma das doutrinas da Teologia do Pacto, que é a de preparar o mundo para Cristo vir reinar. No século 19 o Senhor levantou alguns irmãos para trazerem à tona verdades que haviam sido esquecidas ou estavam soterradas debaixo do entulho doutrinário católico e protestante. Não foi nenhuma nova revelação, mas apenas a restauração de verdades já reveladas na Palavra, como já tinha sido o caso com a verdade da justificação pela fé, desentulhada pelos reformadores séculos antes.
Dentre essas verdades estava o entendimento de que Israel e Igreja são povos distintos e com diferentes promessas. Ao contrário do que pensa a maioria das religiões católicas e protestantes, a igreja não é uma versão 2.0 de Israel, e sim algo totalmente novo e destinada ao céu, não à terra. Outra verdade é que a profecia bíblica é literal, e não simbólica como querem os seguidores da Teologia do Pacto, portanto todas as promessas feitas a Israel, de vida longa e prosperidade terrenas, se cumprirão literalmente no reino literal de mil anos de Cristo aqui na terra. Enquanto isso a Igreja estará desfrutando, literalmente também, de suas promessas que estão nos lugares celestiais, não na terra.
Por faltar esse entendimento muitas religiões acreditam que o que valia para Israel valeria agora para a Igreja, e esta precisaria cuidar de melhorar o mundo para receber o Rei Jesus (que por sinal nunca foi Rei para a Igreja, mas apenas para Israel e as nações). Visando essa ocupação cristã do mundo, os membros dessas religiões procuram participar de todas as áreas da sociedade, filiando-se a partidos, concorrendo a cargos públicos, e votando em políticos cristãos.
No Brasil, a CNBB, Comissão Nacional de Bispos do Brasil, de um lado, e a Bancada Evangélica do outro, cuidam de manter viva a relação religião-estado. Esquecem que o estado é laico e que esse desejo da cristandade de estar "onde está o trono de Satanás" (Ap 2:13) foi o que levou o testemunho cristão a ser corrompido, começando nos tempos do imperador Constantino.
Você reclama dessa insistência minha e de outros irmãos neste assunto, mas é para isso que serve o ministério cristão, "para edificação, exortação e consolação" (1 Co 14:3). A Tito, Paulo admoestou que, "renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo; o qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras.", e para que não ficasse dúvida quanto a essa posição de separação do mundo, completou enfaticamente: "Fala disto, e exorta e repreende com toda a autoridade. Ninguém te despreze." (Tt 2:12-15).
Você diz que se ninguém participasse do processo eletivo não teríamos governo e autoridades, e aí não teríamos como obedecer a Palavra que nos diz para nos sujeitarmos às autoridades constituídas. Não se preocupe, os assuntos de Deus não encontram impedimento algum, e ele sempre cuidará para que sua vontade prevaleça e sua Palavra seja cumprida. Você se lembra de quando o Senhor disse que se as pessoas se calassem as pedras clamariam?
"E, quando já chegava perto da descida do Monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a dar louvores a Deus em alta voz, por todas as maravilhas que tinham visto, dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu, e glória nas alturas. E disseram-lhe de entre a multidão alguns dos fariseus: Mestre, repreende os teus discípulos. E, respondendo ele, disse-lhes: Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão." (Lc 19:37-40).
Portanto nem se preocupe. Ninguém pode frustrar os planos de Deus. "Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido" (Jó 42:2). Veja como Deus sempre cuidou de tudo ao longo da história. Quando os judeus abandonaram o Senhor ele os entregou nas mãos de Nabucodonosor, um rei gentio. A partir daquele momento Israel perdia a chance de ser cabeça entre as nações e se tornaria cauda. Os expoentes da sociedade judaica passariam a habitar no palácio de Babilônia, como foi com Daniel e seus amigos, para serem integrados à cultura, religião e costumes dos caldeus.
Enquanto isso Deus colocava o governo do mundo nas mãos dos gentios, começando por Nabucodonosor, a cabeça de ouro da estátua com que sonhou, e descendo em posição e qualidade de materiais para prata, bronze, ferro e finalmente ferro misturado com barro. Essas partes da estátua descrita no capítulo 2 de Daniel representavam os diferentes reinos que dominariam sobre o mundo, até chegar ao último que simboliza a democracia, o barro da humanidade misturado ao ferro do poder. É este o tempo em que vivemos, naquele sistema de governo que Platão definiu como sendo a "tirania da maioria" ou "tirania das massas", da qual o socialismo é apenas mais uma roupagem mais populista.
Um cristão aferrado à Teologia do Pacto, que não entenda o Dispensacionalismo provavelmente não irá entender sua cidadania celestial e os princípios de como deve agir em relação à política deste mundo. Acabará também perdendo muito do entendimento de outros aspectos das Escrituras, pois todas as coisas estão interligadas. Para abotoar o botão seguinte de sua camisa você precisa se certificar de que o botão anterior esteja na casa certa, ou sua camisa ficará torta como o entendimento que os seguidores da Teologia do Pacto têm da profecia e do lugar do cristão neste mundo.
