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Você perguntou o que o apóstolo quis dizer com a expressão "o corpo é de Cristo" na passagem de Colossenses 2:16 e se ele estaria falando da Igreja. Vamos ler a passagem e o contexto: "Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo. Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão." (Cl 2:16-18).
Algumas outras versões da Bíblia podem dar um entendimento melhor desta passagem, isto porque a versão Almeida causa um pouco de confusão. A palavra "corpo" aí não é uma alusão à Igreja, mas à realidade que produz a sombra, ou seja, ao próprio Cristo. Veja o mesmo texto em outras versões que substituem "o corpo" por "a realidade". Como o assunto são as sombras, poderíamos também dizer que "a coisa em si é Cristo":
"Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. A realidade é Cristo." (Bíblia Ave Maria)
"Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo." (NVI)
"Tudo isso é apenas sombra daquilo que devia vir. A realidade é Cristo." (Pastoral)
O apóstolo vinha falando de cinco coisas que tinham leis ou regras atreladas a elas na Lei dada a Moisés: comida, bebida, dias de festa, lua nova e sábados e de como essas coisas não eram mais para serem aplicadas ao cristão. Então, ao concluir dizendo que eram "sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo", ele está querendo dizer que o cerne, objeto ou substância ou cumprimento dessas coisas é Cristo. Então essa palavra "corpo" que aparece aí não tem a ver com a Igreja.
Pense em corpo como o objeto sólido que produz a sombra. Se você coloca uma caneca entre uma lâmpada e a parede, a sombra da caneca será projetada na parede, isto é, o "corpo" que produz aquela sombra é a caneca. Do mesmo modo, o objeto sólido e real (falo com reverência) que produzia aquelas sombras na Lei dada a Moisés era Cristo.
H. Smith comenta:
"Havia muitos entusiastas judaizantes que os levavam a tarefas quanto à observância ou não observância das ordenanças, mas eles não deveriam ser influenciados por eles e nem prestar atenção neles. São especificadas cinco classes de ordenanças, aquelas relacionadas à carne, bebida, festas, novas luas, sábados. Essas coisas são todas as sombras do que está por vir, como também nos é dito na epístola aos hebreus, mas o corpo - isto é, a substância - é de Cristo." (Hamilton Smith).
W. Macdonald:
"As observâncias religiosas judaicas eram uma sombra do que estava por vir, mas a substância (ou corpo) é de Cristo. Eles foram instituídos no AT como uma pré-imagem. Por exemplo, o sábado foi dado como um tipo de descanso que seria a parte de todos os que creram no Senhor Jesus Cristo. Agora que o Senhor Jesus veio, por que os homens deveriam continuar ocupados com as sombras? É o mesmo que estar ocupado com uma imagem quando a própria pessoa retratada está presente." (William Macdonald).
F. W. Grant:
"O apóstolo os adverte agora que devem manter firme a Cabeça e, por isso, abandonar as ordenanças da lei e tudo o mais que os acabaria afastando da plenitude que tinham em Cristo. Ninguém deveria ser julgado em relação à carne ou bebida, festas, novas luas ou sábados. Todas essas coisas necessariamente estavam relacionadas à obrigação das ordenanças. Essas coisas eram, em si mesmas, uma mera sombra do que estava por vir. O corpo, isto é, a substância delas, estava em Cristo." (F. W. Grant).
W. Kelly:
"Agora chega a virada prática à qual o apóstolo aplica isso. "Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.". (Cl 2:16-17). Um cristão que conhece a vitória de Cristo para nós certamente não deve aceitar a ideia de voltar a essas formas elementares de se praticar o bem. Ele irá se agarrar à sua atual posição em Cristo irá agir de maneira consistente com ele. Quanto a comer, beber ou ordenanças relativas ao ano, mês e semana (e o Apóstolo toma cuidado especial para falar não apenas de banquete ou lua nova, mas também de sábado), lembre-se de que essas coisas nada mais faziam que prefigurar o corpo ou o bem substancial que realmente só pode ser encontrado em Cristo. De fato, esses tempos e estações apontam principalmente para o que Deus irá eventualmente dar ao Seu povo.
A lua nova era um tipo notável de Israel sendo renovado após desaparecer, pois o sábado era o tipo do descanso de Deus que Ele ainda irá desfrutar e compartilhar. Mas quer fossem elas ofertas de paz ou bebida ou festas em geral, elas estavam conectadas como a sombra do que está por vir; mas o corpo é de Cristo. Isto é o que temos aqui: O judeu tinha a sombra, e ele terá eventualmente as coisas reais que virão pela graça de Deus sob a nova aliança. Nós recebemos a substância de Cristo agora. É uma questão aqui dos dias judaicos. O dia do Senhor não tem nada a ver com o judaísmo; não está apenas à parte do judaísmo, mas em contraste com esse sistema.
Não é exatamente dito que o corpo é Cristo. Dizem que "o Senhor é esse espírito", não aquele corpo que estava dentro da letra da lei. "O corpo" é usado em contraste com "a sombra". Não há substância na sombra, mas temos o corpo que é de Cristo. A dupla ideia é que, enquanto a substância é dEle, Ele é o espírito por trás de tudo isso. O versículo 16 trata principalmente de um caráter judaizante do mal; mas o versículo 18 vai mais longe e mostra uma espécie de curiosidade para o invisível, não tanto o uso religioso ou mau uso do visível, que era a armadilha judaica, mas a intromissão na filosofia, especialmente dos orientais. Havia uma grande aparência de humildade em tudo isso, como sempre existe em sistemas falsos." (William Kelly).
Mario Persona é palestrante e consultor de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional (www.mariopersona.com.br). Não possui formação ou título eclesiástico e nem está ligado a alguma denominação religiosa, estando congregado desde 1981 somente ao Nome do Senhor Jesus. Esta mensagem originalmente não contém propaganda. Alguns sistemas de envio de email ou RSS costumam adicionar mensagens publicitárias que podem não expressar a opinião do autor.)