https://youtu.be/ILb0aWutkoE
Algumas pessoas acham uma incoerência eu dizer que sou apolítico e mesmo assim volta e meia dar meus palpites em assuntos políticos e polêmicos. Antes de explicar quero dizer que, na segunda metade de 2019, o meu perfil no Facebook apontava mais de 30 mil seguidores. Junte-se a isso os 5 mil seguidores no Twitter, 7 mil no Instagram, 26 mil no canal TV Barbante, 66 mil no “O Evangelho em 3 Minutos” e 370 mil no canal “O que respondi”. Isto sem falar em sites e blogs.
O que isso quer dizer? Que sou um influenciador digital com toda a responsabilidade que isto acarreta, não apenas por ser um palestrante profissional de comunicação e marketing, mas também por ser cristão e falar de Cristo sem estar subordinado a algum sistema religioso. Isso me traz simpatizantes e inimigos, elogios e críticas, principalmente numa sociedade tão polarizada quanto esta em que vivemos.
Quando criei meu primeiro site “Histórias de Verdade”, me correspondia na época com um cristão britânico que tinha um site para ajudar estrangeiros que queriam morar na Inglaterra. O site era rico em informações neste sentido, mas aquele material todo servia de isca para o objetivo principal do site, que era o de evangelizar.
Com ele aprendi a pegar gancho em assuntos da atualidade e de interesse público, permanentes ou momentâneos, como forma de atrair audiência e iniciar uma conversa. Continuo fazendo isso, e quando terminar você terá entendido que isto aqui também é uma isca. Apesar de muitos, cristãos ou não, serem incapazes de compreender que minha motivação não é política, mesmo quando falo de assuntos políticos, insisto no estilo. E é aí que a coisa pega, porque a maioria das pessoas recebe informação pela imprensa, que é sempre parcial e tendenciosa, e adotam este ou aquele lado.
Sim, toda imprensa é tendenciosa e parcial, pois a simples escolha de pautas, antes mesmo da produção da notícia, fica à mercê do editor que pode não querer noticiar algo por não lhe agradar. Se um desafeto seu ganhar o Prêmio Nobel isso sairá em todos os veículos, menos no seu. Pense naqueles vídeos de um político que cumprimenta dando a mão um a um numa fila de pessoas. Ele ignora e passa direto pelos que não lhe agradam. É assim que o silêncio na imprensa a faz parcial e tendenciosa, mais até do que matérias que assumem um ou outro lado.
Hoje você encontra mais informação confiável nas redes sociais do que nos jornais, revistas e TV. Como foi previsto no início da Internet, o cidadão comum seria o repórter da sociedade moderna, pautando a própria imprensa tradicional como vem acontecendo. Mas ela só vai noticiar se aquilo servir para vender sua mercadoria. E qual é a mercadoria da imprensa?
Se você respondeu “notícias” errou. A imprensa vende seres humanos, sim, almas de homens e mulheres, audiência. A imprensa diz: Tenho tantos mil assinantes mulheres na faixa de tal idade, ou homens interessados em tal assunto, quem quer comprar? E aí os anunciantes compram a atenção dessas pessoas.
Mas com a Internet a imprensa começou a morrer, e agora no Brasil, depois de anos de governo que alimentava a máquina de forma nababesca com milhões despejados em propaganda oficial em jornais, rádios e TVs, a imprensa está quebrada e desesperada. Não confie na direção de alguém transtornado, porque você pode acabar sofrendo junto.
Neste ponto você poderá perguntar a razão de eu, com uma opinião assim, volta e meia adotar algum assunto que está quente na mídia. Porque mesmo que eu não veja TV ou leia jornal, as pessoas fazem isso e estão sendo influenciadas, bem ou mal, pelo que recebem dali. Então é nessa seara que também encontro as iscas para minha pescaria.
Voltando ao meu primeiro site cristão, eu recebia críticas sempre que adotava uma “isca” pouco convencional, mas as críticas vinham de cristãos indignados. Uma me criticou por meu site não ter o design de um site de religião, mas parecer mais caderno de estudante. É claro, pois eu não queria alcançar cristãos, mas pessoas de todos os tipos interessadas em ler artigos em inglês e português colocados lado a lado. Muitos estudantes estavam buscando por isso.
Uma protestante fanática me criticou por ter falado da católica Madre Teresa de Calcutá. A Madre Teresa tinha acabado de falecer e a usei de escada para levar os pensamentos a Jesus. Outra me esconjurou por escrever sobre a Princesa Diana, mas a intenção era mostrar às jovens que sonham em ser princesas que isso não era garantia de uma vida feliz. Cristo era. Para uma das que criticavam eu estaria promovendo o catolicismo, para a outra eu estaria aprovando o estilo de vida da princesa. Nenhuma delas entendia o que eu fazia.
