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O abraço no transgênero foi prova de amor cristão?



https://youtu.be/VIApRQRK9PQ

Sua dúvida é sobre uma matéria torta que a TV Globo apresentou no "Fantástico" mostrando um médico abraçando um transgênero que se dizia solitário e sem pessoas que o visitassem. Nas redes sociais alguns criticaram a Globo e o médico por abraçar o sujeito, enquanto outros, tentando demonstrar amor cristão, diziam que estava certo abraçar o criminoso.

O problema de algo assim é o mesmo de se errar o primeiro botão ao abotoar a camisa. Todos os outros sairão fora de lugar e ninguém estará com a razão. O botão foi abotoado errado lá atrás e agora não adianta nem tomar um lado, nem o outro. A Bíblia diz que "Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores" (1 Tm 1:15), então qualquer pessoa é qualificada a receber de Jesus um abraço de perdão e compaixão. Afinal, "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna", e isso inclui toda a humanidade.

De nossa parte devemos estar sempre prontos a pregar o evangelho da graça de Deus a quem quer que seja, e abraçar um criminoso arrependido, ao mesmo tempo em que não contestamos a validade de sua condenação legal, pois se não diferenciássemos sua condição poderíamos ser confundidos com alguém simpatizante para com seu crime.

É bom lembrar que o Senhor não disse ao OUTRO malfeitor "Hoje estarás comigo no Paraíso", mas apenas ao arrependido. O Senhor falou isso ao malfeitor arrependido que criticou o condenado impenitente, dizendo: "Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino." (Lc 23:40-43).

Uma mãe que ama verdadeiramente seu filho o disciplina, não passa a mão em sua cabeça como se nada tivesse acontecido. Ao contrário, ela o repreende. Relevar os crimes de um criminoso, abraçando-o na tentativa de fazer dele uma vítima da sociedade, é expressar aquele tipo de amor piegas que despreza a justiça e a verdade em prol do sentimentalismo. O amor verdadeiro não anula a justiça, e o fato de a própria rede de TV e o médico terem depois se desculpado demonstra que entenderam seu erro.

Tudo esteve errado desde o princípio, e quando digo "princípio" não estou falando do programa de TV, mas da própria maneira de a justiça humana lidar com o caso. A verdade é que esse homem nem deveria estar preso, mas já deveria ter sido executado pelo crime de sequestrar, violentar e matar a criança. Quando se tenta remendar as coisas lá na frente tudo fica confuso porque não foi feita justiça lá atrás.

Deus ordenou na Lei dada por meio de Moisés que sequestradores e homicidas fossem mortos. Ali não diz que seriam mortos apenas se representassem ameaça de morte para o sequestrado, mas simplesmente que o fato de sequestrar já seria passível de morte. Em 1 Timóteo lemos de uma lista de iniquidades, entre elas "raptores de homens" (1 Tm 1:10).

O Livro de Deuteronômio reforça a malignidade do crime de sequestro que a legislação brasileira passou a considerar hediondo: "Se alguém for flagrado sequestrando um de seus irmãos israelitas para usá-lo como escravo ou vendê-lo por dinheiro, o sequestrador deverá morrer. Assim eliminarás o mal de teu meio." (Dt 24:7 NVI). José, em sua prisão, relata ter sido ele próprio vítima de sequestro: "Com efeito, fui sequestrado da terra dos hebreus e, mesmo aqui, nada fiz para me trancarem na prisão” (Gn 40:15 CNBB).

Até aqui apenas para o crime de sequestro, que geralmente precede um ato de pedofilia, que é abusar de uma criança indefesa. Não existe na Bíblia o termo pedofilia, mas existe no grego a palavra porneia traduzida em diferentes passagens por imoralidade ou prostituição. Seu sentido original abrange todo tipo de relação sexual ilícita, o que inclui fornicação ou sexo fora do casamento, sexo com uma pessoa casada, definido como adultério, e também incesto, homossexualismo, relação sexual com animais etc. O termo pornografia vem de porneia.

