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Existiria discordância entre os irmãos?



https://youtu.be/lHOGOfcNMSQ

Você escreveu perguntando se não existiria algum entendimento diferente entre os irmãos congregados ao nome do Senhor com relação a algum assunto. Para justificar sua dúvida você alega que, sendo todos humanos e cada ser humano ter sua visão de mundo, seria natural existirem algumas posições diferentes, e conclui perguntando se essas diferenças de pensamento não teriam resultado nas muitas denominações hoje existentes.

Que os homens têm diferentes preferências e pensamentos isso é um fato até mesmo denunciado pelo apóstolo Paulo em suas cartas, não como algo natural, mas como carnalidade e falta de entendimento da Verdade. Aos cristãos de Corinto ele escreveu:

"Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer. Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós. Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo... E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis, porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais?" (1 Co 1:10-12; 3:1-4).

Mas considerando que o Espírito Santo é um só e que ele não ensinaria um de um modo e outro de outro, só existe uma interpretação da Bíblia que é a correta. Todas as outras estão necessariamente equivocadas. Não estou falando de aplicação da Bíblia, pois podem existir diferentes aplicações para um mesmo texto, mas a interpretação do que aquilo significa só pode ser uma.

Se você fez sua pergunta comparando os irmãos congregados somente ao nome do Senhor com os milhares de denominações religiosas, então a questão é: O Senhor criou alguma denominação religiosa? Não. Então aí já não é uma questão de interpretação, mas de fundamento. Mais de um cristão podem ter a mesma interpretação de uma determinada doutrina, mas se um deles pertence a uma denominação ele está tendo o entendimento correto, porém no lugar errado. Ainda não entendeu o fundamento do que é a Igreja, o único corpo de Cristo.

No capítulo 11:18-19 de 1 Coríntios Paulo escreveu: "Porque antes de tudo ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há entre vós dissensões; e em parte o creio. E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós.". Apesar de às vezes usarmos o termo heresia como sinônimo de má doutrina, ele pode significar apenas diferença de pensamento. Uma doutrina erroneamente compreendida pode ser uma heresia, mas uma doutrina correta também pode ser uma heresia se for imposta à força. O antídoto para isso está na carta aos Filipenses:

"Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões, completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa. Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.   De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus... Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá. Todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos." (Fp 2:1-5; 3:15-16).

Eu posso ter um entendimento correto e profundo de algum assunto e tentar impor isso sobre irmãos que ainda não têm estrutura para compreender isso, então devo ser paciente e esperar que o esclarecimento deles venha de Deus, caminhando juntos naquilo que conjuntamente já alcançamos. Mas isso não significa comprometer a Verdade, pois aqui estou falando de entendimentos que não sejam opostos ao que está escrito na Palavra de Deus e nem que comprometam verdades fundamentais, como a justificação pela fé, a divindade de Cristo, a esperança eterna do crente etc.

Apesar de lá atrás, nos primeiros anos da Igreja na terra, aqueles cristãos já se dividirem em preferências ou "heresias", "preferências" ou "escolhas", que são sinônimos, é importante notar que eles permaneciam juntos e entendiam haver um só corpo de Cristo e não muitos. As grandes diferenças ali ocorriam "por causa dos falsos irmãos que se entremeteram com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus e reduzir -nos à escravidão" (Gl 2:4).

Com a partida dos apóstolos, porém, Satanás aumentou seus ataques como o próprio Paulo havia previsto em Atos 20, não apenas vindos de inimigos do cristianismo, os lobos de fora, mas também dos infiltrados entre os cristãos que buscavam arrebanhar discípulos. Paulo avisou: "Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles." (At 20:29-30).

