https://youtu.be/1wzWo0fZTxA
Você escreveu comentando que "quando lemos passagens como a da sobrenatural experiência de Elias em 1 Reis 17:1-6, nos vem o desejo irreprimível de saber por que no nosso século não temos mais dessas experiências fantásticas de intimidade com Deus por parte dos que teoricamente mantém proximidade com Ele. Temos plena consciência de que Deus é o mesmíssimo Deus de Abraão, Isaac e Jacó, e que Ele é soberano, transcende o tempo e as leis naturais. Mas, e os crentes, que se apresentam como versões atuais dos profetas e discípulos de Jesus? Onde estão?".
Posso ser sincero com você? Eu não trocaria o que hoje tenho com aquilo que Elias e outros grandes profetas de Deus tinham em sua época, pois eles ainda não eram privilegiados como nós, cristãos, somos hoje. Eles viveram numa época quando não tinham a completa revelação de Deus, a obra consumada de Cristo, a posição de sermos Igreja, corpo de Cristo e Noiva do Filho de Deus, e a expectativa de estarmos a qualquer momento na presença daquele que nos ama e deu sua vida por nós.
Eles estavam aquém da posição que o crente hoje ocupa, a qual é em Cristo e co-herdeiro de todas as bênçãos espirituais. Eram pessoas que tinham apenas uma expectativa de vida perene na terra. Veja o que o Espírito Santo revela sobre os santos — mártires e profetas — do passado: "E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados." (Hb 11:39-40). Frank Binford Hole comenta estes dois versículos assim:
Eles obtiveram um bom testemunho quando seu “tempo de serviço” terminou. Eles aparecem como "o artigo acabado" da escola de Deus. Um convite para a recompensa que os espera no grande “dia da entrega de prêmios” é fornecida pela declaração de que, embora eles sofressem nas mãos do mundo, o mundo não era digno deles. Eles eram infinitamente superiores ao mundo.
E, no entanto eles, coletiva e individualmente, não receberam as coisas prometidas. No devido tempo, de acordo com o sábio plano de Deus, outra companhia deveria ser reunida e constituída, mencionada como “nós” no último versículo de nosso capítulo. Observe o contraste entre os “eles” e os “nós” — entre os santos do Antigo Testamento e do Novo Testamento. Os santos dos velhos tempos possuíam muito, mas "alguma coisa melhor" é fornecida aos cristãos, e todos alcançaremos a perfeição final na glória juntos. O aperfeiçoamento na glória dos crentes do Antigo Testamento aguarda a conclusão da igreja e a vinda do Senhor.
Este versículo deixa bem claro que o povo de Deus é encontrado em mais famílias do que apenas uma. Os santos dos tempos do Antigo Testamento formam uma família; cristãos formam outra. Os santos da era vindoura, quando a igreja tiver sido removida, formarão uma terceira. Encontramos diferentes companhias de pessoas distinguidas em diferentes passagens, como Apocalipse 4:4; 7:3-17; 14:1-5; 19:7, 9. Muito depende da revelação de Deus, à luz daquilo que vivemos, e do propósito de Deus a nosso respeito, o qual é segundo o chamado com o que somos chamados. Aqui, porém, o contraste está entre o que Deus propôs para os santos que viveram antes de Cristo, e o que propôs para aqueles cujo grande privilégio é viverem depois.
No cristianismo, a “coisa melhor” veio à luz. De fato, a palavra "melhor" é característica desta epístola, pois, como vimos, o grande ponto dela é mostrar que o verdadeiro cristianismo transcende totalmente o judaísmo. Nesta epístola aos Hebreus já tivemos diante de nós, um melhor Apóstolo, um melhor Sacerdote, uma melhor esperança, um melhor pacto, melhores promessas, sacrifícios, possessão, pátria e ressurreição. Experimente percorrer os capítulos da Carta aos Hebreus e você observará você mesmo essas coisas. (Frank Binford Hole)
Portanto não existe qualquer razão para invejarmos os profetas do passado achando que tenham sido mais privilegiados ou que estivessem melhor equipados do que o mais débil cristão de hoje, que possui a habitação permanente do Espírito Santo, algo que eles não tinham. Nem sequer deveríamos invejar os discípulos de Jesus nos dias em que andaram com o Senhor na terra, pois sequer eram ainda habitados pelo Espírito Santo e nem desfrutavam do entendimento das coisas que viam e ouviam.
