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Vocês evangelizam de dois em dois?



https://youtu.be/DLmi9frDTUk

Você perguntou se eu faço parte de um grupo de pessoas que se reúnem em suas casas, levam a palavra so Senhor Jesus às pessoas de dois em dois que são por eles chamados de "servos e servas". Eu mesmo estou congregado somente ao nome do Senhor, mas não faço parte de movimentos do tipo "igreja em casa", mesmo porque os irmãos com os quais tenho comunhão em todo o mundo congregam não só em casas, mas em garagens, escritórios, escolas, salões e eventualmente debaixo de uma árvore se for o caso.

Também não existe essa ideia de evangelismo de dois em dois, mesmo porque isso aí foi algo temporário que o Senhor ordenou aos seus discípulos judeus e para levarem o Evangelho do Reino exclusivamente a judeus, e não a gentios. O objetivo daquela missão era preparar as cidades que Jesus visitaria depois, numa alusão profética à vinda de Cristo como Rei para reinar na terra. Isso foi feito com os doze apóstolos e também com setenta discípulos.

"Jesus enviou estes doze e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel; e, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino dos céus." (Mt 10:5-7).

"E, depois disso, designou o Senhor ainda outros setenta e mandou-os adiante da sua face, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir." (Lc 10:1).

Hoje os crentes em Cristo não são judeus, são Igreja, e levam o evangelho de todas as maneiras em todos os lugares, sem precisarem ser mandados por alguém para fazerem isso. Embora aquelas ordens fossem temporárias e num contexto dos discípulos ali como figura do remanescente de judeus que se levantará após o arrebatamento da Igreja, existem algumas coisas que podemos aprender do modo como o Senhor enviou os seus a evangelizar.

Primeiro, a ideia de serem de dois em dois nos fala de um testemunho suficiente, pois 2 Coríntios 13:1 diz que "Por boca de duas ou três testemunhas, será confirmada toda palavra.". Mas considerando que hoje o dom é individual, isso não deveria ser limitante para o cristão, uma vez em que podem existir situações em que ele esteja sozinho e diante de uma grande oportunidade de evangelizar. De qualquer modo ele não estará sozinho pois terá sempre o Espírito Santo consigo.

Já as ações feitas pela assembleia dos santos reunidos ao nome do Senhor, estas sim convém que sejam feitas por no mínimo dois irmãos ou em alguns casos um casal. Isso vale para a administração do dinheiro das coletas, as visitar no caráter sacerdotal para um irmão que caiu em pecado (quando é uma irmã, o correto é que um casal faça esse trabalho) etc. Se alguém achar estranho que irmãs sejam participantes de algumas dessas ações é bom lembrar do trabalho de Priscila e Áquila e também do que Paulo escreve em 1 Coríntios 9:5: "Não temos nós direito de levar conosco uma mulher irmã, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?".

Voltando à passagem de Lucas 10, ali diz: "Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que [ele] envie obreiros para a sua seara." (Lc 10:2). Isto nos ensina que o evangelismo não é uma atividade de uma igreja ou denominação, pois o obreiro que evangeliza é enviado pelo Senhor que é o dono da seara, e não por homens ou instituições missionárias. É o Senhor, e não uma instituição, quem supre obreiros para sua seara, e estes devem ter a oração sempre presente em seu trabalho. "Rogai", primeiro, depois "ao Senhor, para que [ele] envie".

O texto segue dizendo que não será uma tarefa fácil, pois os que evangelizam serão "como cordeiros ao meio de lobos" (Lc 10:3). Então não espere aplausos ou tapinhas nas costas por estar evangelizando. Aliás, desconfie quando isso acontecer, porque provavelmente vem de gente acostumada a louvar a homens, ou daqueles que querem aproveitar para tirar uma casquinha de oportunidade ou lucrar em cima de seu trabalho.

Nos sistemas religiosos é quase uma norma a "rasgação de seda" em cima dos que pregam, ou mesmo dos recém chegados, com falsas profecias do tipo "Deus tem uma grande obra para você!". Isso fazem também os espíritas quando dizem que você é médium e precisa "desenvolver", mas é apenas uma técnica para o noviço não ir embora. É como aplicar esteroides para o ego, e um cristão espiritual sabe discernir isso facilmente.

O versículo 4 diz "não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias; e a ninguém saudeis pelo caminho", e isso nos fala de não esperarmos por recursos abundantes (bolsa), nem segurança contra perigos (alforje), nem conforto (sandálias). É trabalho duro e se alguém pensa em enriquecer ou ser aplaudido por isso está no caminho errado ou com a intenção equivocada. Paulo descreve o que motivava ele e outros nesse trabalho assim:

"Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo: na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros; como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo e eis que vivemos; como castigados e não mortos; como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo e possuindo tudo." (2 Co 6:4-10).

Seu objetivo não deve ser prosperar com isso, mas sim trazer prosperidade espiritual aos outros, como fez Jesus: "Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que, pela sua pobreza, enriquecêsseis." (2 Co 8:9).

Na sequência vem que aquele que leva o evangelho deve aceitar a hospitalidade dos que apreciam sua mensagem, e não ficar escolhendo onde ficar com maior conforto. O cristão também não deve recusar quando lhe for oferecido algum alimento. É triste encontrarmos cristãos que pautam sua vida pela comida, portanto a menos que você seja alérgico a certos alimentos, como aqueles que contêm açúcar, lactose etc., não existe qualquer base bíblica para rejeitar comer carne ou beber vinho quando isso lhe for oferecido onde estiver hospedado.

"E, em qualquer casa onde entrardes, dizei primeiro: Paz seja nesta casa. E, se ali houver algum filho de paz, repousará sobre ele a vossa paz; e, se não, voltará para vós. E ficai na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem, pois digno é o obreiro de seu salário. Não andeis de casa em casa. E, em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei do que vos puserem diante." (Lc 10:5-8).

Mas o uso da passagem originalmente dita a judeus como figura para os que hoje são Igreja tem um limite. A interpretação primeira ali não é para a Igreja, como já expliquei no início, mas para os discípulos quando Jesus esteve no mundo anunciando que o reino era vindo, pois ele, o Rei, estava no meio deles. Também vale para o que acontecerá depois do período da Igreja que termina com seu arrebatamento.

Nos cerca de sete anos seguintes ao arrebatamento alguns judeus que se converterão então sairão pela terra pregando o evangelho do reino, isto é, anunciando que o Rei está à porta, vindo para julgar as nações. Portanto as maldições nos versículos seguintes da passagem de Lucas, falando de cidades impenitentes, Corazim, Betsaida, Cafarnaum etc., estão dentro de um contexto judaico e estão relacionadas ao estabelecimento do Reino de Cristo na terra.

No tempo presente o cristão não deve rejeitar qualquer cidade ou população ao levar a mensagem de salvação, porque não pregamos o evangelho do Reino como eles pregavam e o remanescente de judeus convertidos pregará, pois eles preparavam o povo para viver no reino na terra. Pregamos o evangelho da graça que tem por objetivo resgatar pessoas para irem morar eternamente no céu, não na terra.

por Mario Persona

Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional www.mariopersona.com.br. Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.
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