https://youtu.be/AliKZCbYriU
Você escreveu contando que tentou explicar a um irmão como funciona o uso dos recursos da coleta que é feita nas reuniões da assembleia ou igreja, mas ele argumentava que a igreja deveria ajudar os pobres, quer eles fossem cristãos ou não. Segundo ele, seria falta de amor a igreja se eximir de ajudar os necessitados e concentrar seus recursos no auxílio apenas dos irmãos.
Me parece que o problema todo é por essa pessoa não entender o que é a assembleia e nem querer se submeter à Palavra de Deus. O capítulo com instruções para a coleta começa assim: "Ora, quanto à assistência a favor dos santos, é desnecessário escrever-vos..." (2 Co 9:1). Para mim está mais do que claro que os recursos da coleta são para dar assistência aos santos, isto é, aos que um dia foram santificados ou separados para Deus pela fé em Jesus.
A coleta é feita com uma finalidade, as necessidades dos santos. Usá-la para qualquer outro propósito, por mais nobre e caridoso que seja, seria trair a intenção dos que ofertaram na coleta com o objetivo de suprir as necessidades dos santos, não dos incrédulos, de um partido político, de salário de algum pastor etc. Os recursos coletados com este objetivo não podem ser usados para outra finalidade, simples assim.
Todavia, cada cristão tem seus recursos para usar conforme o Senhor dirigir, e aí ele pode e deve fazer caridade conforme for guiado pelo Senhor. Ele pode, por exemplo, separar um valor todos os meses para ajudar numa instituição beneficente, ou para levar uma cesta básica a uma família carente, ou para ajudar a pagar a escola ou o tratamento de um necessitado etc. Isso é salutar e todo crente em Cristo deveria estar pronto a fazer isso.
Mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Não se pode usar dos recursos da coleta, que foi feita "a favor dos santos", para outra finalidade. Seria o equivalente a um desvio de verba, quando, por exemplo, os impostos que foram destinados à educação acabam sendo usados para construir estádios de futebol.
Mas não se preocupe em explicar isso a um cristão denominacional, pois muitos enxergam as denominações como entidades beneficentes, e elas acabam sendo isso mesmo. Muitas delas fazem trabalhos louváveis mantendo asilos, hospitais, creches, clínicas de recuperação, escolas etc. Mas é porque são constituídas assim, como organizações com fins beneficentes.
Mas não é de organizações humanas que estamos falando, mas da Igreja, a assembleia dos congregados somente ao nome do Senhor. Se um ou mais irmãos se propõem a fazer qualquer uma dessas coisas que citei antes, isso é ótimo. Podem constituir uma ONG do tipo orfanato, clínica, asilo etc. e seguir com esse trabalho, inclusive fazendo campanhas para arrecadar fundos, como é comum em organizações assim.
Mas a assembleia é outra coisa, ela não é formada com este propósito, mas com o propósito de os irmãos estarem congregados ao nome do Senhor, e se existem necessidades entre os irmãos ou para com a obra do evangelho, então existe o instituto da coleta justamente para essas necessidades. Até mesmo uma ONG como as que citei, caso deixasse de aplicar os donativos que recebe na finalidade para a qual foi constituída, poderia perder seu registro e seus diretores serem penalizados por isso. Pense num asilo que decidisse investir seus recursos para a campanha política de alguém e você terá uma ideia do que é desvio de finalidade.
Mas até quando se propõe a usar a coleta em auxiliar os santos é preciso que a assembleia proceda com sabedoria e na dependência do Senhor. Pense numa irmã, que está passando necessidade em casa com o marido incrédulo desempregado. Será preciso examinar bem a questão, pois o marido pode ser um homem trabalhador, mas pode também ser um viciado que não quer trabalhar e gasta tudo o que tem no vício. Então se a assembleia ajudar essa irmã com dinheiro em espécie, este poderá virar literalmente pó. Aí é o caso de tentar outras maneiras de ajudar para impedir que o marido relapso se aproveite da ocasião.
Eu já falei da responsabilidade individual do cristão em atender necessitados, sejam crentes ou incrédulos, e de como isso difere da coleta que é feita com um objetivo claro, que é o de suprir as necessidades dos santos. Essas necessidades não apenas incluem mantimento e abrigo para os santos necessitados, como também um lugar para se fazer as reuniões e recursos para a obra do Senhor, ajudando aqueles que estão claramente empenhados nesse trabalho, embora esses jamais devem pedir algo à assembleia.
Cabe aqui um parêntese para deixar claro que a igreja ou assembleia não envia missionários em nem custeia suas despesas. Eles são enviados à seara pelo Senhor da seara, ou pelo menos foi assim que fomos exortados a orar: "Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara." (Mt 9:38). Se eles são enviados pelo Senhor, então é com o Senhor, e não com a assembleia, que devem tratar naquilo que diz respeito às suas necessidades para a execução da obra.
Eles pedem ao Senhor, o Senhor toca os corações dos irmãos, que coletiva (a partir dos recursos da coleta) ou individualmente (do bolso de cada um) podem ter comunhão com o trabalho que fazem de evangelismo ou visitação dos santos. Resumindo: a assembleia, bem como os santos individualmente, podem eventualmente dar algum recurso aos que trabalham na obra, mas não como um compromisso de nenhuma das partes.
Um missionário contratado ou enviado por uma organização religiosa tem seu compromisso com aquele que é seu patrão, no caso a organização religiosa ou denominação, o que impede que ele seja livre para depender só do Senhor e falar aquilo que encontra na Palavra de Deus, e não em algum catecismo ou regra de fé de um sistema religioso.
A assembleia não tem o papel de substituir o exercício individual que cada um tem de trabalhar para sustentar sua própria casa e também de contribuir para necessitados, quaisquer que sejam e onde quer que estejam.
Quanto à coleta feita a favor dos santos, ela pode ser também destinada a ajudar as irmãs viúvas que sejam verdadeiramente necessitadas, que não sejam jovens e não tenham filhos que possam ajudá-las a se sustentar. Mesmo assim é preciso entender que aquelas que têm parentes que possam ajudá-las, devem recorrer a eles. Aparentemente o único caso de ajuda contínua seria o das viúvas, uma vez que todas as outras ajudas seriam pontuais e eventuais, como no caso de doença, desemprego ou na obra do Senhor.
"Honra as viúvas verdadeiramente viúvas. Mas, se alguma viúva tem filhos ou netos, que estes aprendam primeiro a exercer piedade para com a própria casa e a recompensar a seus progenitores; pois isto é aceitável diante de Deus. Aquela, porém, que é verdadeiramente viúva e não tem amparo espera em Deus e persevera em súplicas e orações, noite e dia; entretanto, a que se entrega aos prazeres, mesmo viva, está morta. Prescreve, pois, estas coisas, para que sejam irrepreensíveis. Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente. Não seja inscrita senão viúva que conte ao menos sessenta anos de idade, tenha sido esposa de um só marido, seja recomendada pelo testemunho de boas obras, tenha criado filhos, exercitado hospitalidade, lavado os pés aos santos, socorrido a atribulados, se viveu na prática zelosa de toda boa obra." (1 Tm 5:3-10).
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)