https://youtu.be/rXP551Hm7xw
Sua dúvida está na segunda parte versículo 12 de 2 Timóteo, "se o negarmos, também ele nos negará". Mas repare bem onde o contexto começa, nos versículos 1 ao 5: "Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros. Ninguém que milita se embaraça com negócios DESTA VIDA, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. E, se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente." (2 Tm 2:1-5).
Se você ainda não tem certeza de sua salvação, e ainda não entendeu que ela é imutável e só depende da graça de Deus que a deu a você quando creu em Jesus, talvez seja melhor buscar aprender um pouco mais do evangelho da graça de Deus, que salva o pecador não por mérito ou obras, mas por puro e imerecido favor. Milhões de cristãos professantes passam a vida toda tentando comprar uma salvação que Deus lhes dá por graça. São como eu, que às vezes saio pela casa procurando por meus óculos que estão bem sobre meu nariz. Para nunca mais esquecer a posição bendita na qual você é colocado por Deus no momento em que aceita seu filho como Salvador, abra sua mão e, enquanto eu leio João 5:24 vá segurando cada dedo assim (mas só se não estiver dirigindo ou pedalando):
"Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra [segure o dedo mínimo ou mindinho], e crê naquele que me enviou [dedo anelar ou "seu vizinho"], tem a vida eterna [dedo médio ou "pai de todos"], e não entrará em condenação [indicador ou "fura-bolo"], mas passou da morte para a vida [polegar, dedão ou "mata piolho", que é o mais poderoso e positivo dedo de sua mão]".
Uma vez ouvi a história de um garoto pastor de ovelhas em um país da Europa que ouviu uma pregação do evangelho na qual o pregador enfatizou esses mesmos versículos segurando firmemente cada dedo da mão enquanto explicava. Finalmente gastou um tempo maior segurando seu polegar ao falar da eterna segurança do crente em Jesus, que jamais se perderia. No dia seguinte o garoto saiu pelas montanhas com seu rebanho, mas naquele dia uma forte tempestade de neve e gelo o atingiu. Como não voltou para casa, as pessoas do povoado saíram para procurá-lo e o encontraram morto e congelado. A princípio ninguém entendeu por que ele tinha morrido segurando o polegar. Quem ouviu a pregação do evangelho sabia que ele tinha crido no Salvador e morreu dando testemunho de que estava seguro.
Agora você nunca mais irá se esquecer de que a salvação é um assunto resolvido, depois de você ter escutado a Palavra de Deus, e crido em Cristo que veio ao mundo morrer por você sofrendo a condenação em seu lugar. Nesse momento você passou a ter "a vida eterna", direta e já, e não algo para o futuro, pois 1 João 5:11-12 diz que "Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.". É por isso que a continuação do versículo diz que você "não entrará em condenação", pois Jesus já entrou na condenação em seu lugar naquelas três horas de trevas na cruz quando recebeu todo o juízo. Finalmente, você "passou da morte para a vida", pois ele ressuscitou e irá ressuscitar você também.
A garantia disso é o Espírito Santo que agora habita no crente em Jesus, "nós os que primeiro esperamos em Cristo; em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor (ou garantia) da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória." (Ef 1:12-14).
Mas voltando à sua dúvida em 2 Timóteo, o assunto no capítulo 2 está relacionado à graça, à idoneidade dos que deveriam comunicá-la nos aspectos práticos da vida cristã, e ao governo de Deus enquanto estamos no mundo. Nessa esfera do governo de Deus é óbvio que ele não pode negar-se a si mesmo. Por isso, se nos alistamos para essa "guerra", o que se exige de nós é que lutemos de forma lícita. Caso contrário, não seremos "coroados", ou seja, recompensados. "Se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente." (2 Tm 2:5). Coroamento aqui nos fala de galardão, e é claro que Deus seria injusto se "coroasse" ou recompensasse um filho seu que lutou indignamente enquanto esteve aqui. Mas o assunto não é salvação, mas o governo de Deus neste mundo.
Neste sentido, os que sofrem aqui defendendo os interesses de Cristo reinarão em glória, enquanto aqueles que o negam enquanto aqui serão negados por ele, e isto tem um significado para o crente e outro para o incrédulo, com vou explicar mais adiante. O governo de Deus age nas duas direções, concedendo aprovação e recompensa para o crente fiel, e desaprovação e falta de recompensa para o infiel, o que torna muito séria nossa relação de responsabilidade para com o Senhor.
Nunca perca de vista o que virá mais tarde na passagem, quando diz que "se formos infiéis, ele permanece fiel, não pode negar-se a si mesmo" (2 Tm 2:13). Se ele prometeu a vida eterna àqueles que o receberam, esse é um caminho sem volta e o Senhor jamais voltaria atrás em sua promessa. "Porque todas quantas promessas há de Deus, são nele sim, e por ele o Amém, para glória de Deus por nós." (2 Co 1:20).
