https://youtu.be/yC4ZqWoFPiQ
Recebi seu texto dizendo que no vídeo "Você tem medo de quê?" e em outro chamado "O cálice da ceia deve ser apenas um?" eu mostrava que devíamos confiar no Senhor e que seria errado nos preocuparmos com contaminação. Neste último eu termina dizendo: "Assim como dependemos do Senhor para nos guardar de nos contaminarmos a nós mesmos com bilhões de bactérias que vivem em nossa boca, ou com aquelas que nos chegam pelo ar, pela água, pelos alimentos e pelas mãos, devemos depender dele também na hora de fazermos o que ele pediu: "Tomai e bebei". Se isto seria um risco tão grande assim para nós, certamente o Senhor não teria deixado a ordenança para ser celebrada do jeito que deixou: 'E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos.'".
Então você questiona a razão dessa mudança quando me vê postando vários comentários nas redes sociais para as pessoas se precaverem contra o coronavírus e até dizendo que eu mesmo decidi deixar de ir às reuniões e a participar da ceia do Senhor com esta justificativa que publiquei no Facebook: "... decidi me antecipar e não ir às reuniões onde estou congregado com os irmãos nas próximas semanas porque sou do grupo de risco: 65 anos, com um coração que mais apanha do que bate, hipertenso, e um filho com paralisia cerebral que depende de mim. Então preciso me resguardar. Já ouvi dizerem que isso é falta de fé, mas na minha opinião fazer diferente seria tentar o Senhor."
Então você questiona o que teria mudado em minha posição em relação ao que eu disse naqueles vídeos e aos comentários que agora faço sobre o coronavírus nas redes sociais.
Nada mudou, tudo o que eu disse nos dois vídeos é também o que acredito. O primeiro tinha um caráter evangelístico e o assunto principal ali era o medo da morte que assola a todo aquele que ainda não tem a Cristo como Salvador ou não está confiante e certo de sua salvação eterna. É claro que temos medo do processo da morte, da dor, da doença, do sofrimento, mas não do destino após a morte que, para o cristão, é estar com Cristo.
No segundo vídeo o assunto é o cálice da ceia, para o que encontramos na Bíblia instruções de ser figura de comunhão. Ao contrário do pão, que testifica da unidade do corpo de Cristo e não deve ser mais de um, não existe um número quanto ao cálice, mas para que expresse comunhão deve ser bebido por mais de uma pessoa.
Então na maioria das assembleias reunidas ao nome do Senhor, quando a assembleia é pequena, é usado um só cálice do qual todos bebem ou dois ou mais quando há um número grande de pessoas. Mas mesmo assim os irmãos são instruídos a que o cálice deve ser primeiro dado a irmãos que estão passando por algum tratamento que reduza sua imunidade, como câncer, e quem estiver resfriado deve pedir para ser o último a beber. Desprezar estes avisos é faltar com o amor para com o próximo.
Onde congrego usamos dois cálices, mas já participei de reuniões com muita gente onde foram utilizados quatro cálices. A expressão da comunhão é demonstrada pelo compartilhamento (ou cálice em comum, o que indica comunhão). Então, tecnicamente falando, não haveria problema em numa assembleia com cem pessoas usar cinquenta cálices bebidos de dois em dois para expressar a comunhão. A maior parte daquele texto e vídeo é para explicar os fundamentos bíblicos do que estou dizendo, portanto sugiro que volte lá ou clique neste LINK para conferir as passagens bíblicas.
Tudo o que eu disse no vídeo sobre o cálice sobre a possibilidade de contaminação é que ela existe normalmente o tempo todo, e não é por beber num mesmo cálice que você vai morrer das muitas doenças que circulam por aí há milênios. Vírus e bactérias estão em tudo, no dinheiro que você conta, na colher com a qual você se serve no restaurante por quilo, na barra onde você se pendura na condução. Dessas coisas os micróbios passam para suas mãos e ficam ali de tocaia até você levá-las à boca, aos olhos ou ao nariz.