A expressão "sem afeição natural" em Romanos 1:31 e 2 Timóteo 3:3 pode ser aplicada à pedofilia, pois é totalmente antinatural um adulto desejar molestar uma criança. Sua função deveria ser sempre a de proteger a criança indefesa, e não abusar dela. Além disso existe o agravante do que Jesus disse em Mateus 18:6-7, 10:

"Qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!... Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêem a face de meu Pai que está nos céus.".

É claro que na sociedade que se considera moderna, quando os homens se acham mais sábios que Deus, a opinião é a de que o sequestrador deve ser tratado com brandura e sua reabilitação deve ser procurada. Quando se trata de pedofilia até as leis já estão sendo manipuladas para tornar isso legal ou, no máximo, um problema de saúde.

Mas quando Noé saiu da arca Deus instituiu o governo, dando ao homem autoridade para matar seu semelhante dentro da legalidade e do que era considerado crime aos olhos de Deus, inclusive abusar de uma criança, para o que a sentença do Senhor foi o afogamento com uma pedra de moinho atada ao pescoço do criminoso. "Melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar". (Mt 18:6).

Não entender isso é achar que o mundo tem conserto deixando o barco correr. Não tem, e a autoridade "é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal." (Rm 13:4). Ninguém interpretaria "espada" aí como luva de pelica para afagar bandido, ou um abraço para demonstrar apreço. Espada é uma arma mortal para ser usada quando a circunstância exigir.

Para isso existem policiais e soldados, e mesmo que não exista no Brasil pena de morte por enforcamento, fuzilamento, cadeira elétrica ou injeção letal, o policial tem poder de morte para executar um criminoso que coloque vidas em risco. Um cristão nunca deveria contestar isso sob pena de estar se opondo ao próprio Deus que instituiu a autoridade.

Alguém poderia pensar na atitude do médico que abraçou o criminoso como uma forma de se atender às passagens que dizem que devemos nos lembrar dos presos. Mateus 25:41-43 diz:

"Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me.".

Na verdade a aplicação imediata desta passagem é profética, pois Jesus está falando dos que serão presos quando acontecer a perseguição na Grande Tribulação. Mas ela não está se referindo genericamente a todos os presos e é preciso entender o contexto. Em Mateus 25 o assunto são os três grupos de pessoas que estarão na terra após o arrebatamento da igreja: "pequeninos irmãos", "ovelhas" e "bodes".

Isso tem a ver com Apocalipse a partir do capítulo 4, quando o assunto são os judeus e o mundo em geral, identificado pela chave "depois destas coisas" que tem a ver com a era pós-arrebatamento da Igreja, que foi o assunto até o capítulo 3. Então ficará no mundo um pequeno remanescente de judeus que se converterá ao seu Messias e voltará a pregar o evangelho do reino, o mesmo que era pregado nos evangelhos (hoje pregamos o evangelho da graça). Eles serão perseguidos, mas alguns irão proteger esses "pequeninos irmãos" do Senhor da perseguição de seus inimigos, dividindo a humanidade entre "pequeninos irmãos", "ovelhas" e "bodes". Nada ali indica que esteja falando de criminosos comuns.

Outra passagem que fala de presos, desta vez da era cristã, é encontrada em Hebreus 13:3: "Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos também no corpo.". Hoje existem muitos presos por sua fé em Cristo em países onde o cristianismo é proibido, como países comunistas, budistas ou islâmicos. No início do cristianismo muitos eram presos, perdiam tudo, eram torturados e mortos, os mais capazes transformados em escravos, e muitos tinham suas filhas transformadas em escravas sexuais para abastecer os bordéis romanos.

Portanto, a instrução de Hebreus 13:3 não era para presos comuns, mas para cristãos aprisionados por sua fé em Cristo. Sei que as passagens de Mateus 25 e Hebreus 13:3 são muito usadas como argumento para angariar fundos para a evangelização de presídios, mas não é disso que elas falam, pois em ambos os casos não se referem a perdidos, mas a salvos. A ordem para evangelizar não foi apenas para fazermos isso com criminosos condenados, e sim para pecadores.

Usar estas passagens como motivo de evangelização faz parecer que apenas bandidos precisam se converter, o que não é verdade. Hoje pregamos o evangelho até a cristãos nominais porque a grande maioria na cristandade professa nunca creu verdadeiramente em Cristo e nem tem a certeza de vida eterna.

por Mario Persona

Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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