https://youtu.be/U699Uz-7xl0
O que fazer quando sabemos que alguém de nosso círculo de amizades ou familiar revela um comportamento de predador sexual? Quando recebo uma pergunta assim costumo instruir a pessoa a ter absoluta certeza e provas de que não é apenas uma vaga impressão, mas um fato constatável de abuso sexual, violência sexual ou pedofilia, para evitar uma falsa denúncia. Então, tendo certeza do que viu ou ouviu, que faça uma denúncia pelo telefone 100.
Quem deixa de denunciar incorre no pecado de omissão, que é mostrado de diferentes manteiras na Bíblia. Na carta de Tiago encontramos que "aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando" (Tg 4:17) e o princípio mais forte para isso encontramos no Antigo Testamento em Levítico 5:1: "Quando alguém pecar nisto: tendo ouvido a voz da imprecação, sendo testemunha de um fato, por ter visto ou sabido e, contudo, não o revelar, levará a sua iniquidade".
Quando você lê a história do "Bom Samaritano" nos evangelhos tem uma clara noção da omissão praticada pelos dois homens que passam ao largo daquele que foi assaltado e espancado. Por mais religiosos que fossem, o sacerdote e o levita eram omissos em fazer o bem que estava ao alcance deles, em contraste com o verdadeiro Samaritano, uma figura de Cristo, que salva o homem caído à beira da estrada.
Outra indicação clara de omissão está no motivo da condenação dos "bodes" em Mateus 25, que representam os que irão ser omissos no cuidado para com os pequeninos irmãos do Senhor, os judeus, durante as perseguições que estes irão sofrer durante a Grande Tribulação. A coisa fica muito mais séria quando descobrimos que ao nos omitirmos de proteger um indefeso estamos fazendo isso com o próprio Senhor.
"Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me. E eles lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, forasteiro, nu, enfermo ou preso e não te assistimos? Então, lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer. E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna." (Mt 25:41-46).
A pedofilia é classificada hoje internacionalmente como um transtorno de personalidade que leva um adulto a ter preferência sexual por meninos e meninas. No Brasil o código penal não prevê redução de pena se for constatado que o abusador é pedófilo, o que mostra a gravidade do crime.
Porém nem todo pedófilo chega às vias de fato de abusar sexualmente de algum menor. Ele pode estar mais para um voyeur que coleciona fotos e vídeos de menores do que de alguém que coloca em prática o abuso e a violência sexual. Mas mesmo assim ele está contribuindo para a exploração sexual de menores, porque se não existir audiência não existirão os que se beneficiam financeiramente de sequestrar ou aliciar crianças para produzir fotos e vídeos.
Então para uma investigação basta encontrar material assim em seu celular ou computador para ele ser enquadrado como pedófilo. São pessoas que podem estar envolvidas com a prática de grooming, que é a sedução pela Internet praticada por adultos que tentam ganhar a confiança e amizade de uma criança. Muitos são presos porque os pais descobrem e continuam a conversa fazendo-os pensar que estão falando com a criança, até marcarem um encontro e serem presos em flagrante. O grooming costuma evoluir para o sexting que é a troca de mensagens e fotos de cunho sexual.
A Bíblia não fala especificamente de pedofilia, mas fala de fornicação, uma palavra cuja raiz é porneia e da qual derivam palavras como pornografia. Na Bíblia ela significa qualquer atividade sexual ilícita fora do casamento, e isso claramente inclui a pedofilia e a troca de mensagens e nudes de crianças e adolescentes, além da prática de voyerismo, que ficou popular com micro-câmeras instaladas na ponta do sapato para gravar imagens de sob a roupa de mulheres em ambientes públicos. A fornicação está incluída entre as "concupiscências da carne" de Gálatas 5:16-21.
Um pedófilo pode até ser enganado por sua mente pervertida e achar que está sendo bondoso, afetuoso e carinhoso para com as crianças, e adora dar doces e presentes. Mas não passam de "pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia" (Rm 1:31) considerando que o que buscam mesmo é satisfazer seus apetites carnais.
Em 2 Timóteo 3, ao falar das características dos líderes da cristandade nos últimos dias, esse traço de personalidade é repetido em outra versão como "desafeiçoados" e segue dizendo que são "mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder." (2 Tm 3:1-5). O ambiente religioso é particularmente fértil em ações de pedofilia e abuso sexual prontamente abafados por seus líderes. A devassa que tem ocorrido no Vaticano tem gerado ações milionárias contra dignatários daquela religião.
Mas o que o Senhor Jesus pensa de quem abusa de uma criança? Se quiser realmente saber, procure uma grande pedra dessas usadas antigamente nos moinhos de trigo, amarre-a com uma corda em seu pescoço e pule de um barco no meio do mar. Se não quiser fazer isso, prenda a respiração pela próxima meia hora que já ficará de bom tamanho para saber o que o Senhor deseja para alguém assim.
"E qualquer que receber em meu nome um menino, tal como este, a mim me recebe. Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar... Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêem a face de meu Pai que está nos céus." (Mt 18:5-6).
Um irmão costumava incentivar sua filha pequena a abraçar e beijar os irmãos que encontrava e aconselhei que não a incentivasse assim. Mesmo sendo irmãos em Cristo, só o Senhor sabe o que se passa debaixo da pele e da caixa craniana de cada um. Por mais piedoso que seja o exterior, o ditado "por fora bela viola, por dentro pão bolorento" pode se aplicar também aos que se denominam cristãos. Sabe a diferença entre a carne de um salvo por Cristo e um perdido? Nenhuma. A carne tem um gatilho que não deve ser acionado para não produzir o pecado.