Lembro de um irmão que viajou à Bolívia de trem nos anos oitenta, e contou que numa parada do trem já naquele país vinham vendedores oferecer comida e bebida para as pessoas nas janelas do trem. A vendedora de suco de laranja passava com um jarro e uma caneca da qual todos bebiam. Imagine um trem de gente bebendo de uma mesma caneca e você tem uma ideia de como não somos tão facilmente assim contaminados pelos micróbios que já estão em nosso prontuário.
Portanto o que eu digo no vídeo já era o que os médicos estão dizendo agora sobre tudo contaminar, isto é, que contaminação se dá principalmente por qualquer contato das mãos. Então em condições normais estamos sendo o tempo todo contaminados por alguma doença, seja bebendo de um cálice ou não, e não deveríamos transformar isso numa paranoia que nos impedisse de viver.
No restaurante por quilo você pega no talher de cabo grudento que todo mundo pegou para se servir e depois pega no pão ou tira com a unha um fiapo de bacalhau dos dentes. O vírus de uma gripe ou a bactéria de alguma doença já entrou em você, mas como isso acontece o tempo todo é provável que já tenha anticorpos para aquela doença. Todos os dias no ônibus ou metrô respiramos bacilos de tuberculose, mas apenas alguns pegam a doença.
Então o que teria mudado para eu parecer tão preocupado com o coronavírus e publicar tantos alertas nas redes sociais? O que mudou foi que o assunto agora é outro por três motivos. Primeiro, porque este é um vírus novo que passou os últimos milênios no organismo de um animal (ou teria sido criado em laboratório na opinião de alguns), para o qual ninguém ainda tem anticorpos. A falta de conhecimento, aviso e prevenção foi o que levou à morte a maioria dos mortos do acidente de Chernobyl e seus desdobramentos. A contaminação radioativa não era visível e muita gente achou lindo ficar olhando para aquelas luzes no céu ou brincar com a "neve" de cinzas que caía.
A segunda razão para eu entrar em estado de alerta por causa do coronavírus é que agora estamos falando de uma pandemia, uma epidemia generalizada e sem controle que faz o mundo parar, como este vírus já fez. Então entenda que nos vídeos em que falei que não devemos nos preocupar porque estamos todos sendo contaminados por vírus e bactérias o tempo todo, eu disse aquilo falando de como agir tempo de paz, quando não precisamos deixar de sair às ruas para caminhar e nem ficamos calculando se teremos comida por mais uma semana.
Agora estou tratando do assunto em tempo de guerra, quando você não sai à rua para evitar ser morto pelo tiroteio que acontece lá fora e procura fazer um inventário do que tem para comer enquanto durar a batalha que acontece ali na frente de sua casa. Ou será que você continuaria a viver normalmente e levar seus filhos passear com o tiroteio comendo solto na rua de sua casa? Seria isto confiar no Senhor ou tentar o Senhor.
Em terceiro lugar o que também mudou foi que o sistema de saúde não comporta uma demanda repentina de pessoas que precisam ser internadas em UTIs para serem entubadas. Os médicos estão alertando que que este é o perigo maior, e não o vírus que é menos letal que muitos outros que vivem por aí em tempos não epidêmicos. É uma situação atípica, uma situação de guerra, e o que eu disse nos vídeos que você mencionou é para condições normais, para um tempo de paz.
O primeiro vídeo que você citou, que é evangelístico, é dirigido principalmente aos que ainda não têm a certeza da salvação eterna pela fé em Cristo e têm medo de morrer, um medo real e imediato. O segundo é sobre o medo sem fundamento de participar de um único cálice na ceia do Senhor, já que estamos o tempo todo cercados de micróbios que entram em nosso organismo e são atacados pelos exércitos de leucócitos, nosso exército de protetores do corpo.