Quando você lê o ministério de irmãos congregados ao nome do Senhor no século 19 percebe que eles não só estavam à parte de todo o sistema religioso, mas também à parte de todo sistema político, não participando de eleições, seja como candidatos, seja como eleitores. Eles, e muitos cristãos hoje que entendem essa separação, poderiam muito bem ser identificados com o termo usado nos Estados Unidos para cidadãos não americanos que residam no país. São chamados de "Resident Aliens" ou "Estrangeiros Residentes". Eu gosto particularmente do termo "Alien" porque lembra Alienígena, e á isso que o cristão é neste mundo: um E.T. que todos os dias pega o telefone da oração e liga para seu país, com saudade de casa e esperando ser tirado daqui a qualquer momento.
Infelizmente nos tempos em que vivemos existem princípios para o cristão que são totalmente desconhecidos e repudiados até por irmãos espalhados pelas denominações religiosas. Verdades como a da vocação celestial do crente em Jesus, da diferença entre Israel e Igreja, da unidade do Corpo de Cristo e do arrebatamento da Igreja são rejeitadas e até ridicularizadas por aqueles que professam ser cristãos. Inclua aí o fato de estarmos congregados somente ao nome do Senhor, algo em grande parte inaceitável pela cristandade. Já tentou explicar a um cristão denominacional que as mulheres devem permanecer caladas nas igrejas? E se disser que elas devem cobrir a cabeça quando oram ou falam da Palavra, já viu a reação?
Então não se espante se cristãos (nem falo de incrédulos aqui) acharem bizarra a ideia de não participarmos da política. Eles foram condicionados a pensar em cristianismo como uma religião que deve conquistar o mundo e prepará-lo para Cristo voltar. Foi isso que séculos de Teologia do Pacto fez com suas cabeças, portanto a menos que tenham seu HD mental formatado para instalar um sistema operacional bíblico não-denominacional, vão custar a entender. "Sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." (Rm 2:2).
Você já deve ter percebido que até mesmo questões morais, como as relacionadas às relações sexuais fora do casamento ou entre pessoas do mesmo sexo, que antes eram repudiadas por todos os cristãos, hoje são aceitas por uma grande parcela da cristandade. E assim será com muitas outras doutrinas e princípios bíblicos, que vão sendo abandonados mais e mais até se implantar a completa apostasia e se manifestar a Babilônia, a Grande Meretriz ou sistema religioso que precederá a vinda de Cristo para julgar as nações.
Você reparou que Daniel e seus amigos eram jovens judeus que desejavam se manter puros e obedientes a Deus rejeitando o "alimento" e os costumes de seus captores? Reparou também que a nação dos que desejavam injetar naqueles jovens sua língua, cultura, costumes e até alimentos tinha o mesmo nome da cristandade apóstata que irá se levantar no final? Babilônia foi para onde Daniel e seus amigos foram levados, e Babilônia é o nome da Grande Meretriz de Apocalipse, aquela que causou espanto em João quando a viu, pois esperava ver uma Noiva e viu uma prostituta vendida e corrompida pelos costumes do mundo.
"Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição. Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: BABILÔNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA. Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus; e, quando a vi, admirei-me com grande espanto." (Ap 17:4-6).
Em nosso país a política está intimamente ligada à democracia, que é louvada por todos como a última bolacha do pacote em termos de sistema de governo. Esta é prima do socialismo, que também é um sistema fundamentado no homem como senhor de seu próprio governo. E realmente a dupla democracia-socialismo é a última bolacha do pacote, porque é este o sistema que o Senhor destruirá em sua vinda, a falsa liga do barro com o ferro encontrado nos pés e dedos da estátua da profecia de Daniel. Barro nos fala de humanidade, ferro de poder, e democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo (nesta ordem ou não), chamada por Platão de "tirania da maioria".
"Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão mediante casamento, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro. Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre." (Dn 2:43-44).
A questão é: Você quer realmente endossar tudo isso? Quer participar em TUDO o que diz respeito a Babilônia, como Nabucodonosor queria que Daniel e seus amigos participassem? Ou quiçá aproveitaria melhor seu tempo e testemunho permanecendo separado da política deste mundo? Talvez seja melhor, enquanto estiver aqui, ir só até onde for necessário para o tempo de sua breve estadia neste planeta, e deixar para os terráqueos os deveres e obrigações que lhes cabem como cidadãos que são da terra, e não do céu como você.
"A ninguém imponhas precipitadamente as mãos. Não te tornes cúmplice de pecados de outrem. Conserva-te a ti mesmo puro." (1 Tm 5:22). "Laço é para o homem o dizer precipitadamente: É santo! E só refletir depois de fazer o voto." (Pv 20:25). "E outro dos discípulos lhe disse: Senhor, permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Replicou-lhe, porém, Jesus: Segue-me, e deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos." (Mt 8:21-22).
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)