https://youtu.be/PJNsUEJ8L5g
Você diz que uma pessoa que não gosta de trabalhar sempre o procura em busca de ajuda para gastar em supérfluos e ostentação. Acreditando ser uma prática cristã dar a quem pede você tem ajudado essa pessoa mas fica incomodado quando seu dinheiro suado ser gasto sem controle, só para ser novamente procurado para ajudar em outra necessidade. Seria errado não ajudar?
Não, o certo em casos assim é não ajudar, pois você não está resolvendo um problema, só alimentando o vício de gastar dessa pessoa. Você é responsável pelos recursos que o Senhor coloca em suas mãos e precisa administrá-los, pois no final é você quem deve prestar contas deles. O nome disso é mordomia, como a do mordomo de uma casa que é responsável em dispor de forma apropriada os recursos para as diferentes necessidades da propriedade de seu patrão.
Você daria tudo que seu filho pede sabendo que vai gastar com porcarias? Não. Então por que deixar a torneira aberta para quem não quer trabalhar? A Bíblia é muito clara do modo como devemos tratar pessoas assim. Já recusei ajudar irmãos e deixei bem claro a razão, que era sua falta de disciplina para com o dinheiro. O ensino sobre como a assembleia deve tratar as viúvas pode ser útil também para o discernimento de cada um em particular. Repare que as necessidades de uma viúva é primeiro responsabilidade da família, e só na falta de qualquer recurso é que recai sobre a igreja.
"Honra as viúvas que verdadeiramente são viúvas. Mas, se alguma viúva tiver filhos, ou netos, aprendam primeiro a exercer piedade para com a sua própria família, e a recompensar seus pais; porque isto é bom e agradável diante de Deus... Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel. Nunca seja inscrita viúva com menos de sessenta anos, e só a que tenha sido mulher de um só marido; tendo testemunho de boas obras: Se criou os filhos, se exercitou hospitalidade, se lavou os pés aos santos, se socorreu os aflitos, se praticou toda a boa obra.... Se algum crente ou alguma crente tem viúvas, socorra-as, e não se sobrecarregue a igreja, para que se possam sustentar as que deveras são viúvas." (1 Tm 1:5-16).
Quando Paulo fala da tradição ou ensino que os irmãos de Tessalonicenses tinha recebido dele, isso não se restringe ao ensino das coisas espirituais, mas também ao modo como ele vivia.
"Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu. Porque vós mesmos sabeis como convém imitar-nos, pois que não nos houvemos desordenadamente entre vós, nem de graça comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós. Não porque não tivéssemos autoridade, mas para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes. Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também. Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs. A esses tais, porém, mandamos, e exortamos por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão. E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem. Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe. Todavia não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como irmão." (2 Ts 3:6-15).
"De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem o vestuário. Sim, vós mesmos sabeis que para o que me era necessário a mim, e aos que estão comigo, estas mãos me serviram. Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber." (At 20:33-35).
Paulo trabalhava ao mesmo tempo em que atuava na obra do Senhor. Ele um pequeno empresário tocando sua pequena indústria de tendas em parceria com Priscila e Áquila.
"E depois disto partiu Paulo de Atenas, e chegou a Corinto. E, achando um certo judeu por nome Áquila, natural do Ponto, que havia pouco tinha vindo da Itália, e Priscila, sua mulher (pois Cláudio tinha mandado que todos os judeus saíssem de Roma), ajuntou-se com eles, e, como era do mesmo ofício, ficou com eles, e trabalhava; pois tinham por ofício fazer tendas." (At 18:1-3).
Não é muito acreditar que ele saísse em busca de fornecedores de tecidos com melhor custo-benefício, que aprimorasse suas técnicas de costura e instalação (tendas incluíam os toldos que casas romanas do primeiro século tinham na fachada e no jardim interno). Ele também precisava se esmerar em suas técnicas de marketing, que significa simplesmente identificar, analisar e atender desejos e necessidades de sua clientela. Como todo cristão que trabalha ou mantém seu proprio negócio, o trabalho secular que Paulo fazia abria portas para novos contatos e para testemunhar de Cristo a clientes e fornecedores.
Ficamos tão acostumados com o clericalismo que tomou conta da cristandade que fica difícil imaginar Paulo envolvido em tarefas tão mundanas quanto comprar, costurar e vender. Mas foi a religião que inventou essa classe clerical de homens com sapatos de verniz e anel no dedo. Talvez você nunca tenha tido esta imagem de Paulo, achando que ele vivesse hoje estaria no púlpito de uma igreja vestido de terno e gravata, pedindo dinheiro e sendo paparicado por seus paroquianos, não é mesmo?
Se aos Coríntios o apóstolo incentivava para que dessem ofertas, isso não era para si mesmo, para viver uma vida de ostentação morando numa mansão e viajando de jato executivo. Ele pedia para os irmãos suprirem as necessidades dos cristãos pobres que sofriam perseguições. Naquele momento os que estavam na judeia passavam por dificuldades por causa da perseguição perpetrada pelos judeus e acabavam passando fome.
