https://youtu.be/-cWYYyN5dQs
Você escreveu contando que uma mulher, que é irmã em Cristo, disse que você vai para o inferno por ouvir o hino "In Christ Alone", o mesmo que você me ouviu cantar no Smule. Ela diz que você será condenado à perdição eterna por causa deste trecho, que em português diz: "Porque sou dEle e Ele é meu". Ela disse que dizer que "Ele é meu" é errado, e disse ter autoridade para ensinar a Bíblia pois tem cursos de teologia. Então você pergunta, aflito, se estaria errado em cantar esse hino.
Quando eu penso que já ouvi todas as bobagens possíveis imagináveis eis que surge essa pérola da ignorância da Palavra e insubordinação ao Senhor. O simples fato de essa mulher com muitos "cursos de teologia" dizer que você poderia perder a salvação por cantar um hino já demonstra que ela nunca creu verdadeiramente no evangelho da graça de Deus. Sua teologia deve ser tão bíblica quanto a espírita, a budista ou islâmica, que pregam uma evolução espiritual, eliminação de pecados, justificação e salvação por obras, obediência, perseverança, sofrimento etc.
Quando em Gênesis a serpente enganou Eva, o Senhor sabia que em todas as gerações Satanás teria na mulher seu alvo predileto. Então fez questão de deixar bem frisada sua submissão ao marido desde cedo e depois, quando a doutrina da Igreja foi revelada a Paulo, o Espírito Santo deu um mandamento bem claro que, infelizmente, é bastante negligenciado nesta época em que as pessoas se acham mais sábias que o próprio Senhor e mais versadas em teologia que o próprio "Téo". O termo teo-logia significa conhecimento de Deus.
A Timóteo Paulo começa falando da atuação pública dos varões — "Quero, portanto, que os varões orem em TODO lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade" — e depois proíbe a mulher de exercer autoridade de homem, o que inclui "orar em todo lugar", algo reservado aos varões. Ele segue ordenando que "a mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio. Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão." (1 Tm 2:8-14).
Por isso também é vedado às mulheres que ministrem nas reuniões públicas da igreja ou assembleia, apontando que ali seriam os "profetas", e não as "profetizas", que deveriam ministrar a Palavra.
"Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação... Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem. Se, porém, vier revelação a outrem que esteja assentado, cale-se o primeiro Porque todos podereis profetizar, um após outro, para todos aprenderem e serem consolados. Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas; porque Deus não é de confusão, e sim de paz. Como em todas as igrejas dos santos, conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina. Se, porém, querem aprender alguma coisa, interroguem, em casa, a seu próprio marido; porque para a mulher é vergonhoso falar na igreja Porventura, a palavra de Deus se originou no meio de vós ou veio ela exclusivamente para vós outros? Se alguém se considera profeta ou espiritual, reconheça ser mandamento do Senhor o que vos escrevo." (1 Co 14:26-37).
Ou seja, além de ignorar o evangelho da graça de Deus e ensinar erroneamente um evangelho de obras e justificação própria, essa mulher ainda desobedece o "mandamento do Senhor" e assume uma posição que não lhe cabe. Agora deixe-me mostrar quão equivocada ela está em afirmar que não podemos dizer "Cristo é meu", uma frase encontrada em muitos hinos antigos que são cantados até hoje em todo o mundo. É claro que essa mulher é apenas mais uma "terrorista psicológica" que gosta de jogar fardos pesados e incutir medo e terror nos cristãos para exercer domínio sobre eles.
Um dos mais belos e tradicionais hinos, por título "Blessed assurance", cuja letra foi escrita em 1873 por Fanny Crosby, uma cristã cega que escreveu centenas de hinos e poemas, diz assim logo no início: "Blessed assurance, Jesus is mine!" ("Bendita certeza, Jesus é meu!"). Sabe onde está fundamentada esta expressão? em Cantares, que é um livro que fala do interlúdio amoroso entre o Rei e sua amada. Ali o contexto é o de Jeová e sua esposa Israel, mas o mesmo pode ser usado em figura para o amor existente entre Cristo e sua Igreja. A mulher, apaixonada pelo seu Amado, diz dele:
"O meu Amado é meu, e eu sou dele... Eu sou do meu Amado e o meu Amado é meu..." (Ct 2:16; 6:3).
Pelo jeito essa mulher com quem você conversou nunca leu isso, mas talvez seja perda de tempo você tentar explicar, porque ela se acha revestida de autoridade com os "cursos de teologia" que disse que fez. Devem ser os mesmos cursos que farão parte do currículo da apostasia que irá tomar conta da cristandade após o arrebatamento da igreja. Isso já acontecia entre os judeus no Antigo Testamento, e o Senhor o revelou pelo profeta Jeremias: "Por que, pois, se desvia este povo de Jerusalém com uma apostasia tão contínua? Persiste no engano, não quer voltar." (Jr 8:5).
Andrew Miller, que viveu no século 19 e estava congregado fora dos sistemas religiosos e somente ao nome do Senhor Jesus, escreveu em seu livro "Meditações em Cantares":
"Que coisa vã é, para qualquer um dos filhos ou filhas dos homens falar de qualquer coisa neste mundo como sendo "meu" ou "minha"! Supondo que alguém possa falar de tudo o que o mundo preza, como minhas riquezas, minha influência, meu poder, minha sabedoria, minha fama — o que eles fariam, o que poderiam fazer pela alma, a parte mais nobre do homem? Mas oh! Quão diferente, quando Cristo — o bem-amado, é objeto de desejo — de afeto! E quando a fé pode dizer sem o menor constrangimento — "Cristo é meu — Ele é meu amado — e meu amado é meu" — meu agora — meu para lavar meus pecados — meu para me vestir com a justiça de Deus — meu para habitar no meu coração pelo Seu Espírito — ao longo da vida — meu quando batizado no Jordão — meu na glória celestial. Sim, alma minha e muito mais — muito mais! Meu para olhar para Ele - meu para Lhe falar — meu para cuidar de mim — meu para sentir empatia por mim - meu para me socorrer — meu para encerrar minha jornada de peregrino — para encerrar minha longa e cansada jornada e me levar em Sua carruagem de nuvens para estar consigo mesmo para sempre. Diga, diga, ó minha alma, seria isso, tudo isso, uma porção adequada para você? Seria isso suficiente para um pecador pobre e vil?" — Andrew Miller - "Meditation on the Song of Solomon".