A Bíblia dá uma instrução muito importante: "Ora, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher" (1 Co 7:1). Entendo que isso deve valer para todas as idades, e isso inclui a ordem dada em 1 Tessalonicenses 5:22: "Abstende-vos de toda a aparência do mal". Não apenas devemos evitar o mal, mas evitar também fazer coisas que outros possam interpretar como se estivéssemos praticando o mal.
Por isso não é bom incentivar filhos pequenos, sejam meninos ou meninas, a terem contato físico com adultos, principalmente com homens, porque sabemos do que a carne é capaz. O diabo não perde tempo em aproveitar a ocasião e fazer até mesmo do crente um ladrão. "Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne." (Gl 5:13).
Conheço uma assembleia no exterior onde havia um irmão muito querido das crianças, que vivia distribuindo doces, pegando crianças no colo, brincando com elas, até que, para surpresa de todos, ele foi preso e condendo por pedofilia. Ao que se sabe ele nunca abusou dos filhos dos irmãos, mas fazia isso com outras crianças de sua vizinhança.
Recebo sempre e-mails de pessoas que tiveram a vida destruída por abusos na infância e hoje têm problemas psicológicos, na família e no casamento. Não são poucas as que mergulharam nas drogas em busca de um paliativo para seus conflitos mentais. O mal causado por um pedófilo na psique de uma pessoa não deve ser muito diferente do trauma de um sequestro. Deveria eu olhar para o outro lado e deixar algo assim passar em branco?
Existem serviços nos EUA, como o "Family Watchdog", que marcam as casas onde moram pessoas que foram consideradas culpadas de crimes sexuais. No site você escreve o nome de uma cidade americana e um mapa mostra as casas dos predadores. Ao contrário de um crime, que é uma ação praticada com algum objetivo, o predador sexual tem essa tendência costurada em sua mente que pode ficar latente por muito tempo até vir à tona. Então, mesmo que cumpra pena por um crime sexual, ele continuará propenso a praticar o mesmo crime. Por isso em alguns lugares é feita castração química de pessoas assim.
Nos EUA, quando alguém que já foi fichado como predador sexual, mesmo depois de cumprida a pena, e precisar se mudar de endereço, deve avisar a polícia. Pessoas com filhos pequenos costumam consultar esse mapa antes de comprar um imóvel. Só para você ver como a coisa lá é levada a sério.
Mas, considerando que a pedofilia, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), é uma doença em que o indivíduo possui um transtorno psicológico e, assim sendo, apresenta um desejo, fantasia ou estímulo sexual por crianças, não irá demorar para ser considerada apenas mais um opção sexual, como sexo entre pessoas de mesmo gênero, com animais, cadáveres, objetos e tudo mais que a mente pervertida do homem vier a conceber. Já existem movimentos que buscam legalizar a pedofilia e também o incesto, que é a união entre pessoas da mesma família, como pais e filhos e entre irmãos. Não, eu não estou falando de alguma tribo remota perdida na selva; estou falando do Brasil.
Mas como proteger seus filhos da pedofilia? Aprendendo a raciocinar como um pedófilo. O que ele busca em primeiro lugar é acesso aos seus filhos, e hoje, com as redes sociais, é muito fácil os pais publicarem fotos de filhos nus ou em roupas e posições erotizadas. A própria mídia contribui para a erotização da criança mesmo nos programas infantis na TV. Os predadores estão de olho em suas vítimas na Internet e também fora dela, até mesmo no meio familiar onde é dada muita liberdade de contato das crianças com parentes próximos. As estatísticas apontam que mais de 70% dos abusos contra menores acontecem dentro da família.
Então desconfie de quem demonstrar muita afeição por meio de contato físico com seus filhos, sejam amigos ou parentes. Se você não der atenção aos seus filhos o pedófilo dará, e pode ter certeza de que ele será muito mais amoroso e simpático que você, prometendo sorvete, presentes e passeios. Ele também não deixará de elogiar a criança, que terá maior possibilidade de ser uma vítima se ela nunca for elogiada por seus pais. Um pedófilo sabe como fazer a criança sentir-se especial. E você, sabe como fazer isso? Então por que nunca fez?
A conquista da confiança da criança pelo pedófilo consiste em torná-la cúmplice de segredos. Ao fazer isso ele cria na mente da criança uma importância que nem seus pais têm, pois eles nunca lhe contam segredos e também não estão interessados em descobrir os segredos de seus filhos. O pedófilo se transforma no confidente da criança, aquele amigo invisível que é materializado na pessoa de um adulto. Em seguida virá, evidentemente, o pedido para que guarde segredo também desses momentos em que o pedófilo se comunica com a criança, dá presentes ou faz carícias.
Finalmente atenção deve ser dada ao computador e celular, e ao acesso à Internet. Crianças não podem fazer isso desassistidas e quaisquer que sejam as mídias, sites ou games os pais precisam saber as senhas de acesso. É por aí que muitos pais acabam ignorando o que acontece com seus filhos quando navegam, e a surpresa pode vir tarde demais depois de um abuso, estupro ou até infanticídio ter se consumado. Você não guarda suas joias no cofre? Não protege seus investimentos? Não tem alarme no seu carro? Então faça o mesmo com seus filhos. Eles podem ter liberdade, mas liberdade vigiada.
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)