A promessa de vida eterna nos foi feita em graça, "porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus." (Ef 2:9). Graça é justamente a palavra que abre o capítulo: "Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus" (2 Tm 2:1). Seu governo sobre nós é necessário para nosso bem e para a glória dele, mas a sua graça está fundamentada no que ele é em si mesmo, e nisto ele "não pode negar-se a si mesmo". Um pai que disciplina seu filho da forma correta jamais colocaria em dúvida a relação paterna que tem com ele.
Existem dois tipos de "negar" a Cristo. Um é o incrédulo, que nega crer nele de maneira constante e permanente. Outra é o cristão genuíno sob tortura acabar não suportando o sofrimento e dizer tudo o que seus captores querem que ele diga, inclusive negar que crê em Jesus. Acaso não foi isso que Pedro fez? E considere que ele nem sequer estava sendo torturado, mas apenas questionado por uma mera escrava. Considerando as inúmeras passagens que demonstram que um crente em Cristo NUNCA pode perder a salvação que recebeu, fica muito evidente que este versículo não está falando de perda de salvação para quem a possui.
Hamilton Smith comenta a passagem assim:
A negação aqui não é uma queda isolada, por mais vergonhosa que seja, como no caso do apóstolo Pedro, mas o curso contínuo daqueles que, qualquer profissão que façam, negam a glória e a obra do Filho. Tal será negado, como foi verdadeiramente dito por alguém, "Deus deixaria de ser Deus, se Ele consentisse na desonra de Seu Filho." Em meio a toda a infidelidade da Cristandade a Cristo, "Ele permanece fiel: Ele não pode negar a Si mesmo." - Harrison Smith
William Kelly comenta:
Negar ao Senhor, longe de ser impossível para um servo dele, é exatamente o que a escritura nos mostra como tendo sido o que aconteceu entre um dos mais honrados dos seus, que pensava que, dentre todos os homens, para si seria impossível negar o Senhor. Todavia assim foi com Pedro. Sem dúvida, era apenas um ato passageiro, por mais vergonhoso e deplorável que fosse, por mais repetido que fosse e com agravamento; todavia, a graça de Cristo que a tudo perdoa e tudo sobrepujou e apagou a ofensa, transformando-a em lucro que nunca se esquecerá e em bênção fecunda.
Mas onde quer que a vida nos leve, como aqui ("se o negarmos" não necessariamente significa que iremos negá-lo), a consequência é, como deveria ser, a vindicação necessária da parte de Deus de que Sua majestade foi ferida: "Ele também nos negará". Deus deixaria de ser Deus se Ele consentisse na desonra de Seu Filho. O crente se curva e acredita, adora e serve. O incrédulo e o negador, que o negaria, se possível fosse, ainda mais, pode insultá-lo agora, mas deverá, em breve, honrá-lo em juízo, "para que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai" (João 5:23). - William Kelly
Edward Dennett comenta a passagem assim:
Sendo o que somos, e o mundo, a carne e o diabo sendo o que eles são, sofrer com Cristo é uma necessidade, e especialmente no caminho do serviço cristão. Mas se é assim, Ele nos sustenta pela perspectiva de associação consigo mesmo nas glórias do reino.
Estes são encorajamentos, mas também existem alertas. Se negarmos a Ele (e negar a Ele aqui tem sua força total de absoluta apostasia), Ele nos negará (e Lucas 12:9 confirma "Quem me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus.") Se, além disso, não crermos, o Senhor não falhará em cumprir todos os propósitos de Seu coração, todos os pensamentos de Seu amor, pois Ele não pode negar a si mesmo. Ele não depende de maneira nenhuma de nossa fidelidade ou serviço, embora Ele possa ter o prazer de conceder-nos o privilégio de sermos Seus servos, de trabalharmos em Sua vinha.
Assombrados pela constante oposição, podemos ficar desanimados, cair no desânimo, sermos tentados a pensar que a luz do testemunho está completamente extinta e, assim, ficarmos sob o poder da dúvida e da incredulidade. Mas o Senhor trabalhará, apesar de toda a nossa falta de fé, no cumprimento da Sua vontade, e em seu próprio tempo infalivelmente apresentará "a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível."(Ef 5:27).
Portanto o conhecimento de que Deus é fiel, e de que Ele não pode negar a Si mesmo, é seguramente uma rocha sobre a qual os mais fracos e tímidos de Seus servos podem repousar nos momentos mais sombrios. Isso proporciona também um encorajamento para olhar além da confusão e da ruína, para aquele futuro abençoado, quando todo pensamento do coração de Deus para a Sua Igreja e para o Seu povo terá a sua realização perfeita e eterna na glória. — Edward Dennett
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)