Seria "ao anjo" ou irmãos responsáveis nessa mesma assembleia ou igreja que estava em Éfeso, a mesma a cujos anciãos Paulo havia avisado desse risco, que o Senhor revelaria uma carta, a primeira da era pós apostólica quando falsos apóstolos tentavam ocupar o posto deixado pelos verdadeiros que já haviam partido da terra. O apóstolo João foi quem transmitiu essa revelação:

"Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos." (Ap 2:1-2).

Ali, apesar da iminente ruína e do abandono do "primeiro amor" (Ap 2:4) vemos o Senhor dizendo que "anda no meio dos sete candeeiros de ouro", ou seja, no centro do testemunho. Na última carta dirigida a Laodiceia em Apocalipse 3:14-22, que cronologicamente representa o último estágio do testemunho cristão na terra, ele já não está no meio dos candeeiros, mas fora, dizendo: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo." (Ap 3:20).

Apesar dos cismas ocorridos dentro do testemunho cristão que criaram congregações que se rebelavam contra o jugo do bispo de Roma, até os tempos posteriores à Reforma Protestante não se ouvia falar em diferentes "igrejas" e o próprio Martinho Lutero não fez um movimento no sentido de criar uma nova igreja toda sua. O nome "Igreja Luterana" foi inventado depois.

Em 1521 Lutero e seus simpatizantes foram excomungados pelo Papa, mas foi só em 1597, ou 76 anos mais tarde, que seus simpatizantes adotaram a identidade de "luteranos", que a princípio era usado por seus opositores como um termo ofensivo. Não foi diferente com muitos movimentos que depois foram transformados em denominações, não por seus iniciadores, mas pelos que vieram depois, como os "waldenses", "anabatistas", "calvinistas", "metodistas", etc.

Quando no princípio do século 19 alguns irmãos saíram dos sistemas religiosos para se concentrarem naquilo que a Palavra ensinava, logo aquilo se espalhou por todo o mundo e muitas assembleias se formaram congregadas somente ao nome do Senhor. Como aconteceu com outros movimentos, os de fora colocaram neles o título de "brethren" ou "irmãos" em inglês, mas essa identificação nunca foi transformada em alguma denominação. Existem algumas "brethren churches" por aí, provavelmente originadas de movimentos menonitas, anabatistas, quakers ou outros.

Com o passar do tempo ocorreram entre os irmãos congregados somente ao nome do Senhor divisões que adotaram diferentes doutrinas e práticas mais ou menos parecidas com o pensamento daqueles irmãos do princípio. Mas o motivo mais comum de elas ocorrerem foi o desrespeito à autoridade do Senhor que foi dada à Igreja e à assembleia local. Algumas dessas divisões já se transformaram em denominações sem nome, com um pastor à frente, uma banda, uma ceia aberta à participação de qualquer um, etc. Em tudo isso é possível ver o dedo do homem, não de Deus, principalmente quando atentamos para o versículo abaixo:

"Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos." (1 Co 14:33).

https://umcorpo.blogspot.com/2012/09/apendice-grupos-cismaticos-dentre-os.html

por Mario Persona

Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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Esclarecimentos: O conteúdo deste blog traz respostas a perguntas de correspondentes, portanto as afirmações feitas aqui podem não se aplicar a outras pessoas e situações. Algumas respostas foram construídas a partir da reunião das dúvidas de mais de um correspondente. O objetivo é apenas mostrar o que a Bíblia diz a respeito das questões levantadas, e não sugerir qualquer ingerência de cristãos na política e na sociedade, no sentido de exigir que as pessoas sigam os preceitos bíblicos. O autor é favorável à livre expressão e, ainda que seu entendimento da Bíblia possa conflitar com a opinião de alguns, defende o respeito às pessoas de diferentes crenças e estilos de vida. Aqui são discutidas ideias e julgadas doutrinas, não pessoas. A opção "Comentários" foi desligada, não por causa das opiniões contrárias, mas de opiniões que pareciam favoráveis mas que tinham o objetivo ofender pessoas ou fazer propaganda de alguma igreja ou religião, induzindo os leitores ao erro.

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