As “iscas” ou ganchos que tenho adotado nos últimos anos podem às vezes envolver assuntos políticos, polêmicos e polarizados, e não faltam críticas. Percebo que quando trato de algum assunto com o mesmo ponto de vista de um polo ganho seguidores desse polo no Twitter, depois posso perder alguns mas ganhar outros do outro polo.
Alguns de meus ganchos falavam da Primeira Dama do governo Temer, que foi atacada no estilo bullying pela imprensa por se declarar "do lar". Mostrei que a mulher do ponto de vista de Deus podia sim ser “Bela, recatada e do lar”, apesar das reações iradas das feministas. Da Primeira Dama do governo atual, atacada pela imprensa por ter ancestrais com passagem na polícia, mostrei que a genealogia de Jesus não era nem um pouco um exemplo de idoneidade.
As queimadas na Amazônia serviram de gancho para eu falar de como as pessoas são manipuladas por conceitos errados e de como eu mesmo já fui um ativista ambiental tão radical que cheguei a ir morar no mato depois de deixar a faculdade de arquitetura. O sequestrador do ônibus eliminado pela polícia gerou perguntas de meus leitores se Deus aprovava algo assim, pois muita gente tem sido vítima de uma ideologia torta que faz do agressor vítima e da vítima agressor. A febre da "terra plana", das teorias que negam as viagens à lua e outras teorias conspiratórias também serviram de isca.
Quando no passado eu usava o Lula de “isca” em crônicas de meu blog “Mario Persona café” era criticado pela turma da direita. Quando falei da esposa do Presidente Temer fui atacado por destros e canhotos. Agora que falo da esposa do Bolsonaro as pancadas vêm da esquerda, às vezes até de cristãos que ainda não se deram conta do tanto de ranço marxista e gramscista resta em suas mentes, derramado pelas faculdades que cursaram, principalmente as públicas.
Não sou de direita e nem de esquerda, e sei que uma ideologia apresentada com habilidade a estudantes pode criar um “mindset” ou mentalidade que irá produzir todo o modo de pensar de uma pessoa. Passei por isso e sei como é, mas hoje não me permito ter um “mindset” ou mentalidade formada por outra ideologia que não seja a cristã, e procuro me encharcar de Bíblia ao ponto de meus pensamentos e opiniões serem formados por ela. Você já analisou que ideologia formou sua maneira de pensar? É bom analisar, porque nos tempos de faculdade eu fui um ativista ambiental fanático, inclinado à esquerda e fumante de cachimbo para impressionar.
Demorou para que o alvejante cristão eliminasse os fluídos contaminantes, tanto de uma coisa quanto de outra. Então hoje me sinto à vontade para falar de qualquer assunto baseado no mérito deste, e tendo a Bíblia como bússola. E você, qual é a ideologia que forma sua maneira de pensar? Suas opiniões foram ditadas por algum autor de direita ou de esquerda que tinha pouco ou nenhum respeito por Deus e sua Palavra? É hora de pensar nisso.
Quando somos chamados pelo Espírito Santo de Deus para crermos no Evangelho da Salvação nossa consciência entra em um sério conflito. Foi o que aconteceu com o apóstolo Paulo no caminho a Damasco. Vamos deixar o próprio Paulo contar com foi sua experiência do modo como contou ao Rei Agripa:
“Bem tinha eu imaginado que contra o nome de Jesus Nazareno devia eu praticar muitos atos; o que também fiz em Jerusalém. E, havendo recebido autorização dos principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e quando os matavam eu dava o meu voto contra eles. E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui. Sobre o que, indo então a Damasco, com poder e comissão dos principais dos sacerdotes, ao meio-dia, ó rei, vi no caminho uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol, cuja claridade me envolveu a mim e aos que iam comigo. E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me falava, e em língua hebraica dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões. E disse eu: Quem és, Senhor? E ele respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; mas levanta-te e põe-te sobre teus pés, porque te apareci por isto, para te pór por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda; livrando-te deste povo, e dos gentios, a quem agora te envio, para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados, e herança entre os que são santificados pela fé em mim. Por isso, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial.” (At 26:9-19).
Quando o Espírito Santo toca uma alma existe resistência, luta e rendição. A frase “dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões” significa brigar com o inevitável. Um pastor de ovelhas, ou até mesmo um vaqueiro, possui uma vara pontiaguda, ou aguilhão, que serve para ferir o animal se ele insistir em caminhar no sentido contrário ao indicado pelo pastor. O problema é que mesmo depois de convertidos Deus precisa usar desse aguilhão por termos sido demasiadamente doutrinados por uma ideologia antes de sermos feitos crentes em Cristo.
Vemos claramente em Atos e nas epístolas que os apóstolos e discípulos vindos do judaísmo traziam resquícios de sua ideologia judaica, causando constantes problemas de polarização. Por outro lado, os gentios ainda traziam em si o efeito de suas ideologias pagãs suficientes para fazê-los fincar pé no outro polo. Isso só trazia sofrimento e divisão. A questão deveria ser sempre: “O que diz a Palavra de Deus?”, e não “O que dizem os que são de direita?” ou “O que dizem os que são de esquerda?”.