Talvez você se espante de eu dizer que não invejo aqueles que naquele tempo podiam ver Jesus face a face, tocá-lo e se reclinar sobre seu peito, como costumava fazer o apóstolo João. Ora, pense no fato de que, por mais bendito que fosse ver aquele homem perfeito caminhando aqui, nós o vemos agora glorificado nos céus, não mais como um humilde Servo que podia ser amarrado, chicoteado e pregado numa cruz.
"Ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos deste modo... Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos." (2 Co 5:16; Hb 2:9).
Nesta era após a obra consumada de Cristo, temos algo que nem os discípulos de Jesus, antes da descida do Espírito Santo, e também os santos do Antigo Testamento, não podiam ter, que é a "ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne" (Hb 10:19-20). Durante séculos o livre acesso a Deus esteve vedado ao homem pelo véu, rasgado de alto a baixo, de Deus para os homens, no dia em que Jesus morreu na cruz. "E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo." (Mt 27:50-51).
Veja o caso de João Batista, o último e maior profeta da antiga dispensação. Ele deixou muito claro que, vindo Cristo, tudo agora estaria concentrado nele, e que profetas como ele só podiam diminuir diante da sublimidade de Cristo e daqueles que hoje conhecem a salvação. De Jesus o próprio João testemunhou:
"Aquele que tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que lhe assiste e o ouve, alegra-se muito com a voz do esposo. Assim, pois, já este meu gozo está cumprido. É necessário que ele cresça e que eu diminua. Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem da terra é da terra e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos." (Jo 3:29-31).
O próprio Senhor disse a respeito de João Batista: "Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele... Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João." (Mt 11:11, 13).
É melhor julgar se esse desejo de ver grandes coisas não é algo que aprendeu do neopentecostalismo em sua ânsia por poder, milagres e maravilhas. Já reparou que hoje muito do que se prega nessas igrejas é fundamentado no Antigo Testamento e nas bênçãos terrenas prometidas a Israel? Será que você percebe o quanto de orgulho carnal é incitado nos louvores gospel modernos, que mais parecem palavras de ordem e motivação?
Todo esse desejo de poder dos cristãos modernos vai na contra-mão da Palavra de Deus, que mostra estarmos vivendo o auge do orgulho religioso da época de Laodiceia, quando o testemunho de Deus na terra está em completa decadência ao mesmo tempo em que se acha grande coisa: "Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta". A essa prepotência o Senhor responde:
"Não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te." (Ap 3:17-19).
É assim que o Senhor enxerga aqueles que professam ser cristãos porém se acham grande coisa neste mundo; aqueles que arrogantemente buscam o poder que Deus deu a Elias e a outros profetas, de fazer grandes coisas como o mar se abrir, muralhas desmoronarem e até fogo descer do céu. Mas não se esqueça de que vivemos em outra época e com um diferente relacionamento com Deus, agora revelado como Pai.
Se hoje existir alguma semelhança nossa com os santos do Antigo Testamento esta é que o mundo, que não era digno deles, pois é dito "dos quais o mundo não era digno" (Hb 11:38), também não é digno de nós, os que são chamados a sair a ele, a Cristo, "fora do arraial, levando o seu vitupério" — seu opróbrio e humilhação — "porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura." (Hb 13:13-14).
Vivemos "nos últimos dias" da Igreja na terra, em "tempos trabalhosos" neste testemunho corrompido que é a cristandade, repleto, como revela a segunda carta a Timóteo, de homens "amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela... Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. E, como Janes e Jambres (os magos de Faraó) resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé." (2 Tm 3:1-8).
Quem não entender isso será como os que ficarem na terra após o arrebatamento da Igreja e a permanência aqui da casca oca de uma cristandade professa sem Cristo, presas fáceis do anticristo, pois ele, à semelhança de Elias, fará "grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens. E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e vivia." (Ap 13:13-14).
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)