No primeiro vídeo eu falei sobre o medo exagerado e sem fundamento das pessoas que, em tempos de paz, armazenam comida e armas e vivem em bunkers esperando sobreviver a uma guerra atômica que nunca acontece. Mencionei até um documentário que vi na Netflix sobre esses "sobrevivencialistas". O assunto agora com o coronavírus é uma guerra em andamento, e se você escutou com atenção eu também digo lá que, quando sabemos de algum risco, não devemos tentar ao Senhor. Lá eu disse:
"O Salmo 56:11 diz: 'Em Deus tenho posto a minha confiança'. Não nas armas! É claro que colocamos grades nas janelas; fazemos seguro do carro; instalamos antivírus no computador, tudo bem até aí, porque sabendo que tem um perigo imediato, nós cuidamos para não tentarmos a Deus. Não vou atravessar um beco numa rua escura, pois sei que ali pode ter criminosos, vou escolher uma rua iluminada. — Ah, vou pela escura que Deus vai me guardar! — Você vai pular do telhado? — Sim, Deus vai me guardar! — Isso é tentar a Deus! Há coisas que podemos fazer e fazemos, para nossa proteção, mas em Deus tenho posto a minha confiança, não temerei o que me possa fazer o homem. Assim deveria ser a vida de todo ser humano, e assim é o cristão, isto é prometido a ele. Jó 13:14 nos mostra que Jó foi um homem que recebeu ataques de todos os lados e no meio do seu sofrimento, da sua angústia, ele diz: 'Por que razão tomarei eu a minha carne com os meus dentes, e porei a minha vida na minha mão? Ainda que ele me mate, nele esperarei; contudo os meus caminhos defenderei diante dele'. 'Ainda que Ele me mate', ou seja, ainda que possa me acontecer o pior, continuarei confiando em Deus. Esta é a confiança de uma pessoa que conhece realmente o verdadeiro amor.".
Para a situação atual, em que vivemos no epicentro de uma guerra mundial contra um vírus que até ontem não nos atacava, existe um outro fator que é o amor ao próximo. Se eu conheço os riscos de contaminação e sei de como evitá-la e transmiti-la, se também sei que existe um grupo de risco de pessoas idosas e com problemas de saúde que podem morrer se forem infectadas, por que eu seria tão leviano e inconsequente ao tratar deste assunto?
Alguns costumam me alertar para o fato de eu ser um formador de opinião, um "influenciador digital", e que por isso deveria ter cuidado com o que digo. É claro que a responsabilidade é grande e procuro ter esse cuidado, mas às vezes usam do argumento de maneira equivocada, como se formadores de opinião só pudessem formar opiniões que já tivessem sido formadas e fossem de consenso entre seus ouvintes.
Portanto, se eu conheço o perigo de uma pandemia, que envolve não só um vírus mas a falta de capacidade do sistema de tratar dos infectados, e quero agir com amor para com o meu próximo, por que correria o risco de me transformar numa bomba biológica capaz de levar doença e morte alguém que faça parte do grupo de risco? Se numa situação de total descontrole do sistema de saúde por excesso de demanda no pico da epidemia eu continuar zanzando por aí como se nada estivesse acontecendo, como um "homem-bomba" no meio da multidão, estarei sendo inconsequente, o que nunca deve ser o modo de um cristão agir.
Como os médicos têm alertado, este é apenas mais um vírus que entrou na humanidade e vai continuar por aí por muito tempo. É menos mortal que muitos outros com os quais já convivemos há milênios, mas a questão é que pessoas morrerão mais por falta de atendimento pelo colapso do sistema de saúde do que pela doença. Publiquei uma imagem dos primeiros europeus chegando nas Américas com a seguinte mensagem:
"É melhor ir se acostumando porque eu e você teremos o COVID-19 ou coronavírus. Quando os europeus chegaram aqui a gripe comum matou milhares de índios sem resistência ao vírus desconhecido. Quem não morreu criou resistência. Eu e você seremos contaminados pelo coronavírus como os índios foram pela gripe. Uns morrerão, outros serão imunizados. O melhor é você adiar sua contaminação. Isto significa não sair de casa nas primeiras semanas da onda de contágio, nem tanto por causa do vírus, mas sim da falta de capacidade do sistema de saúde de atender a demanda inicial da epidemia. Aconselho para que deixe para pegar o coronavírus daqui a alguns meses".
"O prudente vê o mal e esconde-se; mas os simples passam adiante e sofrem a pena... O prudente vê o mal e esconde-se; mas os simples passam adiante e sofrem a pena." (Pv 22:3; 27:12)
por Mario Persona
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)