Na cristandade a coisa ficou ainda mais complicada pela polarização que já ocorria nos tempos dos apóstolos, pois então os cristãos passaram a se polarizar por preferências de pessoas. Paulo escreveu: “Me foi comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós. Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?... Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais?” (1 Co 1:11-13; 2:3-4).
Eu continuo tentando pautar meus pensamentos e opiniões pela Bíblia, o que nem sempre é fácil em um mundo com tantas vozes, opiniões e palavras de ordem. Sei que uma vida não é suficiente para atingir esse objetivo, mas nenhuma desculpa é válida para não atingi-lo. Depois de ter sido encharcado com a ideologia do judaísmo a parte mais difícil para Paulo era dizer: “Eu estava errado”.
Eu me lembro de quando me converti a Cristo, depois de ter insistido com muitos na tentativa de “convertê-los” ao esoterismo e filosofias orientais. Eu os mandava ler o Bahagavad Gita, ou comer de acordo com o equilíbrio Ying-Yang da Macrobiótica, ou viver uma vida despojada como ensinava Gandhi, Krishnamurti e outros. Depois de minha conversão as pessoas chegavam e, com razão, me cobravam: “Mas você não dizia que tinha de ser assim e assado?”. Aí eu respondia: “Sim, eu dizia, e estava errado”.
Outro dia vi a notícia a respeito do autor do livro “I Kissed Dating Goodbye”, em português “Eu disse adeus ao namoro”. O livro, escrito quando ele tinha 21 anos de idade, fez dele um bem sucedido autor e pastor de uma mega igreja nos Estados Unidos e serviu de inspiração para muitos jovens ao condenar o namoro e o sexo antes do casamento. Devo ter visto o livro na estante aqui de casa quando meus filhos eram adolescentes. Agora o autor negou sua fé, pediu desculpas aos homossexuais que ele criticou e disse que está desconstruindo tudo o que a fé cristã causou a ele.
Um cristão genuíno jamais voltará atrás ou perderá sua salvação. Ele poderá perder sua comunhão, mas estará seguro eternamente. Deus pode tirar sua vida, como tirou a de Ananias e Safira, mas nunca sua salvação. Mas, se depois de uma vida cristã profícua e cheia de bons frutos, deixar-se levar pelo canto de sereia da política, do mundo, ou da carne, acabará como Demas. De fiel companheiro de Paulo em suas prisões, nós o vemos como um amante do presente século no final.
Da prisão Paulo escreveu aos Colossenses “Saúda-vos Lucas, o médico amado, e Demas.” (Cl 4:14). Na mesma ocasião, escreveu a Filemom: “Saúdam-te Epafras, meu companheiro de prisão por Cristo Jesus, Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores.” (Fm 1:23). Porém mais tarde, também de uma prisão e abandonado por muitos, escreveria a Timóteo na última carta de sua lavra: “Procura vir ter comigo depressa, porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica, Crescente para Galácia, Tito para Dalmácia. Só Lucas está comigo.” (2 Tm 4:9-11).
Embora eu creia ter sido Demas um crente genuíno que trabalhou pelo Evangelho, mas se deixou levar por cuidados mundanos, não necessariamente ilícitos ou pecaminosos, o caso do escritor do livro para jovens aparenta ser o de alguém que nunca se converteu de verdade. Ele não apenas sucumbiu a levar a vida de um homem comum, como foi o caso de Demas, mas negou com todas as letras sua fé em Jesus. Sendo de família cristã, ele deve ter sido doutrinado desde a infância na ideologia cristã sem jamais ter nascido de novo.
Um verdadeiro salvo por Cristo, ainda que venha a negar sua fé sob tortura ou num momento de fraqueza, será como Pedro, que depois chorou e foi restaurado em sua comunhão com o Senhor. Por isso é importante, não só questionar se a construção de seu pensamento foi feita por uma ideologia de esquerda ou direita, mas também se foi por uma ideologia cristã porém sem uma conversão real a Cristo.
Esta é uma das razões de sempre ralharmos com nossos filhos por alguma traquinagem, quando eram pequenos, dizendo “O Senhor não gosta disso” ou “O Senhor ficou triste com o que você fez”, e não “O papai não gosta disso” ou “A mamãe ficou triste com aquilo”. Um dia o papai e a mamãe poderiam sofre de um "tilt" e não servirem mais de referência para eles, daí a importância de darmos a eles uma referência imutável: o Senhor e sua Palavra. Esta deveria ser sempre a referência de nossa vida e da vida dos que nos cercam. Somos todos volúveis e sujeitos a cair, mas o Senhor e sua Palavra permanecem. E, se você chegou até aqui, espero sinceramente que tenha engolido minha isca.
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)