Um judeu que se convertia a Cristo perdia o emprego, a casa, as terras, tudo, pois o cristianismo era considerado uma heresia pelos judeus. O que os cristãos na Judeia sofreram no início do cristianismo não é diferente do que os judeus na Alemanha sofreram durante o nazismo nas mãos de cristãos professos católicos e protestantes. Por uma ironia do destino a história se repetiria quase dois mil anos depois apenas invertendo a posição dos protagonistas. Veja o pano de fundo da época e as instruções do apóstolo:
"E naqueles dias desceram profetas de Jerusalém para Antioquia. E, levantando-se um deles, por nome Agabo, dava a entender pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio César. E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judeia. O que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo." (At 11:27-30).
"Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar. E, quando tiver chegado, mandarei os que por cartas aprovardes, para levar a vossa dádiva a Jerusalém." (1 Co 16:1-3).
"Mas agora vou a Jerusalém para ministrar aos santos. Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém. Isto lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles. Porque, se os gentios foram participantes dos seus bens espirituais, devem também ministrar-lhes os temporais. Assim que, concluído isto, e havendo-lhes consignado este fruto, de lá, passando por vós, irei à Espanha." (Rm 15:25-28).
"Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedônia; como em muita prova de tribulação houve abundância do seu gozo, e como a sua profunda pobreza abundou em riquezas da sua generosidade. Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente. Pedindo-nos com muitos rogos que aceitássemos a graça e a comunicação deste serviço, que se fazia para com os santos. E não somente fizeram como nós esperávamos, mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós, pela vontade de Deus. De maneira que exortamos a Tito que, assim como antes tinha começado, assim também acabasse esta graça entre vós. Portanto, assim como em tudo abundais em fé, e em palavra, e em ciência, e em toda a diligência, e em vosso amor para conosco, assim também abundeis nesta graça. Não digo isto como quem manda, mas para provar, pela diligência dos outros, a sinceridade de vosso amor. Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis. E nisto dou o meu parecer; pois isto convém a vós que, desde o ano passado, começastes; e não foi só praticar, mas também querer. Agora, porém, completai também o já começado, para que, assim como houve a prontidão de vontade, haja também o cumprimento, segundo o que tendes. Porque, se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem. Mas, não digo isto para que os outros tenham alívio, e vós opressão, mas para igualdade; neste tempo presente, a vossa abundância supra a falta dos outros, para que também a sua abundância supra a vossa falta, e haja igualdade; como está escrito: O que muito colheu não teve de mais; e o que pouco, não teve de menos." (2 Co 8:3-15).
Estas passagens são usadas à exaustão nos púlpitos das igrejas, mas se você for inteligente verá que elas não falam de ajudar algum pastor, igreja ou instituição religiosa. Elas falam de ajudar os pobres do rebanho. Nada na Bíblia justifica o auxílio a perdulários e muito menos a clérigos buscando viver uma vida de luxo. Quem conhece de perto o mundo religioso sabe quantos ficam desempregados e adquirem uma franquia de igreja para se sustentar. Isto mesmo, muitas dessas igrejas neopentecostais funcionam no sistema de franquia.
Mas essas aberrações não são ensinadas na Palavra de Deus, embora Paulo escreva sobre a validade do auxílio para os que estão envolvidos com a pregação do evangelho e a visitação às assembleias. Ele particularmente abria mão desse direito, mas não queria com isso impedir aqueles que quisessem ajudar os que deixassem emprego e oportunidades para se dedicar em tempo integral à obra do Senhor.
"Esta é minha defesa para com os que me condenam. Não temos nós direito de comer e beber? Não temos nós direito de levar conosco uma esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas? Ou só eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar? Quem jamais milita à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não se alimenta do leite do gado? Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz a lei também o mesmo? Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante. Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais? Se outros participam deste poder sobre vós, por que não, e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo. Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar, participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho. Mas eu de nenhuma destas coisas usei, e não escrevi isto para que assim se faça comigo; porque melhor me fora morrer, do que alguém fazer vã esta minha glória." (1 Co 9:3-15).
Devo ressaltar que, apesar das muitas passagens que falam de ajudar os mais pobres e também os que estão ativos na obra do Senhor, em nenhum lugar da doutrina dos apóstolos dada à Igreja encontramos o dízimo e nem mesmo qualquer margem para um servo do Senhor pedir recursos para si mesmo, como é praxe no mundo religioso hoje. Uma boa referência é esta:
"Amado, procedes fielmente em tudo o que fazes para com os irmãos, e para com os estranhos, que em presença da igreja testificaram do teu amor; aos quais, se conduzires como é digno para com Deus, bem farás; porque pelo seu Nome saíram, nada tomando dos gentios. Portanto, aos tais devemos receber, para que sejamos cooperadores da verdade." (3 Jo 1:5-8).
Veja também: Devo dar esmolas?
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)